EDY SOARES
Vila Velha/ES
A DESCONHECIDA
De onde ela veio os riscos eram poucos;
cais de sossego e amores comedidos…
porto seguro…, mas de ouvidos moucos
aos seus anseios, sempre preteridos.
Um dia, enfim, nos descobrimos loucos,
incendiando instintos escondidos
e nos amando entre os gemidos roucos
das feras que contêm suas libidos.
Aos poucos pude ver que descobrimos
detalhes tão comuns de um sonho imenso,
motivos pelos quais nós nos unimos…
E agora a vejo triste e dividida
entre as surpresas deste amor intenso
e o porto que acolheu a nau transida!
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Trova de
ARCHIMIMO LAPAGESSE
Florianópolis/SC (1897 – 1966) , Rio de Janeiro/RJ
A Esperança se revela
em coisa bem natural:
um sapato na janela
numa noite de Natal!...
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Poema de
CARLOS LÚCIO GONTIJO
Santo Antônio do Monte/MG
ORAÇÃO DOS CASAIS
Meu bem, sei que Deus protege os casais
Semeia trigais de ternura na pele
Para que o amor sele as marcas da procura
Então, na hora em que a gente for dormir
Façamos jus aos cuidados do Senhor
Por favor, acenda-me quando apagar a luz!
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Trova de
JORGE FREGADOLLI
Maringá/PR
Feliz quem desde menino,
pela boa educação,
do trabalho faz um hino
e da vida uma canção!
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal
O TEU ROSTO DE SAL NA PRAIA VÃ
(José Charles González in "Cem Sonetos Portugueses", p. 148)
O teu rosto de sal na praia vã
Filtrava a luz do sol nesse cristal
E lá do sul, subindo o areal
Vinha a lua dizer que é tua irmã.
Sendo a razão de ser desta manhã
Silhueta esculpida num vitral
Serias Virgem numa catedral
Se não tivesses já coroa de romã.
És sereia que o mar azul trouxesse
Uma rosa de orvalho que amanhece
E, por milagre, a Terra iluminasse.
És aragem lembrando borboleta
Vestida de amarelo, azul, violeta
E que ao bater das asas nos deixasse.
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
O amor, ao termo da vida,
deixa na pauta apagada
uma só nota sentida,
canto de cisne... mais nada.
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Soneto de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP
ROSAS LOUCAS
A rosa louca é a rosa mais singela
de todas as rosas, mas é bela
porque nasce nas cercas, nos caminhos
e conta menos flores do que espinhos.
A rosa louca é a rosa mais plebeia
dentre todas as rosas, traz à ideia
a moçoila do bairro, tão bonita
com vestidos de cor, feitos de chita.
A rosa louca é a rosa que se olha
sem tirar do pé, porque desfolha;
ela pede perdão de não ter graça;
desponta, desabrocha, encanta... e passa.
Estas rosas são breves e são poucas,
como o riso feliz em nossas bocas…
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN
Enquanto a ciência avança,
fato novo se descobre…
E o fruto do que se alcança
torna a ciência mais nobre.
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Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP
ELOGIO AO SONETO
No meu viver de agitação, proscrito,
eu busco a paz para escrever um verso
e de alma pura, coração contrito,
procuro a melhor rima do Universo.
O desespero aperta, estou aflito…
Como escrever num mundo tão perverso?
A inspiração me acode com um grito,
e o meu soneto nasce, incontroverso…
Ao verbo de Camões me fiz escravo.
em busca da palavra me fiz bravo,
para dar ao soneto nova aurora…
Que o pavilhão tremule lá na praça,
e brilhando, qual pérola sem jaça,
reine o soneto pelo mundo afora!
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Enquanto os olhos acusam
o desespero de amar,
as nossas vidas se cruzam
como dois barcos no mar!
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Soneto de
MIGUEL RUSSOWSKY
Santa Maria/RS (1923 – 2009) Joaçaba/SC
ORAÇÃO DO POETA
– Que me darás, Senhor, pela jornada
de dores, privações e misereres?
– Eu te darei a noite salpicada
de estrelas e silêncio. Que mais queres?
– E para a solidão da madrugada?
– Já fiz o mundo cheio de mulheres.
procura e encontrarás a tua amada.
Faz os mais lindos versos que puderes.
– Mas como irei, Senhor, reconhecê-la?
– Há no céu, entre todas, uma estrela
que apenas tu verás. Que mais perguntas?
– E este frio e esta angústia que ora sinto?
– Quando ela penetrar em teu recinto
a primavera e a paz hão de vir juntas.
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Trova de
MIFORI
São José dos Campos/SP
Que seus passos jamais meçam
a distância da amizade;
nossas vidas recomeçam
sem a curva da saudade.
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Cantiga Infantil de Roda
PEZINHO
Ai bota aqui
ai bota ali
o teu pezinho
O teu pezinho
bem juntinho
com o meu
Ai bota aqui ai bota ali
o teu pezinho
O teu pezinho o teu pezinho
ao pé do meu
E depois não vá dizer
que você já me esqueceu
E depois não vá dizer
que você já me esqueceu
E no chegar deste teu corpo,
uma abraço quero eu
E no chegar deste teu corpo,
uma abraço quero eu
Agora que estamos juntinhos,
da cá um abraço e um beijinho
Agora que estamos juntinhos,
da cá um abraço e um beijinho
E depois não vá dizer
que você já me esqueceu
E depois não vá dizer
que você já me esqueceu
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Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO
Teu coração bem amado,
é de tão grande doçura,
que se fosse esquartejado
parecia rapadura.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
O PORTÃO E O VENTO
Num piscar de olhos
Distancia-se o pensamento,
Busco encontrar-te
Em cada folha do Plátano
E pétalas de rosa que guardei...
Imagino que esteja próximo a esquina
Vindo em minha direção,
Mas, num piscar de olhos.
Você retorna aos meus sonhos,
E o portão abre-se com o vento...
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