terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Eça de Queiros (O Mandarim) Parte 7


O sonho de Vladimira era habitar Paris; e fazendo ferver delicadamente as folhas de chá, pedia-me histórias ladinas de cocottes, e dizia-me o seu culto por Dumas filho...

Eu arregaçava-lhe a larga manga do casabeque de seda cor de folha morta, e ia fazendo viajar os meus lábios devotos pela pele fresca dos seus belos braços; – e depois sobre o divã, enlaçados, peito contra peito, num êxtase mudo, sentíamos as lâminas de cristal ressoar eolicamente as pegas azuis esvoaçarem pelos plátanos, o fugitivo ritmo do arroio corrente...

Os nossos olhos humedecidos encontravam às vezes um quadro de cetim preto, por cima do divã, onde em caracteres chineses se desenrolavam sentenças do Livro Sagrado de Li-Nun «sobre os deveres das esposas». Mas nenhum de nós percebia o chinês... E no silêncio os nossos beijos recomeçavam, espaçados, soando docemente, e comparáveis (na língua florida daqueles países) a pérolas que caem uma a uma sobre uma bacia de prata... – Oh suaves sestas dos jardins de Pequim, onde estais vós? Onde estais, folhas mortas dos lírios escarlates do Japão?...

Uma manhã, Camilloff, entrando na Chancelaria, onde eu fumava o cachimbo da amizade de companhia com Meriskoff, atirou o seu enorme sabre para um canapé, e contou-nos radiante as notícias que lhe dera o penetrante príncipe Tong. – Descobrira-se enfim que um opulento mandarim, de nome Ti Chin-Fu, vivera outrora nos confins da Mongólia, na vila de Tien-Hó! Tinha morrido subitamente: e a sua larga descendência residia lá, em miséria, num casebre vil...

Esta descoberta, é certo, não fora devida à sagacidade da burocracia imperial – mas fizera-a um astrólogo do templo de Faqua, que durante vinte noites folheara no céu o luminoso arquivo dos astros...

– Teodoro, há-de ser o seu homem! – exclamou Camilloff.

E Meriskoff repetiu, sacudindo a cinza do cachimbo:

– Há-de ser o seu homem, Teodoro!

– O meu homem... – murmurei sombriamente.

Era talvez o meu homem, sim! Mas não me seduzia ir procurar o meu homem ou a sua família, na monotonia de uma caravana, por essas desoladas extremidades da China!... Depois desde que chegara a Pequim, eu não tornara a avistar a forma odiosa de Ti Chin-Fu e do seu papagaio. A Consciência era dentro em mim como uma pomba adormecida. Certamente, o alto esforço de me ter arrancado às doçuras do bulevar e do Loreto, de ter sulcado os mares até ao Império do Meio, parecera à Eterna Equidade uma expiação suficiente e uma peregrinação reparadora. Certamente Ti Chin-Fu, acalmado, recolhera-se com o seu papagaio à sempiterna Imobilidade... Para que iria eu, pois, a Tien-Hó? Porque não ficaria ali, naquele amável Pequim, comendo nenúfares em calda de açúcar, abandonando-me às sonolências amorosas do Repouso Discreto, e pelas tardes azuladas, dando o meu passeio pelo braço do bom Meriskoff, nos terraços de jaspe da Purificação ou sob os cedros da Templo do Céu?... 

Mas já o zeloso Camilloff, de lápis na mão, ia marcando no mapa o meu itinerário para Tien-Hó! E mostrando-me, num desagradável entrelaçamento, sombras de montes, linhas tortuosas de rios, esfumados de lagoas:

– Aqui está! O meu hóspede sobe até Ni Ku-Hé, na margem do Pei-Hó... Daí, em barcos chatos, vai a My-Yun. Boa cidade, há lá um Buda vivo... Daí, a cavalo, segue até à fortaleza de Ché-Hia. Passa a Grande Muralha, famoso espectáculo!... Descansa no forte de Ku Pi-Hó. Pode lá caçar a gazela. Soberbas gazelas... E com dois dias de caminhada está em Tien-Hó... Brilhante, hem?... Quando quer partir? Amanhã?...

– Amanhã – rosnei, tristonho.

Pobre generala! Nessa noite, enquanto Meriskoff, ao fundo da sala, fazia com três oficiais da Embaixada o seu whist sacramental, e Camilloff, ao canto do sofá, de braços cruzados, solene como numa poltrona do Congresso de Viena, dormia de boca aberta – ela sentou-se ao piano. Eu ao lado, na atitude de um Lara, devastado pela fatalidade, retorcia lugubremente o bigode. E a doce criatura, entre dois gemidos do teclado, de uma saudade penetrante, cantou revirando para mim os seus olhos rebrilhantes e húmidos:

L'oiseau s'envole,
Là bas, là bas!...
L'oiseau s'envole...
Ne revien pas...

– A ave há-de voltar ao ninho – murmurei eu enternecido.

E, afastando-me a esconder uma lágrima, ia resmungando furioso:

– Canalha de Ti Chin-Fu! Por tua causa! Velho malandro! Velho garoto!...

Ao outro dia lá vou para Tien-Hó – com o respeitoso intérprete Sá-Tó, uma longa fila de carretas, dois cossacos, toda uma populaça de coolies.

Ao deixar a muralha da Cidade Tártara, seguimos muito tempo ao comprido dos jardins sagrados que orlam o templo de Confúcio.

Era no fim do Outono; já as folhas tinham amarelecido; uma doçura tocante errava no ar...

Dos quiosques santos saía uma sussurração de cânticos, de nota monótona e triste. Pelos terraços, enormes serpentes, venerandas como deuses, iam-se arrastando, já entorpecidas da friagem. E aqui e além, ao passar, avistávamos budistas decrépitos, secos como pergaminhos e nodosos como raízes, encruzados no chão sob os sicômoros, numa imobilidade de ídolos, contemplando incessantemente o umbigo, à espera da perfeição do Nirvana...

E eu ia pensando, com uma tristeza tão pálida como aquele mesmo céu de Outubro asiático, nas duas lágrimas redondinhas que vira brilhar, à despedida, nos olhos verdes da generala!... 

VI

Já a tarde declinava, e o Sol descia vermelho como um escudo de metal candente, quando chegámos a Tien-Hó.

As muralhas negras da vila erguem-se, do lado do sul, ao pé de uma torrente que ruge entre rochas: para o nascente, a planície lívida e poeirenta estende-se até a um grupo escuro de colinas onde branqueja um vasto edifício – que é uma missão católica. E para além, para o extremo norte, são as eternas montanhas roxas da Mongólia, suspensas sempre no ar como nuvens.

Alojámo-nos num barracão fétido, intitulado Estalagem da Consolação Terrestre. Foi-me reservado o quarto nobre, que abria sobre uma galeria fixada em estacas; era ornado estranhamente de dragões de papel recortado, suspensos por cordéis do travejamento do tecto; à menor aragem aquela legião de monstros fabulosos oscilava em cadência, com um rumor seco de folhagem, como tomada de vida sobrenatural e grotesca.

Antes que escurecesse fui ver com Sá-Tó a vila: mas bem depressa fugi ao fedor abominável das vielas: tudo se me afigurou ser negro – os casebres, o chão barrento, os enxurros, os cães famintos, a populaça abjecta... Recolhi ao albergue – onde arrieiros mongóis e crianças piolhosas me miravam com assombro.

– Toda esta gente me parece suspeita, Sá-Tó – disse eu, franzindo a testa.

– Tem Vossa Honra razão. É uma ralé! Mas não há perigo: eu matei, antes de partirmos, um galo negro, e a deusa Kaonine deve estar contente. Pode Vossa Honra dormir ao abrigo dos maus espíritos... Quer Vossa Honra o chá?...

– Traz, Sá-Tó.

Bebido o chá, conversámos do grande plano: na manhã seguinte eu ia levar a alegria à triste choupana da viúva de Ti Chin-Fu, anunciando-lhe os milhões que lhe dava, depositados já em Pequim: depois, de acordo com o mandarim governador, faríamos uma copiosa distribuição de arroz pela populaça: e à noite iluminações, danças, como numa gala pública...

– Que te parece, Sá-Tó?

– Nos lábios de Vossa Honra habita a sabedoria de Confúcio... Vai ser grande! Vai ser grande!

Como vinha cansado, bem cedo comecei a bocejar, e estirei-me sobre o estrado de tijolo aquecido que serve de leito nas estalagens da China; enrolado na minha peliça, fiz o sinal-da-cruz, e adormeci pensando nos braços brancos da generala, nos seus olhos verdes de sereia... 

Era talvez já meia-noite quando despertei a um rumor lento e surdo que envolvia o barracão – como de forte vento num arvoredo, ou uma maresia grossa batendo um paredão. Pela galeria aberta, o luar entrava no quarto, um luar triste de Outono asiático, dando aos dragões suspensos do tecto formas, semelhanças quiméricas...

Ergui-me, já nervoso – quando um vulto, alto e inquieto, apareceu na faixa luminosa do luar...

– Sou eu, Vossa Honra! – murmurou a voz apavorada de Sá-Tó.

E logo, agachando-se ao pé de mim, contou-me num fluxo de palavras roucas a sua aflição: – enquanto eu dormia, espalhara-se pela vila que um estrangeiro, o Diabo estrangeiro, chegara com bagagens carregadas de tesouros... Já desde o começo da noite ele tinha entrevisto faces agudas, de olho voraz, rondando o barracão, como chacais impacientes... E ordenara logo aos coolies que entrincheirassem a porta com os carros das bagagens, formados em semicírculo à velha maneira tártara... Mas pouco a pouco a malta crescera... Agora vinha de espreitar por um postigo: e era em roda da estalagem toda a populaça de Tien-Há, rosnando sinistramente... A deusa Kaonine não se satisfizera com o sangue do galo preto!... Além disso ele vira à porta de um pagode uma cabra negra recuar! ... A noite seria de terrores!... E a sua pobre mulher, o osso do seu osso; que estava tão longe, em Pequim!...

– E agora, Sá-Tó? – perguntei eu.

– Agora... Vossa Honra! Agora...

Calou-se: e a sua magra figura tremia, acaçapada como um cão que se roja sob o açoite.

Eu afastei o cobarde, e adiantei-me para a galeria. Em baixo, o muro fronteiro, coberto de um alpendre, projectava uma funda sombra. Aí com efeito estava uma turba negra apinhada. Às vezes uma figura, rastejando, adiantava-se no espaço alumiado, espreitava, farejava as carretas e, sentindo a lua sobre a face, recuava vivamente, fundindo-se na escuridão: e como o tecto do alpendre era baixo, faiscava um momento à luz algum ferro de lança inclinada...

– Que querem vocês, canalha? – bradei eu em português.

A esta voz estrangeira um grunhido saiu da treva; imediatamente uma pedra veio ao meu lado furar o papel encerado da gelosia; depois uma flecha silvou, cravou-se por cima da minha cabeça, num barrote...

Desci rapidamente à cozinha da estalagem. Os meus coolies, acocorados sobre os calcanhares, batiam o queixo num terror; e os dois cossacos que me acompanhavam, impassíveis à lareira, cachimbavam, com o sabre nu nos joelhos. 

O velho estalajadeiro de óculos, uma avó andrajosa que eu vira no pátio deitando ao ar um papagaio de papel, os arrieiros mongóis, as crianças piolhosas, esses tinham desaparecido; só ficara um velho, bêbedo de ópio, caído a um canto como um fardo. Fora ouvia-se já a multidão vociferar.

Interpelei então Sá-Tó, que quase desmaiava, arrimado a uma viga: nós estávamos sem armas; os dois cossacos, sós, não podiam repelir o assalto: era necessário pois ir acordar o mandarim governador, revelar-lhe que eu era um amigo de Camilloff, um conviva do príncipe Tong, intimá-lo a que viesse dispersar a turba, manter a lei santa da hospitalidade!...

Mas Sá-Tó confessou-me, numa voz débil como um sopro, que o governador decerto é quem estava dirigindo o assalto! Desde as autoridades até aos mendigos, a fama da minha riqueza, a legenda das carretas carregadas de ouro inflamara todos os apetites!... A prudência ordenava, como um mandamento santo, que abandonássemos parte dos tesouros, mulas, caixas de comestíveis...

– E ficar aqui, nesta aldeia maldita, sem camisas, sem dinheiro e sem mantimentos?...

– Mas com a rica vida, Vossa Honra!

Cedi. E ordenei a Sá-Tó que fosse propor à turba uma copiosa distribuição de sapeques – se ela consentisse em recolher aos seus casebres, e respeitar em nós os hóspedes enviados por Buda...

Sá-Tó subiu à sacada da galeria, a tremer; e rompeu logo a arengar à malta, bracejando, atirando as palavras com a violência de um cão que ladra. Eu abrira já uma maleta, e ia-lhe passando cartuchos, sacos de sapeques – que ele arremessava aos punhados com um gesto de semeador... Em baixo havia por momentos um tumulto furioso ao chover dos metais; depois um lento suspiro de gula satisfeita; e logo um silêncio, numa suspensão de quem espera mais...

– Mais! – murmurava Sá-Tó, voltando-se para mim ansioso.

Eu, indignado, lá lhe dava outros cartuchos, mais rolos, molhos de moedas de meio real enfiadas em cordéis... Já a maleta estava vazia. A turba rugia, insaciada.

– Mais, Vossa Honra! – suplicou Sá-Tó.

– Não tenho mais, criatura! O resto está em Pequim!

– Oh Buda santo! Perdidos! Perdidos! – clamou Sá-Tó, abatendo-se sobre os joelhos.

A populaça, calada, esperava ainda. De repente, uma ululação selvagem rasgou o ar. E eu senti aquela massa ávida arremessar-se sobre as carretas que defendiam a porta em semicírculo: ao choque todo o madeiramento da Estalagem da Consolação Terrestre rangeu e oscilou...
–––––––––––
Continua…

Fonte:
http://leituradiaria.com 

Clássicos do Cancioneiro Popular (O Casamento do Rato com a Catita)


No tempo em que os animais
 Seguiam civilidade
 O mundo era diferente
 Deste da atualidade
 Não havia a corrupção
 Que existe na humanidade

 Nesse tempo o senhor leão
 Era o rei dos animais
 O gafanhoto também
 Trazia insígnias reais
 O elefante, grande sábio,
 Fazia códigos legais

 O urso era juiz de direito
 O tigre era presidente
 O lobo era capitão
 A girafa era intendente
 O tamanduá era padre
 E o porco-espinho tenente

 O boi era juiz de paz
 Mestre burro era doutor
 O macaco era escrivão
 A lagarta cobrador
 A preguiça era fiscal
 Tatu-peba coletor

 O carneiro era mendigo
 Era o bode um almirante
 A raposa era correio
 Era o cavalo estudante
 O galo era um insolente
 E o punaré negociante

 A cobra, uma criminosa
 O cachorro, delegado
 O queixada, vagabundo
 O sapo, velho soldado
 E o peru era pobre preso
 Que vivia encarcerado

 Gato era cabo de esquadra
 Saguim era professor
 O veado era vaqueiro
 Periquito, promotor
 Camelo era viajante
 E o porco era criador

 O jacaré era dentista
 O morcego era barbeiro
 A ema era bom alfaiate
 O pica-pau, carpinteiro
 Guaxinim, senhor de engenho
 Mestre urubu, cozinheiro

 Vivia o abutre faminto
 A coruja era um profeta
 O cisne era um amante
 O rouxinol, um poeta
 A zebra, grande tratante
 O canguru era um pateta

 O castor era pedreiro
 O rato era namorado
 A barata era gatuno
 O pato era um empregado
 O pavão era um ourives
 E o canário, um advogado

 Era o mocó bom marchante
 A andorinha, comboeiro
 A formiga, agricultor
 Hiena, um sujo coveiro
 A cigarra era cantora
 E o besouro era bombeiro

 Afinal, tudo o que os homens
 São nessa atualidade
 Os brutos também já foram
 No tempo da antiguidade
 Quando o Destino era um deus
 De poder e majestade

 Nesse tempo, o jovem rato
 Habitava num chalé
 E namorava a Catita
 A filha do punaré
 Ela ainda era donzela
 E ele era um moço de fé

 O rato determinou-se
 A pedir a mão da amada
 Visitando o punaré
 Pediu-lhe a filha estimada
 Visto ela também já estar
 Bem por ele apaixonada

 — Meu tio, eu não venho aqui
 Só fazer-lhe uma visita
 Venho lhe pedir a mão
 De sua filha Catita
 Para casar-me com ela
 Pois acho-a muito bonita

 O punaré respondeu-lhe:
 — Só não te dou minha filha
 Porque ainda não tens recursos
 Pra sustentar a família
 E um pobre casar com um rico
 É mais do que maravilha

 — Meu tio, eu sei que sou pobre
 Não preciso que me diga
 A fazer-lhe este pedido
 É mesmo o amor quem me obriga
 Se me negar o que peço
 Haverá entre nós intriga

 — Eu darei o que me pedes
 Pois não te posso negar
 Já que a moça é tua prima
 Porém só podes casar
 Quando tiveres dinheiro
 Com que possas te aprontar

 — Se o senhor me proteger
 Eu proponho-lhe um negócio
 Faça de mim seu caixeiro
 Pois não sou muito beócio
 E, depois, quando casar
 Poderei ser o seu sócio

 — Aceito tua proposta
 Podes vir ser meu caixeiro
 Porém há uma circunstância
 Quero avisar-te primeiro
 Que não namores a moça
 Enquanto fores solteiro

 Então, fecharam negócio
 Passaram um documento
 E o rato tomou conta
 Dum estabelecimento
 Trataram para o fim do ano
 O tempo do casamento

 O punaré proibiu
 À filha de namorar
 Porém ela, às escondidas
 Ia com o rato prosar
 Toda noite, no jardim
 Tinham um particular

 Ao cabo de pouco tempo
 Sentiu-se a moça doente
 Estava bem descorada
 Com um olhar diferente
 Os peitos tinha crescidos
 E bastante inchado o ventre

 Foi receitar-se num médico
 E este, a vendo, logo disse:
 — Senhora, este seu incômodo
 Nada mais é que prenhice
 Remédio para este mal
 Nunca pôde descobrir-se

 O Rato desconfiou
 Tratou logo de fugir
 Roubou o cofre do tio
 Que, quando o quis perseguir
 Não o encontrou mais na loja
 Nem no quarto de dormir

 Vendo-se a moça ofendida
 Foi, correndo, se queixar
 Suplicando ao delegado
 Para este logo obrigar
 O Rato a casar com ela
 Pr’assim sua honra pagar

 Prometeu o delegado
 Que faria o que pudesse:
 Mandava prender o moço
 E, embora ele não quisesse
 Casar-se com a ofendida
 Casava houvesse o que houvesse!

 A moça voltou pra casa
 E o delegado apitou
 Em menos de uma meia hora
 Uma tropa se ajuntou
 O Gato chegou primeiro
 Dizendo logo: - Cá estou!

 Os soldados perguntaram:
 — Que quer, senhor delegado?
 Este respondeu: — Eu quero
 Que o Rato seja intimado
 Se ele fizer resistência
 Tragam morto ou amarrado!

 Logo os soldados se armaram
 Foram em busca do Rato
 Este, com medo da tropa
 Estava oculto no mato
 Porém isto o não livrou
 De cair nas mãos do Gato

 Cercou a tropa uma serra
 E, de cima dum penedo
 Avistou o criminoso
 Debaixo dum arvoredo
 Muitos soldados correram
 Outros morreram de medo!

 O Rato estava dormindo
 E acordou atordoado
 Com uma voz lhe dizendo:
 — O’ cabra esteja intimado!
 O Rato pensou consigo:
 — Ai! Ai! estou desgraçado!

 O Rato quis evadir-se
 Porém foi logo agarrado
 Ele se opôs e, na luta
 Deixaram-no bem pelado
 Pois assim mesmo o levaram
 Diante do delegado

 Este perguntou ao preso:
 — Que foi que fizeste tu?
 Que foi que te aconteceu
 Que estás aí quase nu?
 Para ti serve o ditado:
 Quem se vexa come cru!

 Disse o Rato: — Eu quis casar
 Com uma jovem mui bela;
 Mas, por ela me ser falsa,
 Eu disse para o pai dela:
 Que procurasse outro noivo
 Para casar-se com ela

 O delegado então disse:
 — Pois que o camarada me ouça:
 Por aí corre o boato
 Que tu ofendeste essa moça
 Agora, o que te acontece
 É morte ou casar à força!

 O Rato lhe respondeu:
 — Não é preciso matar-me!
 Eu já estou arrependido
 E, como quer castigar-me
 Mande chamar logo o padre
 Quero hoje mesmo casar-me

 O delegado respondeu-lhe
 — Não precisa se vexar
 Ainda falta correr banhos
 E a moça se preparar
 Eu dou-lhe um mês como prazo
 Para tudo se arranjar

 Com esse espaço dum mês
 Tudo estava preparado
 Todo o povo do lugar
 Tinha sido convidado
 Para ao grande baile vir
 Que havia de ser falado

 O Punaré, logo cedo
 Mandou ao padre chamar
 Pra fazer o casamento
 Que era em primeiro lugar
 Na manhã daquele dia
 Sem poder mais se adiar

 Convidou Mocó das Índias
 Pra ser do noivo o padrinho
 Visto ele ser seu parente
 E também ser seu vizinho
 Este não bebeu na festa
 Por gostar pouco de vinho

 Mandou chamar a Cotia
 Pra ser da noiva a madrinha
 Esta não comeu na festa
 Por não gostar de galinha
 E, como tinha inimigos
 Desconfiada é que vinha

 Convidou Mestre Urubu
 Para a festa cozinhar
 Este preparou guisados
 E, quando foram jantar
 O delegado chegou
 Para no baile dançar

 Ao chegar o delegado
 A festa foi acabada
 Pois a madrinha da noiva
 Era com ele intrigada
 O delegado agarrou-a
 Matando-a numa dentada!

 Numa guerra sanguinária
 Tranformou-se, então, a festa
 Tamanduá levantou-se
 Perguntou: — Que zoada é esta?
 Mas, quando viu que era o cão
 Se embrenhou pela floresta

 Na cabeceira da mesa
 Estavam Catita e Rato
 Quando ouviram o barulho
 Quiseram correr pro mato
 Mas, antes disso fazerem
 Foram mortos pelo Gato!

 Morreram nesse barulho
 Mais de dois mil convidados!
 Os que escaparam com vida
 Foram todos debandados
 Desde esse dia ficaram
 Os animais intrigados

Fonte:
Barroso, Gustavo. Ao som da viola (folk-lore); nova edição correta e aumentada. Rio de Janeiro, 1949. Disponível em Jangada Brasil. Setembro 2010 - Ano XII - nº 140.Edição Especial de Aniversário

Mitos e Lendas ( Tamandaré e o Dilúvio)


A lenda do dilúvio é universal. 

Nossos índios também têm uma lenda em que o dilúvio comparece para castigar os homens e em que há um Noé que salva a raça da extinção total. 

Entre diversas versões dessas lendas, damos a de Olavo Bilac (Contos pátrios): 

Tupã para fazer o céu e a terra, começou criando as mães de tudo. O Sol é mãe do dia e da noite: a Lua é mãe das plantas e dos animais. 

Os homens nasceram e foram maus. Tupã, para castigar a sua maldade, mandou que as águas crescessem desmedidamente e cobrissem tudo. Então, viram-se os peixes nadando entre as folhagens das árvores e as onças boiando sobre a vastidão das ondas crescidas. E os homens fugiram de monte em monte. 

E o céu se abria em relâmpagos e em assombrosas quedas de água. 

Mas um varão forte que Tupã amava — um varão de alma grande, que tinha o nome de Tamandaré, salvou a raça, guardando em uma canoa os seus filhos, livrando-os do naufrágio espantoso. 

Fonte:
Colhido por Jerônimo B. Monteiro e publicado em sua coluna Lendas, mitos e crendices
Jangada Brasil. Setembro 2010 - Ano XII - nº 140. Edição Especial de Aniversário

Thiago de Mello (O Temporal no Amazonas)


Passamos o dia em Ponta Alegre, aldeia dos índios Maués, banhada pelo rio Andirá. Muito aprendi com o jovem tuchaua, conhecedor de ervas mágicas e amigo das estrelas. Ao entardecer, saímos de canoa com motor de popa, ao rumo da Freguesia, pequenina comunidade no coração da floresta. Era tempo de cheia. Soprava de leve o vento geral. Éramos quatro a bordo. Viajávamos rente à margem abarrancada, já na metade do percurso, quando, de repente, o temporal desabou.

"Este vai ser dos medonhos", disse sereno, lá na popa, onde manejava o motor, Morón, um índio meu amigo. Junto a ele, no chão da canoa, o seu filho menino, todo encolhido de frio. Lembro-me de que, antes de escurecer totalmente, do banco da frente onde eu viajava, virei-me e vi o brilho intenso dos seus olhos enormes. Era o pavor. Na proa, sem camisa, o cabloco Jari, morador da Freguesia.

Enfrentamos o temporal em silêncio, solidários. A correnteza crescia, a canoa se balançava na alta crista das ondas, depois se despencava com fragor. A chuva nos vergastava por todos os lados. Houve um momento em que não vimos mais nada. Repetidas vezes a proa tocava num tronco. O baque surdo, a canoa parecia que ia virar. Morón inclinava o motor para a frente, de jeito que a hélice ficasse fora da água.

Só os relâmpagos nos ajudavam, cortando o céu de um lado a outro: a luz fugaz nos mostrava um tronco enorme, um pedaço de árvore ainda com ramos frescos, já quase em cima de nós. O índio, ágil e calado, desviava a canoa num golpe de leme. A escuridão era tanta que eu sequer enxergava a minha mão aberta a centímetros do meu rosto. Mesmo assim, em alguns instantes, tive a certeza de que o piloto conseguia distinguir, dentro da treva espessa, alguma coisa das águas e das margens. Um filho da floresta.

A tempestade cessou pouco antes de chegarmos à Freguesia. E duas coisas aconteceram que eu preciso contar. A primeira é que, de repente, demos com várias canoas vindo em nossa direção. Eram homens e mulheres daquele pedaço verde do mundo, certos de que deveríamos chegar no começo da noite e nossa tardança já era tanta, nos sabiam surpreendidos pelo temporal e decidiram ir ao nosso encontro, para nos salvar. Quando nos viram, foi um imenso e prolongado grito de alegria, saído de todas as bocas. Do coração solidário. A segunda coisa é que depois do temporal o céu acendeu as suas estrelas, perdão, todas as suas estrelas, que brilhavam enormes, pairando soltas no campo da noite.

Fonte:
Revista Nova Escola: Contos

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 778)



Uma Trova de Ademar  

Quando eu vou a minha serra
deixo feliz meu olfato, 
sentindo o cheiro da terra 
que vem das folhas do mato. 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Meu pai nunca teve intuito 
de ser rico nenhum dia, 
e como nunca quis muito 
teve tudo que queria. 
–Geraldo Amâncio/CE– 

Uma Trova Potiguar  

Enquanto proles "distintas" 
esbanjam pão e agasalho... 
milhões de bocas famintas 
vivem clamando trabalho. 
–Djalma Mota/RN– 

Uma Trova Premiada  

2002 - Campos de Goytacases/RJ 
Tema: LIVRO - 3º Lugar 

Na biblioteca há mil sábios
a nosso inteiro dispor.
- Sem sequer mover os lábios,
cada livro é um professor!
–A. A. de Assis/PR– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Saudade, luz pequenina,
nas sombras da solidão.
No entanto, como ilumina
as trevas do coração!
–Maria Izabel Miranda/SP– 

U m a P o e s i a  

Com este peito repleto de luxúrias, 
por livrar-me do abismo da injurias 
e encher-me outra vez de inspirações; 
faz mergulhar-me nas poesias calmas, 
pois a distância que separa as almas 
não separa jamais, dois corações... 
–Isaac Jordão/RN– 

Soneto do Dia  

EU INFANTE
Ives Gandra/SP– 

Meu ano acaba, volto a ser menino, 
encantos descobrindo pela lua, 
meus papagaios lúdicos empino 
enquanto elevo aos céus minh’alma nua. 

Retorno no rever de meu destino, 
ao moleque que andava pela rua, 
sonhando sonhos mil, em desatino, 
sem nunca perceber que a vida é crua. 

Meu passado repasso num instante 
e meu presente engolfo no futuro, 
que se torna de mais em mais incerto, 

Mas que não tira o brilho de eu infante, 
que fazia ser claro o que era escuro
e plantava jardins pelo deserto.

Eduardo Fontes (Cantigas de Amor e Amigo)


Descendente da família Alencar Araripe, pelo lado materno e, pelo paterno, da família Fontes que possui, entre seus membros escritores como Hermes Fontes, Martins Fontes e Amando Fontes, Eduardo Fontes, poeta cearense que nasceu na década de quarenta,  lançou, no dia 25 de abril de 2012 (quarta-feira), às 19h30, no Ideal clube, o seu décimo terceiro livro de poesia. Intitulado Cancioneiro de mim, o livro foi apresentado pelo médico e poeta Francisco José Pessoa de Andrade Reis.

Dividido em três partes, Cantigas de Encantamento, Cantigas de Amor e Cantigas de Solidão, Cancioneiro de mim, para Eduardo Fontes, é um resgate de tudo aquilo que os menestréis e trovadores da Idade Média fizeram da poesia em seu tempo. A poesia de hoje, segundo Eduardo Fontes, é muito hermética. A daquele tempo, era cristalina. A poesia dele, portanto, também procura ser o mais cristalina possível. Assim, quando começa seu livro com as Cantigas de Encantamento procura, nesta primeira parte, voltar à juventude. Aquela época em que tudo é descoberta. Na segunda parte, Cantiga de Amor, é uma fase destinada à maturidade, aquela em que o amor marca, profundamente, a vida das pessoas. Na terceira e última parte, Cantigas de Solidão, o poeta se volta para o “outono da vida”, mas sem romper com a juventude, jamais.

Grupo Sin

Integrante do grupo Sin de Literatura que, na década de sessenta, mexeu com o movimento artístico-cultural de Fortaleza, Eduardo Fontes não sabe por que, até hoje, não foi reconhecido oficialmente como um dos membros fundadores do grupo. Afirma que foi um dos primeiros a participar do movimento mas, quando o grupo foi realmente formado com registro, inclusive, em cartório, seu nome não constava na relação. Tem a impressão de que pode ter havido algum desencontro naquela época. Nada, porém, que não possa ser reparado hoje. Do grupo Sin, conhece todos e, para provar isso, cita o nome de alguns somente: Roberto Pontes, Pedro Lyra, Barros Pinho e Linhares Filhos. 

Mas o que realmente faz de Eduardo Fontes um poeta, segundo ele mesmo reconhece, não são as láureas adquiridas ao longo da vida, tal como a sua participação, com grande orgulho, nos quadros da Academia Fortalezense de Letras, mas a felicidade de ter nascido poeta porque a poesia, diferente das ciências, é uma arte e, como arte, jamais será aprendida por aqueles que não foram escolhidos por ela. A certeza de que as coisas se passam assim, realmente, fazem com que Eduardo Fontes também imagine que, para o poeta, a leitura de outro poeta é dispensável, ainda que ela não seja totalmente aconselhável.

Bacharel em Direito e Administração, Eduardo Fontes, na vida prática, trabalha no Tribunal de Contas do Município, mas é como poeta que se sente, de fato, realizado porque só a poesia, segundo ele, é capaz de humanizar cada vez mais o ser humano.

Fonte: 

Jornais e Revistas do Brasil (Idade d’Ouro do Brazil)


Período disponível: 1811 a 1823 

Local: Salvador/BA

Segundo periódico publicado no Brasil, o jornal Idade d’Ouro do Brazil foi lançado no dia 14 de maio de 1811, em Salvador, sob a proteção do então governador geral da Bahia, Marcos de Noronha e Brito, o conde dos Arcos. Assim como a pioneira Gazeta do Rio de Janeiro, aparecida em 1808, o periódico baiano era uma espécie de diário oficial da época, feito para dar publicidade aos atos oficiais e defender os interesses da Coroa portuguesa no Brasil. A diferença entre ele e a Gazeta feita na corte é que o Idade d’Ouro do Brazil (também conhecido como “Gazeta da Bahia”) era fruto da iniciativa privada. O jornal era impresso em tipografia fundada pelo comerciante, livreiro, editor e tipógrafo português Manuel Antônio da Silva Serva.

Como revela a nota explicativa “Com permissão do governo”, que era impressa ao final de cada número, a "Gaazeta Baiana" surgiu numa época em que a impressão e a publicação de livros e periódicos eram privilégios de agentes da Coroa portuguesa e sofriam uma série de restrições editoriais. 

A circulação do periódico foi autorizada sob a condição de que fosse nomeado um revisor oficial, cargo inicialmente assumido pelo próprio conde dos Arcos, que elaborou regras de redação. Exemplo de uma dessas regras: o jornal “deverá contar as notícias políticas sempre de maneira mais singela, anunciando simplesmente os fatos, sem interpor quaisquer reflexões que tendam direta ou indiretamente a dar qualquer inflexão à opinião pública”. Certamente por corresponder à expectativa real, o editor Manuel Antônio Serva conseguiu em 1815 um empréstimo do governo para aumentar e aprimorar sua oficina.

Além de notas oficiais, o periódico publicava notícias nacionais e informações relativas ao comércio, às artes, às ciências e, eventualmente, à agricultura. Trazia também notícias internacionais reproduzidas de periódicos estrangeiros. Por chegarem ao Brasil com dias de atraso, sua publicação entre nós estava quase sempre defasada. 

O jornal era pequeno, com quatro páginas de 17,5 x 10 cm. Ao final havia a seção “Aviso”, com anúncios no valor de 100 réis a linha, referentes a chegadas e partidas de embarcações, comércio de escravos, sociedades mercantis, vendas de mercadorias etc. Desde sua criação, a gazeta tinha que passar pela censura, como tudo o que se publicava no Brasil, mas a seção “Aviso” só passou a ser submetida a tal crivo em 1819. 

Os estudos apontam a identidade de dois redatores ao longo da história da publicação, ambos pertencentes à elite culta da época: Gonçalo Vicente Portela, professor de gramática latina, e o padre Inácio José de Macedo, presbítero secular, professor de filosofia e pregador régio. O jornal tinha como epígrafe os versos do poeta português Sá de Miranda: “Falei em tudo verdades/ a quem em tudo as deveis” e circulava às terças e sextas-feiras, com eventuais edições extras.

Maria Beatriz Nizza da Silva, que estudou profundamente o Idade d’Ouro do Brazil - assim como Renato Berbert de Castro, estudioso da imprensa baiana - observou que há uma lacuna referente ao ano de 1820, creditada, provavelmente, à interrupção temporária da publicação após a morte do proprietário, em 1819. O jornal reapareceu em 1821 com novo formato e periodicidade diária (excetuados os domingos), passando mais tarde a circular apenas duas vezes por semana.

Inicialmente, a assinatura podia ser anual (8$000 réis), semestral (4$000 réis) ou trimestral (2$400 réis), paga antecipadamente. O exemplar avulso custava 60 réis. A análise do público-leitor feita por Nizza da Silva demonstra que a gazeta não chegava a ter 200 assinantes em uma população, a baiana, calculada, à época, em 18 mil habitantes. Houve, portanto, considerável esforço ao longo da vida do periódico em obter mais assinantes. 

Em seu livro, a autora transcreveu o folheto raro Prospecto da Gazeta da Bahia, publicado um dia antes do lançamento de Idade d’Ouro do Brazil e no qual encontramos as inspirações para o nome do periódico: 

"As ciências diariamente se promovem, a agricultura se dilata, as artes se estendem, as fábricas se erigem, o comércio floresce e as quinas portuguesas são consideradas com respeito nos mares do novo e velho mundo. As riquezas afluem de toda a parte, as comodidades aumentam-se cada dia, a justiça e a paz deram-se amigavelmente as mãos para nossa felicidade. Podemos dizer sem receio que esta é a Idade d’Ouro do Brazil. Nem a crítica mais severa tem que repugnar à bem merecida aplicação dum nome tão especioso. Paralelizemos o dourado século de Augusto com a presente idade do Brasil e não temos susto de que se taxe de lisonjeira a alusiva comparação, principalmente na Bahia. Sem descer a detalhes minuciosos, mediremos no complexo de virtudes propriamente reais, que adornam o sublime ânimo do nosso vigilantíssimo soberano e que têm caracterizado todos os atos da sua admirável e providentíssima regência. E nós não vemos, em toda a antiguidade, nem outro tempo, nem outro príncipe que se assemelhe ao que a providência suscitou em nossos dias para fundador deste império brasílico. Esta observação assídua faz que, tendo nós de coordenar uma folha periódica nesta cidade e desejando que o seu título só por si seja a mais firme recomendação para os que a lerem, demos à nossa gazeta da Bahia a denominação adequada: IDADE D’OURO." (A primeira gazeta da Bahia: Idade d”Ouro do Brazil. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2ª ed., 2005, ps. 36-7)

Exemplares de Idade d’Ouro do Brazil estão espalhados por várias bibliotecas, podendo ser consultados aqui na Biblioteca Nacional, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, na Biblioteca Nacional de Lisboa, no Arquivo Público e no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, onde pode ser encontrado o seu primeiro número.

Fonte
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/idade-d’ouro-do-brazil