OLYMPIO COUTINHO
Belo Horizonte/MG
Olhando o escorregador,
palco da infância sem pressa,
filosofa o trovador:
- "Os anos passam depressa..."
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Poema do Folclore Brasileiro de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Cobra Grande
Nas águas profundas um mito se manifesta,
Cobra Grande, guardiã dos rios a bradar,
com escamas reluzentes, um poder na floresta,
nos contos do povo sua lenda a ecoar.
Dizem que em seu ventre há um tesouro brilhante,
mas cuidado, viajante, ao lhe desafiar,
pois sua fúria é vasta, e a fome bastante,
aquele que ignora o seu reino, sem respeitar.
No espelho da água seu olhar a brilhar,
protege a natureza, o lar preservando,
e em cada sussurro, um aviso a soar,
que no seio das matas, há vida pulsando.
Cobra Grande, a sombra, um eterno mistério,
entre lendas e medos, um poder etéreo.
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Trova de
PAULO WALBACH PRESTES
Curitiba/PR, 1945 – 2021
Sou pura saudade quando,
vejo na fotografia,
a minha mãe me abraçando
na mais total alegria!
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Soneto de
EUCLIDES DA CUNHA
Cantagalo/RJ, 1866 – 1909, Rio de Janeiro/RJ
Amor algébrico
Acabo de estudar — da ciência fria e vã,
O gelo, o gelo atroz me gela ainda a mente,
Acabo de arrancar a fronte minha ardente
Das páginas cruéis de um livro de Bertrand.
Bem triste e bem cruel decerto foi o ente
Que este Saara atroz — sem aura, sem manhã,
A Álgebra criou — a mente, a alma mais sã
Nela vacila e cai, sem um sonho virente.
Acabo de estudar e pálido, cansado,
Dumas dez equações os véus hei arrancado,
Estou cheio de spleen, cheio de tédio e giz.
É tempo, é tempo pois de, trêmulo e amoroso,
Ir dela descansar no seio venturoso
E achar do seu olhar o luminoso X.
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Trova de
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE
Tem Poeta nesta terra
que seus versos dão prazer
de lê-los, pois ele encerra
numa Trova o seu dizer!
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Soneto de
THALMA TAVARES
São Simão/SP
Pecados
Eu tenho pecados, e muitos, não nego.
Só Deus é quem sabe das culpas que expio,
dos erros, das faltas que eu triste carrego,
que o sono me roubam, por noites a fio.
Porque aos teus braços me atiro, me entrego,
minha alma anda triste qual planta no estio.
Mas Deus é culpado, se não me fez cego
à rara beleza do teu corpo esguio.
Não sei de pecados, mais doces, mais quentes
que a luz de teus olhos, teus lábios ardentes,
que enchem minha alma de sol e calor.
Mas tenho certeza que os nossos pecados,
por muitos que sejam, já estão perdoados,
pois não é pecado pecar por amor.
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Como quem faz uma prece,
braços erguidos se abrindo,
a borboleta parece
um anjo da paz dormindo!
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Soneto de
MANUEL BANDEIRA
Recife/PE (1886 – 1968) Rio de Janeiro/RJ
Peregrinação
Quando olhada de face, era um abril.
Quando olhada de lado, era um agosto.
Duas mulheres numa: tinha o rosto
Gordo de frente, magro de perfil.
Fazia as sobrancelhas como um til;
A boca, como um o (quase). Isto posto,
Não vou dizer o quanto a amei. Nem gosto
De me lembrar, que são tristezas mil.
Eis senão quando um dia... Mas, caluda!
Não me vai bem fazer uma canção
Desesperada, como fez Neruda.
Amor total e falho... Puro e impuro...
Amor de velho adolescente... E tão
Sabendo a cinza e a pêssego maduro...
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Trova de
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN
A “solidão” me parece,
ser um conforto sem fim…
quando um grande amor me esquece;
“Ela” se lembra de mim.
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Soneto de
ANTÔNIO OLIVEIRA PENA
Volta Redonda/RJ
Em dias de um abril
Andar contente, em dias de um abril,
pelas campinas verdes recendendo;
olhar-lhes as flores e as ir colhendo,
debaixo deste claro céu de anil...
Beber da água fresca de um cantil;
provar frutos silvestres, revivendo
a infância mágica; e ir percorrendo
caminhos que se perdem, pueril.
Descansar de um arbusto à sombra amena;
sentir no vento o cheiro da açucena;
e assim ficar, despreocupado, em paz —
enquanto brilha, arde o sol, a pino,
e alegre canta o riacho cristalino
à sombra destas matas tropicais!
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/ RS, 1932 – 2013, São Paulo/ SP
Assim que começa o dia,
envolto em profundo enlevo,
sinto o cheiro da poesia
em cada verso que escrevo.
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Hino de
ANGICOS/RN
Salve Angicos cidade pioneira
Cujos nomes de heróis se proclamou
O teu solo regado com o sangue
Dos teus filhos que aqui os procriou.
(bis)
Angicanos predestinados
Coração e alma varonil
Conquistaste a glória
Cantarás vitória
Sempre de pé pelo Brasil.
Angicanos soldados centro norte
Artilheiros cidade cidadãos
Para nós o teu nome
É uma bandeira
A bandeira da nossa redenção
Deus bem quis que marcada tu ficastes
Grandes nomes ilustres no Brasil
Caminhai e cantai com alegria
Aos teus filhos que aqui te consagrou
Juventude forte e varonil.
(bis)
Angicanos predestinados
Coração e alma varonil
Conquistaste a glória
Cantarás vitória
Sempre de pé pelo Brasil.
Agricultores, operários e doutores
Batalharam com coragem e amor
Nós que queremos neste dia exaltar
Todos eles que lutaram com fervor.
(bis)
Angicanos predestinados
Coração e alma varonil
Conquistaste a glória
Cantarás vitória
Sempre de pé pelo Brasil.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP
Com ousadia me olhaste,
ousada eu correspondi.
Com loucura me abraçaste
e o resto eu juro, nem vi!
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Soneto de
HEGEL PONTES
Juiz de Fora/MG (1932 – 2012)
Duas chamas
Qual monge recolhido em sua cela,
Rezando a derradeira Ave-Maria,
Estava só e apenas uma vela
Velava a minha noite de agonia.
Eu contemplava a ardente sentinela
Que em vigília também se consumia,
E percebia uma oração singela,
No declínio da chama fugidia…
… Agora é madrugada e, por um fio,
Duas chamas de vida em decadência
Vacilam e se apagam no vazio.
E apenas uma, ao fim da claridade,
Caindo no vazio da existência,
Ressurge no esplendor da eternidade.
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Trova de
ANTONIETA BORGES ALVES
São Paulo/SP
- Renda? Imposto? - Está brincando!
Sou pobre, sou trovador...
Eu faço, de quando em quando,
só declaração de amor!
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