domingo, 16 de outubro de 2011

Casimiro de Abreu (As Primaveras) Parte 5


QUANDO TU CHORAS

Quando tu choras, meu amor, teu rosto
Brilha formoso com mais doce encanto,
E as leves sombras de infantil desgosto
Tornam mais belo o cristalino pranto.
Oh! nessa idade da paixão lasciva,
Como o prazer, é o chorar preciso:
Mas breve passa - qual a chuva estiva -
E quase ao pranto se mistura o riso.
É doce o pranto de gentil donzela,
É sempre belo quando a virgem chora:
- Semelha a rosa pudibunda e bela
Toda banhada do orvalhar da aurora.
Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha nas folhas como um rir celeste,
E a mesma gota transparente e pura
Treme na relva que a campina veste.
Depois o sol, como sultão brilhante,
De luz inunda o seu gentil serralho,
E às flores todas - tão feliz amante! -
Cioso sorve o matutino orvalho.
Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha teu rosto com mais doce encanto:
- Serei o sol e tu serás a rosa...
Chora, meu anjo, - beberei teu pranto!
Rio - 1858

CANTO DE AMOR - A M***

Eu vi-a a minha alma antes a vê-la
Sonhara-a linda como agora a vi;
Nos puros olhos e na face bela,
Dos meus sonhos a virgem conheci.
Era a mesma expressão, o mesmo rosto,
Os mesmos olhos só nadando em luz,
Em uns doces longes, como dum desgosto,
Toldando a fronte que de amor seduz!
E seu talhe era o mesmo, esbelto, airoso
Como a palmeira que se ergue ao ar,
Como a tulipa ao por-do-sol ! saudoso,
Mole vergando à variação do mar.
Era a mesma visão que eu dantes via,
Quando a minha alma transbordava em fé;
E nesta eu creio como na outra cria,
Porque é a mesma visão, bem sei que é!
No silencio da noite a virgem minha
Soltas as tranças junto a mim dormir;
E era bela, meu Deus, assim sozinha
No seu sono d’infante inda a sorrir!...
Via-a e não via-a! Foi num só segundo,
Tal como a brisa ao perpassar na flor,
Mas nesse instante resumi um mundo
De sonhos de ouro e de encantado amor.
O seu olhar não me cobriu d’afago,
E minha imagem nem sequer guardou,
Qual se reflete sobre a flor dum lago
A branca nuvem que no céu passou.
A sua vista espairecendo vaga,
Quase indolente, não me viu, ai, não!
Mas eu que sinto tão profunda chaga
Ainda a vejo como a vi então.
Que rosto d’anjo, qual estátua antiga
No altar erguida, já caído o véu!
Que olhar de fogo, que a paixão instiga!
Que níveo colo prometendo um céu!

Vi-a e amei-a, que minha alma ardente
Em longos sonhos a sonhara assim;
O ideal sublime, que eu criei na mente,
Que em vão busca e que encontrei por fim!
P’ra ti, formosa, o meu sonhar de louco
E o dom fatal, que desde o berço é meu;
Mas se os cantos da lira achares pouco,
Pede-me a vida, porque tudo é teu.
Se queres culto - como um crente adoro,
Se preito queres - eu te caio aos pés,
Se rires - rio, se chorares - choro,
E bebo o pranto que banhar-te a tez.
Dá-me em teus lábios, um sorrir fagueiro,
E desses olhos um volver, um só,
E verás que meu estro, hoje rasteiro,
Cantando amores s’erguerá do pó!
Vem reclinar-te, como a flor pendida,
Sobre este peito cuja voz calei:
Pede-me um beijo... e tu terás, querida,
Toda paixão que para ti guardei.
Do morto peito vem turbar a calma,
Virgem, terás o que ninguém te dá;
Em delírios d’amor dou-te minha alma,
Na terra, a vida, a eternidade - lá!
Se tu, oh linda, em chama igual te abrasas,
Oh! não me tardes, não me tardes, - vem!
Da fantasia nas douradas asas
Nós viveremos noutro mundo - além!
De belos sonhos nosso amor povôo,
Vida bebendo nos olhares teus;
E como a garça que levanta o vôo,
Minha alma em hinos falará com Deus!
Juntas, unidas num estreito abraço,
As nossas almas uma só serão;
E a fronte enferma sobre o teu regaço
Criará poemas d’imortal paixão!
Oh ! vem, formosa, meu amor é santo,
É grande e belo como é grande o mar,
É doce e triste como d’harpa um canto
Na corda extrema que já vai quebrar!
Oh! vem depressa, minha vida foge...
Sou como o lírio que já murcho cai!
Ampara o lírio que inda é tempo hoje!
Orvalha o lírio que morrendo vai!...
Rio - 1858

VIOLETA

Sempre teu lábio severo
Me chama de borboleta!
- Se eu deixo as rosas do prado
É só por ti - violeta!
Tu és formosa e modesta,
As outras são tão vaidosas!
Embora vivas na sombra
Amo-te mais do que as rosas.
A borboleta travessa
Vive de sol e de flores...
- Eu quero os sol de teus olhos,
O néctar de teus amores.
Cativo do teu perfume
Não mais serei borboleta;
- Deixa eu dormir no teu seio,
Dá-me teu mel - violeta!
4 de abril

O QUÊ ?

Em que cismas, poeta? Que saudades
Te adormecem na mágica fragância
Das rosas do passado já pendidas?
Nos sonhos d’alma que te lembras?
- A infância!
Que sombra, que fantasma vem banhado
No doce aflúvio dessa quadra linda?
E a mente a folhar os dias idos
Que nome te recorda agora?
- Arinda!
Mas se passa essa quadra, fugitiva,
Qual no horizonte solitária vela,
Por que cismar na vida e no passado?
E de quem são essas saudades?
- Dela!
E se a virgem viesse agora mesmo
Surgindo bela qual visão de amores,
Tu, p’ra saudá-la bem do imo d’alma,
Diz-me, poeta - o que escolhias?
- Flores.
E se ela, farta dos aromas doces
Que tem achado nos jardins divinos,
Tão caprichosa machucasse as rosas...
Diz-me, meu louco, o que mais tinhas?
- Hinos!
E se, teimosa, rejeitando a lira,

a fronte virgem para ti pendida,
Dum beijo a paga te pedisse altiva...
O que lhe davas, meu poeta?
- A vida!
Rio - 1858

SONHOS DE VIRGEM A M.***

Que sonhas, virgem, nos sonhos
Que à mente te vêm risonhos
Na primavera inda em flor?
No celeste devaneio,
No doce bater do seio,
Que sonhas, virgem? - amor?
Que céus, que jardins, que flores,
Que longos cantos de amores
Nos lindos sonhos te vêm?
E quando a mente delira,
E quando o peito suspira - por quem?
Sonhando mesmo acordada,
Pendida a fronte adorada
Num cismar vago e sem fim;
Do olhar o fogo tão vivo,
A voz, o riso lascivo,
O pensamento é - por mim?
Quando tu dormes tranqüila,
Cerrada a negra tulipa
E o lábio doce a sorrir;
Então o sonho dourado
Nas dobras do cortinado
Vem esmaltar o teu dormir!
Oh! sonha! - Feliz idade
Das rosas da virgindade,
Dos sonhos do coração!
- Puro vergel de açucenas
Ou lago d’águas serenas
Que estremece a viração
Feliz! Feliz quem pudera
Colher-te na primavera
De galas rica louçã!
Feliz, oh! flor dos amores,
Quem te beber os odores
Nos orvalhos da manhã!
Rio - 1858

ASSIM! A M.***

Viste o lírio da campina?
Lá s’inclina

E murcho no hastil pendeu!
- Viste o lírio da campina?
Pois, divina,
Como o lírio assim sou eu!
Nunca ouviste a voz da flauta,
A dor do nauta
Suspirando no alto mar?
- Nunca ouviste a voz da flauta?
Como o nauta
É tão triste o meu cantar!
Não viste a rola sem ninho
No caminho
Gemendo, se a noite vêm?
- Não viste a rola sem ninho?
Pois, anjinho
Assim eu gemo, também!
Não viste a barca perdida,
Sacudida
Nas asas dalgum tufão?
Não viste a barca fendida?
Pois, querida,
Assim vai meu coração!
Rio - 1858

QUANDO?!...

Não era belo, Maria,
Aquele tempo de amores,
Quando o mundo nos sorria,
Quando a terra era só flores
Da vida na primavera?
- Era
Não tinha o prado mais rosas,
O sabiá mais gorjeios,
O céu mais nuvens formosas,
E mais puros devaneios
A tua alma inocentinha?
- Tinha!
E como achavas, Maria,
Aqueles doces instantes
De poética harmonia
Em que as brisas doudejantes
Folgavam nos teus cabelos?
- Belos!
Como tremias, ho! Vida,
Se em mim os olhos fitavas!
Como eras linda, querida,
Quando d’amor suspiravas
Naquela encantadora aurora!
- Ora!

E diz-me: não te recordas
- Debaixo do cajueiro -
Lá da lagoa nas bordas
Aquele beijo primeiro?
Ia o dia já findando...
- Quando?!...
Rio - 1858

SEMPRE SONHOS!...

Se eu tivesse, meu Deus, santos amores,
Eu m’erguera cantando essa paixão,
E atirara p’ra longe - sem saudade
Este véu que me cobre a mocidade
De tanta escuridão!
Eu que sou como o cardo do rochedo
Quase morto dos ventos ao rigor,
Encontrara de novo a minha vida,
O sol da primavera e a luz perdida,
Nos braços desse amor!
Minha fronte, que pende sofredora,
Acharia, meu Deus, inspirações.
E o fogo que queimou Gilbert e Dante
Correria mais puro e mais constante
Na lira das canções!
No mundo tão gentil dos devaneios
Minh’alma mais feliz saudara a luz,
E apagara, Senhor, num beijo puro
A dor imensa da perda do futuro
Que a morte me conduz.
Por ela eu deixaria a voz das turbas
E esta ânsia infeliz de glória vã;
Na vida que nos corre tão sombria
Eu seria, meu Deus, seu doce guia,
E ela - minha irmã!
Eu velara, Senhor, pelos seus dias,
Como a mãe vela o filho que dormiu:
Se um dia ela soltasse um só gemido,
Eu iria saber porque ferido
Seu seio assim buliu!
Como à sombra das árvores da pátria
S’embala a doce filha dos tupis,
À sombra da aventura e da esperança
Embalara, meu Deus, essa criança
Nos cantos juvenis!
Como o nauta olha o céu de primavera,
Eu, sentado a seus pés, ébrio de amor,
Espreitara tremendo no seu rosto

A sombra fugitiva dum desgosto,
A nuvem duma dor!
Eu lhe iria mostrar nos hinos d’alma
Outro mundo, outro céu, outros vergéis;
Nossa vida seria um doce afago,
Nós - dois cisnes vogando em manso lago,
- Amor - nossos batéis!
Se eu tivesse, meu Deus, santos amores,
Eu deixaria este amor da glória vã;
Nesse mundo de luz, doce e risonho,
A pudibunda virgem do meu sonho
Seria minha irmã!
1858

Fonte:
ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Livraria Editora Martins S/A co-edição Instituto Nacional do Livro, 1972. Texto-base digitalizado por Raquel Sallaberry Brião.

Monteiro Lobato (O Presidente Negro) XVII – A Adesão das Elvinistas


CAPITULO XVII
A Adesão das Elvinistas

Arregalei os olhos de surpresa. Nem por sombras eu havia imaginado aquela hipótese e confessei-o a miss Jane.

— A surpresa não foi unicamente sua, senhor Ayrton. Alguns minutos passados depois do gesto decisivo do formidável Jim Roy, e cinquenta milhões de eleitores negros recebiam a imprevista senha como se rece¬bessem violenta pancada no crânio. A sensação de atordoamento foi geral. Pelo cérebro dos despigmentados passara tudo, menos aquilo. Nem um negro sequer imaginara tal hipótese. Mas a perturbação foi se desfazendo, e á medida que se ia desfazendo iam se iluminando as caras com um sorriso novo no mundo. Um sorriso sem significação, puramente reflexo. O sor¬riso do grilheta que nasceu de algemas ao pulso e de súbito as vê se esvaírem em névoa ao contacto de mágico talismã.

— "Livre, apenas? Não! Também senhor, agora..." O sigilo das comunicações radiadas era perfeito.

Onda que partisse com recado para fulano jamais errava de porta ou se deixava transviar pelo caminho. Mesmo assim miss Astor, cujo maquiavelismo de espírito não extremava a rubra ideologia elvinista dum maravilhoso senso das realidades, conseguira feliz êxito na caçada que armou á onda portadora da senha de Jim Roy. Não corromperia a onda, de si incorruptível, mas cor¬romperia um dos seus destinatários — talvez o único agente infiel de quantos tivesse Jim a seu serviço. Logo que recebeu a senha, esse espião chamou miss Astor ao aparelho das comunicações reservadas.

Estava ela a postos, na sede do partido, rodeada do seu ardente estado maior. Mal soou o chamado, dei¬xou as companheiras e literalmente atirou-se ao fone adivinhando do que se tratava. A viva expressão de curiosidade do Seu rosto, porém, demudou-se em derro¬cada. Seus olhos arregalaram-se e seus lábios, subita¬mente brancos, tremeram.

Vendo o transtorno de feições da chefa suprema, o estado-maior elvinista acudiu inquieto.

— "Que ha? indagou miss Elvin, agarrando-a pelos ombros. Resolveu Jim votar com Kerlog?"

Miss Astor quis responder mas não pôde. Sentiu uma nuvem turvar-lhe a vista, uma zoeira nos ouvidos, um turbilhão no cerebro. E descaiu para trás, des¬maiada.

— Como as de hoje... murmurei contente com aquele desmaio.

Miss Jane prosseguiu.

— O pânico apossou-se incontinenti do estado-maior elvinista e transformou a sala num rodamoinho de lin¬das baratas tontas. As sabinas entraram a correr de um lado para outro trefegamente a agarrar-se entre si, a gritar. Mas a voz aguda de miss Elvin se fez ouvir e as conteve:

— "Se Evelyn desmaiou, é que recebeu uma terrível noticia, e a única noticia terrível que Evelyn poderia receber é a da adesão de Jim a Kerlog. Logo, estamos derrotadas..."

E os olhos da sabina despediram uma terrível faísca de ódio — não político, não sexual apenas, mas especial, sentimento inédito do mundo e de pura criação elvinista. Miss Elvin cerrou o punho e ergueu-o na direção do Capitólio, ao mesmo tempo em que uivava qual loba ferida:

- "Não importa, Kerlog! Recorreremos aos grandes meios — á sabotagem, á boicotagem do gorila!"

- "Bravos! gritaram as elvinistas, recompostas da momentânea desorientação. Viva o boicote!"

Miss Elvin rangia os dentes.

- "Os infames monstros jamais poderão prever o plano infernal de sabotagem que contra eles organizei! Parecem ignorar, esses orgulhosos gorilas, que a natu¬reza os criou de uma carne toda ela calcanhares de Aquiles. Convido as sabinas presentes para uma reunião amanhã em minha casa a fim de estudarmos a apli¬cação imediata do plano diabólico. Ás oito horas lá todas!"

- "Bravos! Bravos! Sabotemos o gorila!"

A grita fez efeito de sais nos nervos da chefa des¬maiada. Miss Astor entreabriu os olhos, passou as mãos pelo rosto como a afastar as ultimas sombras e, reen¬trando na posse dos seus sentidos, ergueu-se de pé. Circunvagou pelo ambiente o olhar ainda trocado e em tom de mistério exclamou por fim, como se estivesse a falar consigo própria:

— "É indispensável um entendimento com Kerlog. Tudo mudou..."

O espanto das elvinistas atingiu o auge. Estarre¬ceram todas, de olhos arregalados e bocas entreabertas. Não compreendiam nada.

Miss Astor prosseguiu:

- "Temos de nos aliar de novo ao homem..."

- "Nunca! rugiu miss Elvin, escarlate de furor. Transigir, nunca!..."

O relógio da sala interrompeu o tumulto com o pingar das onze — a hora eleitoral.

— "Sim, declarou pausadamente miss Astor. Sim, porque já não se trata de um mero choque político entre as duas facções da raça branca. Trata-se da luva que nos vem de lançar ao rosto a raça negra. Jim Roy neste momento já deve estar eleito Presidente da Republica..."

Se uma granada de gás estupefaciente houvera explodido na sala, outro não seria o aspecto daquelas sabinas apalermadas pelo inaudito da surpresa. Trans¬formaram-se em verdadeiras mulheres de Lot, mudas e imóveis, com os olhos cravados na líder feminina.

Miss Astor continuou:

— "Não me enganavam os meus pressentimentos! Eu senti que Jim traíra. Ide ver na fachada do Capitólio o seu nome vitorioso..."

As elvinistas precipitaram-se para a janela e leram no frontão do monumento o nome de Jim Roy! Depois de 87 presidentes brancos surgia o primeiro negro, eleito por 54 milhões de votos. Miss Astor obtivera 50 milhões e meio e Kerlog 50 milhões e pico. Apesar de disporem de um eleitorado quase duplo do contra¬rio, os brancos perdiam a presidência graças á cisão entre os dois sexos provocada pelo elvinismo...

Foi instantânea e radical a mudança que se operou nas mulheres. Apreenderam num relance todas as conseqüências possíveis do golpe negro e tomaram-se de furiosa crise de sentimentalismo amoroso pelo homem branco, ser mau, opressivo, injusto, não havia duvida, mas afinal de contas o marido milenar da mulher. Mal com ele, pior sem ele. Estava tão longe o hipotético sabino...

Miss Astor tomou a palavra e fez-se a interprete do pensamento dominante.

- "Mulheres! Eis as conseqüências da nossa lou¬cura! Divorciamo-nos do nosso velho companheiro sexual e..."

- "Companheiro ilegítimo!" aparteou miss Elvin.

- "Seja, mas nem por isso menos companheiro. Di¬vorciamo-nos dele, declaramos-lhe guerra, difamamo-lo, e a paixão nos cegou a ponto de não vermos o polvo que espiava a brecha a fim de envolver o Capitólio nos seus tentáculos! Ah, Kerlog, que injusta fui contigo
recusando a fusão partidária que me propunhas! E como fui cruel respondendo ás tuas leais palavras com anfigurís em linguagem sabina! Vejo bem claro agora o nosso erro e, embora reconhecendo as queixas que a mulher tem do macho, também reconheço que sem o concurso dele nada valeríamos no mundo. Bastou um momento de divorcio para que a raça branca se visse nesta horrível situação: apeada do domínio e á mercê de uma raça de pitecos que, essa sim, tem contas terríveis a justar conosco..."

Palmas e bravos estrepitaram. Só miss Elvin, irredu¬tível no seu sonho, conservara-se de pé atrás.

— "E as minhas teorias? uivou ela. Que importa um momentâneo incidente eleitoral em face do fulgor das minhas idéias? Voto contra a aproximação com Kerlog e protesto contra o movimento de fraqueza, essa crise amorosa que vejo nas palavras de Evelyn! Propo¬nho o prosseguimento da luta com redobrado ardor.
Submissão de novo, nunca!..."

Mas nem uma só voz se ergueu para apoiá-la. Suas palavras tiveram como resposta um silencio de cemitério. Estava morto o elvinismo e de cinzas varridas todos aqueles cérebros e corações. Diante do silencio da assembléia ainda mais se exaltou miss Elvin, rompendo em apostrofes violentíssimas contra o "gorila pelado" e o "sentimentalismo ovelhum" das suas companheiras.

Dessa vez não foi o silencio de cemitério que aco¬lheu sua arenga. Foi a assuada.

- "Fora! Abaixo o sabino! Viva o Homo! Viva o macho forte que suplantou o macho fraco!..."

- "Sim, perorou miss Astor, viva o homem! Macho natural ou não, neto do gorila ou não, é ele o nosso marido pela milenar consagração dos fatos. Sempre vivemos ao seu lado, ora escravas, ora deusas, mas como irmãs de peregrinação nesta vida. Peludas que eramos ainda, e lá no fundo das idades já o ajudávamos a afiar o machado de sílex com que nos amparou das agressões do Urso speleus. Comemos juntos bifes crus de megatérios. Juntos nos derramamos por todos os recantos do globo e conseguimos a dominação hoje absoluta. Juntos subimos aos tronos e juntos fomos lançados ás feras do circo. De mãos dadas compusemos á sublime epopéia do amor — poema que principiou com a Vida e só com ela terá fim... O sabino, ainda que existisse, seria um fraco. O raptor valia muito mais do que esse hipotético bicho marinho, só existente, talvez, na ima¬ginação exaltada da nossa querida miss Elvin..."

- "Era o peixe-boi, o pesado animalão que os ho¬mens arpoam no Amazonas..." aparteou miss Dorothy Glynor.

- "O homem é o gorila, o gorila, o gorila..." urrava miss Elvin possessa.

- "Pois viva então o gorila! concluiu miss Astor e os aplausos foram delirantes. Fique miss Elvin com o boi do mar que nós ficaremos com o nosso velho e tradicional gorila. Á Casa Branca!..."

E numa verdadeira revoada precipitou-se para a Casa Branca o bando das ondeantes mamíferas com miss Astor á frente. Só ficou no recinto a sabina teimosa, a bater o pé e uivar para as cadeiras vazias:

— "Gorila, gorila, gorila, gorila..."

Nesse ponto miss Jane parou para tomar fôlego, enquanto eu dizia:

- Toma! Como tenho muita honra de ser neto do meu avô gorila, exulto com a derrota dessa renegada. Mas... e Kerlog, miss Jane? Como recebeu ele a no¬ticia da vitoria do negro?

- O presidente Kerlog recebeu o resultado do pleito com um assombro igual ao das mulheres, embora muito diferente na sua exteriorização. Convicto do apoio de Jim Roy a um dos partidos brancos, chegara a admitir por hipótese o triunfo de miss Astor; mas lá no intimo contava com o seu. De modo que quando na fachada do Capitólio surgiu o nome de Jim Roy, a sen¬sação que o empolgou foi de pesadelo. Kerlog apal¬pou-se e beliscou as carnes a ver se dormia. Não era pesadelo, não. Era coisa pior — fato. E como a hipótese da eleição de um negro nem por sombra lhe houvesse passado pela idéia, o seu desnorteamento fez-se absoluto.

Kerlog reclinou-se sobre a secretária e permaneceu durante alguns instantes imóvel, com a cabeça apoiada nas mãos. Dava tempo a que a idéia nova da eleição de um presidente negro penetrasse em seu cerebro, criando lá pelas circunvoluções um quadro inexistente. Custou a aboletar-se essa idéia. Não cabia em quadro nenhum e punha arrepios em todos perto dos quais passava...

Mas o 87.° Presidente possuía uma solida organiza¬ção mental; reagiu contra o golpe e logo reentrou no controle dos seus espíritos. Tomou um gole d'água e dirigiu a palavra aos atônitos ministros presentes.

— "Chegou afinal a crise prevista ha séculos e de maneira surpreendente. A hipótese que acaba de reali¬zar-se creio que jamais passou pelo espírito de nenhum americano, branco ou preto. É obra exclusiva de Jim Roy e explica a paciência com que vem ele automatizando a massa negra. Mas o fato está consumado. É um desafio, uma luva lançada ao rosto da raça branca, á qual nos cumpre dar troco. Não apresento nenhuma idéia porque não a tenho — ainda não houve tempo de se formarem idéias em meu cerebro. Creio que o mes¬mo se dará com todos os presentes..."

Um movimento geral de cabeças apoiou suas pala¬vras. Todos os ministros se achavam na mesma situa¬ção de espírito.

Kerlog prosseguiu. Fez ver a que terrível impasse a loucura das mulheres arrastara o país, situação insolúvel caso elas persistissem em se "desgorilarem" de sua ascendência.

— "E dado o modo de pensar é falar da líder femi¬nina, disse ele, não prejulgo o que esteja agora se pas¬sando pelo cerebro de miss Evelyn Astor. Mas é indispensável a todo o transe um entendimento com ela. É indispensável promovermos a harmonia dos partidos
brancos, porque só a união da raça branca nos salvará."

O ministro da Paz tomou a palavra (as guerras haviam cessado no mundo depois que aos ministros da Guerra se substituíram os ministros da Paz) e disse:

— "Acho inútil qualquer debate neste momento. A situação é obscura e..."

Não pôde acabar. Um tropel reboou nos corredo¬res. Era o bando elvinista que penetrava, com miss Astor á frente.

Kerlog empalideceu. Os extremismos daquela fac¬ção eram tantos que ele previu qualquer coisa seme¬lhante aos assaltos histéricos das antigas sufragistas britânicas. E apertou o botão da campainha de alarma, chamando a postos os guardas.

Miss Astor avançou para ele. Num instintivo gesto de defesa, Kerlog recuou em sua poltrona, vendo claramente definida a agressão iminente. Os ministros lan¬çaram-se das suas cadeiras em socorro do chefe su¬premo.

Era tarde, Miss Astor agarrara o presidente Kerlog pelo pescoço...

Agarrara-o não para estrangulá-lo, mas para beijá-lo entre lagrimas e soluços de comoção.

— "Kerlog, querido Kerlog! Venho em nome de todas as mulheres pedir perdão ao Homo, em ti repre¬sentado, da loucura a que miss Elvin nos arrastou. Diante dos supremos interesses da raça ofendida, cessa o divorcio sexual. Volta a mulher de novo aos braços do seu velho companheiro de peregrinação pelo mun¬do..."

Mal vindo do espanto, tonto ainda, o presidente Kerlog apenas murmurou:

- "A que horas, miss Astor! A que horas vem falar-me língua compreensível!..."

- "Perdoa, Kerlog! Foi uma nuvem que passou."

- "Mas lá estão as terríveis conseqüências impres¬sas na fachada do Capitólio."

- "Que importa? O que a mão do negro escreveu a tua apagará."

- "Fácil de dizer, miss Evelyn. Dentro da criatu¬ra civilizada dorme um troglodita. Receio que a exas¬peração desperte esse monstro."

- "Temos tudo por nós, o numero e a superiorida¬de mental."

- "Mas temos contra nós o momento, o impulso, a cólera, a vingança — as velhas inferioridades adormecidas mas não mortas. Receio que a America se inunde de sangue...

Miss Astor emudeceu por um momento, com os seios ofegantes. Depois disse:

— "E agora? Que vamos fazer?"

Kerlog respondeu com finura:

— "Vamos vencer. O perigo existia enquanto a pa¬lavra vamos só representava metade da raça branca. Se miss Astor me traz o concurso da metade rebelde, tudo muda ..."

A ex-sabina desprendeu-se do pescoço presidencial e gritou, voltada para as suas companheiras:

— "Cerremos fileiras em torno de Kerlog! É ele o nosso líder supremo — líder da raça, e acaba de traçar o incoercível programa branco: "Vencer!" Viva Kerlog!"

Uma burra delirante saudou as suas palavras.

— "Viva Kerlog! Viva o Homo!"

O ministro da Educação Social interveio malicioso:

- "Alia-se de novo então ao "gorila pelado", miss Astor?

- "Sim, respondeu ela, mais formosa do que nunca, tanto a sua fisionomia irradiava de entusiasmo. Aca¬bamos de fazer uma grande descoberta: o sabino de miss Elvin não passa de um estúpido boi de mar. Viva, portanto, o velho gorila!"

- "Viva! Viva!..."

E a onda feminina derramou-se barulhentamente pelos corredores afora, até despejar-se pelas escadarias.. .

Aliviado de um grande peso Kerlog voltou-se para os ministros e repetiu risonho o verso de Shakespeare:

— "She is false as water,..

- "Mas de muita força catalítica, rosnou o minis¬tro da Equidade. Cura pela ação da presença ..."

O ponto e vírgula com torradas veio interromper naquele dia as revelações de miss Jane. Retirei-me mais interessado do que nunca no desfecho da crise americana do século 23.
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continua… XVIII – O Orgulho da Raça

Fonte:
Monteiro Lobato. O Presidente Negro. Editora Brasiliense, 1979.

4a. Expo Literária de Sorocaba (Programação)


A Biblioteca Municipal "Jorge Guilherme Senger" sediará, entre os dias 19 e 22 de outubro, a 4ª edição da Expo Literária. Neste ano, o evento homenageará o escritor Monteiro Lobato e terá suas tendas batizadas com os nomes de diversos personagens do artista.

Muitas atrações, incluindo palestras com os escritores André Vianco, Emílio Braz, o cordelista César Obeid e a dupla Palavra Cantada, serão oferecidas gratuitamente ao público. Além disso, escritores de Sorocaba e região também participarão de atividades e apresentarão suas obras.

Segundo o secretário da Cultura e Lazer, a Expo Literária deste ano será focada no público infanto-juvenil com uma programação que aposta bastante no talento dos escritores sorocabanos e na contação de histórias.

Para isso, também participarão do evento, por exemplo, o ator e contador de histórias Zé Bocca, os escritores Débora Benga, Paulo Ravagnani, Melissa Branco, Oswaldo Biancardi Sobrinho, Gepeto, com seu teatro de bonecos, e a Cia. Tempo de Brincar, com muitas músicas e histórias já bem conhecidas e apreciadas pelo público infantil de Sorocaba.

PROGRAMAÇÃO

Dia 19 de Outubro – Abertura Prêmio Anual de Literatura

19h
Auditório da Biblioteca Municipal
Abertura Oficial
Palestra: Armando Oliveira Lima
“Homenagem a Lobato”
Prêmio Anual Sorocaba de Literatura
Fábio Gouveia “Quarteto Musical”

Dia 20 de Outubro - quinta-feira

9h
AUDITÓRIO
Claudia Bernadete Veiga de Almeida - “Literatura Africana”
Público: jovens e adultos

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Cia. Tempo de Brincar - “Coisas de Saci”
Público: infantil

TENDA O SACI
Laé de Souza - “A Literatura como Prazer”
Público: infanto-juvenil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Paulo Ravagnani - “A Necessidade da Filosofia no Mundo Atual”
Público: jovens e adultos

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Débora Brenga - “Contação de Histórias”
Público: infantil

10h
TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Osnival José Búfalo - “Mimica: Proibido Mascar Chicletes”
Público: livre

10h15

AUDITÓRIO
Júlio Emilio Braz - “As Interrelações Literárias e Sociais dentro da Moderna Literatura Infanto-Juvenil”
Público: infanto-juvenil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Maria do Carmo/Marcello Marra/Elisete Martins - “O Mundo Mágico de Monteiro Lobato”
Público: infantil

TENDA O SACI
Laé de Souza “A Literatura como Prazer”
Público: infanto-juvenil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Zé Bocca - “Os Manducas de Fiuza”
Público: infanto-juvenil

10h30

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Nelson Malheiro - “Saga do Povo Hebreu”
Público: livre

14h

AUDITÓRIO
Júlio Emilio Braz - “As Interrelações Literárias e Sociais dentro da Moderna Literatura Infanto-Juvenil”
Público: infanto-juvenil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Cia. Tempo de Brincar - “Coisas de Saci”
Público: infantil

TENDA O SACI
Laé de Souza - “A Literatura como Prazer”
Público: infanto-juvenil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
César Obeid - “Contação de História e Bate Papo”
Público: infanto-juvenil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Ricardo Reis - “Palestra Motivacional”
Público: livre

14h30

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Douglas Santos Junior - “Declaração de Poesias”
Público: livre

15h

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Oswaldo Biancardi Sobrinho - “Apresentação Musical”
Público: livre
15h15

AUDITÓRIO
Teatro de Bonecos do Gepeto - “Pipocando com Pinóquio”
Público: infantil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Melissa Branco - “Apresentação Musical Semeando Em Cantos”
Público: infantil

TENDA O SACI
Laé de Souza - “A Literatura como Prazer”
Público: infanto-juvenil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
César Obeid - “Contação de História e Bate Papo
Público: infanto-juvenil

19h30

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Palavra Cantada

Dia 21 de Outubro - sexta-feira

9h

AUDITÓRIO
Kiara Terra - “A menina dos pais crianças”
Público: infantil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Sérgio Vaz - Palestra
Público: infanto-juvenil

TENDA O SACI
Zé Bocca - “Histórias para ouvidos pequenos”
Público: infantil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Monisa Maciel e Suzana Brunhara - “Nascimento da boneca Emília”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Jairo Valio - “Aquecimento Global”
Público: livre

10h

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Hélio Moura Filho - “Poeta de Bar”
Público: livre

10h15

AUDITÓRIO
Marcia Kupstas - “A aventura de ler e a disciplina dos sentimentos”
Público: infanto-juvenil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Monisa Maciel e Suzana Brunhara - “Histórias Folclóricas”
Público: infantil

TENDA O SACI
Maria do Carmo/Marcello Marra/Elisete Martins - “O Mundo Mágico de Monteiro Lobato”
Público: infantil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Paula Knoll - “Contos Encantados”
Público: infantil

14h

AUDITÓRIO
Marcia Kupstas - “A aventura de ler e a disciplina dos sentimentos”
Público: infanto-juvenil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Monisa Maciel e Suzana Brunhara - “Contos Populares”
Público: infantil

TENDA O SACI
Teatro de Bonecos do Gepeto - “Pipocando com Pinóquio”
Público: infantil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Paula Knoll - “Contos Encantados”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Débora Brenga - “Contação de Histórias”
Público: infantil

15h

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Nicanor Filadelfo Pereira - “A arte poética no contexto da vida”
Público: livre

15h15

AUDITÓRIO
Maria do Carmo/Marcello Marra/Elisete Martins - “O Mundo Mágico de Monteiro Lobato”
Público: infantil

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
Zé Bocca - “Histórias para ouvidos pequenos”
Público: infantil

TENDA O SACI
Teatro de Bonecos do Gepeto - “Pipocando com Pinóquio”
Público: infantil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Melissa Branco - “Apresentação Musical Semeando Em Cantos”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Oswaldo Biancardi Sobrinho - “Declamação Poética”
Público: livre

16h

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
João Batista Alvarenga - “Declamação com performance teatralizada”
Público: livre

17h

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Florentina de Lourdes R. Blagitz e Edival de Moraes Blagitz - “Bate-papo com leitor”
Público: livre

19h30

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
André Vianco - “Palestra e bate papo”
Público: jovens e adultos

Dia 22 de Outubro – sábado

13h30

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Nelson Porfirio Rodrigues - “Interpretação Musical”
Público: livre

14h

AUDITÓRIO
Zé Bocca - “Os Manducas de Fiuza - Debate com Escola da Família"
Público: infanto-juvenil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Nathalia Cristina G. De Rosa - “Interpretação Musical”
Público: livre

14h30

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Beatriz Biancardi - “Interpretação e Musicalização”
Público: livre

15h

TENDA CAÇADAS DE PEDRINHO
SESC - “Conto de Fadas”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Alessandra Jovelina Duarte - “Declamação de Poesia”
Público: livre

15h30

TENDA O SACI
SESC - “Cia. Circo de Bonecos”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Ana Maria Duarte - “Declamação de Poesia”
Público: livre

16h

AUDITÓRIO
Laé de Souza - “Publiquei meu Livro! E agora?”
Público: infanto-juvenil

TENDA MEMÓRIAS DE EMÍLIA
Melissa Branco - “Apresentação Musical Semeando Em Cantos”
Público: infantil

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Rafael Granado Brossi - “Declaração de Poesia”
Público: livre

16h30

TENDA O SACI
Conservatório Musical Rogério Koury – "Apresentação dos Alunos de Canto"
Público: livre

TENDA REINAÇÕES DE NARIZINHO – AUTORES SOROCABANOS
Francisco Vieira Ribeiro – "Declamação de Poesia”
Público: livre

ESPECIAL

Intervenções com "KIKA", do Mundo Encantado do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", durante toda a programação Exposição da 4ª Expo Literária
Exposição “EMÍLIA A BONECA DE LOBATO”
Local: Biblioteca Municipal de Sorocaba “Jorge Guilherme Senger”
Horário: 9 às 20h

25 a 31 de Outubro
“Semana Literária da Academia Sorocabana de Letras”
Local: Casa 52 / Jardim Maylasky – Centro
Horário: 9h às 21h
Gratuito

Fonte:
Jornal Ipanema

sábado, 15 de outubro de 2011

Wagner Marques Lopes (Trova Ecológica 31)

Fonte:
Trova e imagem enviada pelo autor

Paulo Freire (Verdades da Profissão de Professor)


Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.

A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

Ialmar Pio Schneider (Soneto ao Professor)


15 de outubro - Dia do Professor
Aos professores Helena, Ana Cristina e André Ricardo,

esta Homenagem ao Dia do Professor.

Lembremos a pessoa de valor,
neste dia, com muita seriedade,
que deu à nossa vida qualidade,
nosso ilustre e abnegado professor...

Vivemos já desde a mais tenra idade,
obtendo ensinamentos com amor
de nossos pais e do batalhador
mestre-escola, com rara habilidade.

Depois, ao longo de nossos caminhos,
vamos seguir quase sempre sozinhos,
mas com o que ficou em nossa mente.

Aquelas lições que recebemos,
eu bem sei que jamais esqueceremos,
que o ensino é um legado permanente !

Porto Alegre – RS, 15 de outubro de 2011.

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Lisbeth Lima de Oliveira (Poesias Avulsas)


LIGEIRO

Ainda no pé, depois de madura.
a goiaba, desfalcada de sua carne vermelho-polpuda.
mostra seu lado mais secreto:
as sementes, elegantemente arranjadas umas sobre as outras.

Admiro a disposição dos grãos
e encontro a natureza e sua origem.
Mas, apesar, de me ser permitido
testemunhar tal espetáculo.
Invejo o pássaro que chegou antes de mim.

TORRES GÊMEAS

Da construção gemelar.
pedaços homozigotos de pedra e gente.

MARÉS

Dessa janela vê-se o mar.
Ouve-se o barulho do mar.

Dependendo da maré,
também vou e volto
cá com meus barulhos.

E minha janela escotilha o continente:
dependendo da maré,
lanço-me em viagens
que me lembram o paraíso.

Vez por outra,
fico atracada cm mim.
Cá com meus barulhos.

DILIGENTE

Desliza ágil, qual dedos sobre cetim,
o grafite.
E desenha.
E rabisca.
Mas é quando escreve palavra
que ele se mostra veloz,
quase indomável,
como são as palavras quando querem ser lidas.

INEVITÁVEL

Não olhou para trás: sal, não queria virar.
ar lhe consumia o sangue e
formigas-doceiras, pequenas, rondavam seus sonhos.

A sua vida era pobre em escolhas.
Estava só.

Só, com as formigas-comuns rondando seu corpo,
Que quisera imortal.

ENCONTRO

Trouxe-me a chuva.
E, depois dela,
céu aberto, anil.

Trouxe-me a noite.
E, dentro dela, seu corpo chuviscado,
amanhecido junto ao meu.
Dia claro, céu aberto. abril.

ERVA-DOCE

Guardei tuas cartas
numa antiga caixa de sabonetes:
minúscula alcova, incensada de desejos secretos.
De amor perfumada!

POUSIO

Meu corpo repousa
assim como a terra arada,
desenhada para o plantio.

Entre uma safra e outra,
meu corpo repousa e te espera paciente,
enquanto escolhes as sementes.

Quando vens, é sol.
Mas a terra fica molhada.
E quando tudo parece árido
me encantas outra vez.

E meu corpo se acostuma
com chuvas de verão.
com temperamento sazonal.

INCOMPLETUDE

Quero ter motivos para ter saudades de você quando longe.
E que essa saudade seja barulhenta: de risos, de falas, de quereres.
E, estando perto, uma saudade calada:
de toques, de afagos, de sentidos.

Mas quero que se cumpra, mais uma vez, sua sina:
a de me garantir a doce sensação da incompletude.

INCENDIÁRIO

Debandaram pássaros,
bichos de arribação.
Flores queimadas na estrada
não se deixaram cheirar.
Um amor perdido, negado, devasta,
abre clareiras.
É invasivo o fogo da ausência.

Fonte:
Antonio Miranda

Lisbeth Lima de Oliveira (1963)


Nasceu em João Pessoa – PB, em 27 de agosto de 1963. É formada em Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba. Fez a Especialização em Língua e Literatura Francesa e o Mestrado em Biblioteconomia (hoje Ciência da Informação) na mesma Universidade. Morou quatro anos e meio na França nas cidades de Toulouse e Perpignan respectivamente. Durante esse período fez alguns cursos entre os quais fotografia, uma de suas paixões. Desde 1998 mora em Natal – RN. Em 2000 participou do Concurso de Poesia Zila Mamede e teve o seu poema “Santos” o mais votado pela Internet. Em 2001, ganhou o Prêmio Othoniel Menezes com a obra “Dormência” promovido pela Capitania das Artes.

Publicou seu primeiro livro em abril de 2002 compilando os 40 poemas premiados e mais outros 20 guardando o mesmo título: Dormência. A respeito de Dormência o professor Tarcísio Gurgel diz: “sua estratégia em livro, com esse conjunto de sessenta poemas, já contemplados com um prêmio, o Othoniel Menezes em 2001, surpreende e causa admiração. Porque nos revela uma poetisa que já se apresenta aos seus leitores consciente da dura condição de artesã da palavra. Nisso, aliás, ela se aproxima de uma conterrânea já famosa, que orgulhosamente tornamos potiguar: Zila Mamede. Porém, há que assinalar uma diferença básica. A autora de Rosa de Pedra, extremamente ciosa da sua adesão ao neo-parnasianismo, em sua estréia, prima por uma organização lírica que, por assim dizer é traçada a régua e compasso, Lisbeth, já personagem deste outro século, supera a tradição do moderno e encontra na pós-modernidade o espaço natural para o seu discurso poético”. Em 2004 fez o curso de Especialização em Literatura Brasileira do século XX pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Em setembro de 2004 publicou Felice. Livro temático, Felice apresenta 50 poemas de amor. A respeito dele, o poeta Sérgio de Castro Pinto revela: “em Felice, a paraibana Lisbeth Lima de Oliveira reúne poemas que são cartas de amor. Mas cartas de amor de quem se mostra a um só tempo apaixonada pela linguagem e pelo amado, seja ele real ou fruto do fingimento do eu lírico. No entanto, incidisse a paixão tão somente sobre o amado, a linguagem teria tudo para ser negligenciada e os poemas certamente resultariam em ridículas cartas de amor. Há quem escreva poesia apenas com a emoção à flor da pele. Outros escrevem-na sabendo da distância entre a flor da pele e a folha de papel.Estes vencem a distância investindo na linguagem sem abdicar dos sentimentos.É o caso de Lisbeth Lima de Oliveira no excelente “Felice”, livro que ora vem a público”.Participou como membro de comissão julgadora de diversos concursos em Natal. Em junho de 2006 apresentou-se no Museu Câmara Cascudo fazendo uma leitura dramática em francês, de um trecho do livro Ulisses, de James Joyce. Atualmente está inscrita como aluna especial no doutorado de Letras da UFRN. Além da fotografia e da literatura, Lisbeth Lima adora exercer a maternidade (“sou uma mãe voluntária”) criando seus dois filhos: Gabriel, 11 anos e Miguel, 5 anos. Casada com Paulo, companheiro há muitos anos e primeiro leitor de suas criações.

Fonte:
Antonio Miranda

O Professor em Versos

Organização de Ademar Macedo em homenagem aos professores

AO PROFESSOR
–Conceição Assis/MG–

Mestres – heróis a lutar
na batalha do saber.
Dura missão é ensinar
a quem não quer aprender!

É motivo de alegria
para o mestre (ele não nega),
ver o aluno de outro dia,
ser agora o seu colega.

Sou mestra; neste labor
a minha vida se encerra.
E ensinando com amor
eu deixo a marca na Terra.

****************************

Todo dia ele enfrenta uma labuta,
incansável, resiste e segue em frente,
aprendendo e ensinando a essa gente
a moral, o saber e a conduta.
sem ter tempo pra descansar da luta,
trabalhando ele busca com fervor,
ensinar e mostrar com seu amor
que o saber é o seu maior legado.
eu só quero é que fique registrado
a importância real do professor.
-JOSÉ ACACI/RN-

É nato esse dom divino
que te enaltece o valor.
Dedicas à juventude
cultura, atenção e amor.
Que deus te proteja sempre
na lida de professor.
–VÍTOR COSTA/DF–

Ensinando o b-a-bá a uma criança,
Preparando-a para um mundo diferente.
Vai enchendo o mundo de esperança.
É o Mestre educando muita gente.
–MANOEL RODRIGUES LIMA/SP–

Professor
–CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ/USA–


De Ademar foi iniciativa
Deus abençoe seu labor,
de alentar a comitiva
para honrar ao Professor.

Hoje quisesse agradecer
a todos meus professores,
por ensinar-me a crescer
em outras sendas melhores.

Por sua grande dedicação,
em cada passo na vida
por amar sua profissão
em cada meta vivida.

Com sacrifício e desvelo
seu exemplo foram deixando,
jamais com senhas de duelo
e a seus alunos amando.

Deus lhes de com sua olhada
saúde, amor e abundância,
e muita paz em sua estrada
por sua honradez e constância

Canção das Professorandas
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–


Rasgando o céu em novos horizontes,
nessa visão do amor que busca as fontes
da pura vocação,
temos em nós a força que redime,
pois compreendemos, já, quanto é sublime
cumprir nossa missão.

Não têm força o fuzil, a espada, o sabre;
força existe no bom livro que se abre
nas mãos do professor!
Mais que as armas dos bravos campeões,
têm brilho heróico as mágicas lições
de um velho educador.

Ao ouro frágil, transitório, hodierno,
nós preferimos o tesouro eterno
do amor e do saber.
Vale mais educar uma criança
do que deixar-lhe volumosa herança,
que pode perecer.

Benditas sejam todas as passadas
que em busca desta escola foram dadas
por anos e mais anos!
Grande é dos pobres mestres a riqueza,
configurada na fiel nobreza
de esforços sobre-humanos.

Hoje, no entanto, como passarinhos
que vão deixando acolhedores ninhos,
onde há felicidade,
deste campo escolar nos despedimos,
e nas harpas do peito desferimos
gorjeios de saudade.

Esta nossa canção de despedida
parece a trova pueril, gemida
nas cordas da viola,
e, qual poeta que esgotasse as lavras,
só nos restam, agora, três palavras:
ADEUS, QUERIDA ESCOLA!

O Livro e o Professor
–ELIANA JIMENEZ/SC–


Abrem o livro
de cores intensas
profundas mensagens
na sala de aula.

Desfilam os mestres
em seus pedestais
Drummond e Bilac
em tons magistrais.

Pintores, autores
vão ser retratados
nas folhas macias
tão bem decoradas.

Despertam talvez
a arte escondida
no aluno que vê
na aluna que lê.

E aí professor
Aí está você
em meio aos grandes
é grande também
alcançando o sentido
de fazer o bem.

Meu Professor, Meu Amigo
–ROZA DE OLIVEIRA/PR–


Meu Professor, meu amigo
que bom contar contigo
neste meu viver.
Com devoção e carinho
dedicas tua vida
pra me ver crescer.

Nas tuas aulas eu sinto
que aprendo todo o dia
a questionar.
Venho feliz para a Escola
pois nela eu tenho um espaço
onde eu posso pensar.

Professor
és meu animador.
Tu despertas minha imginação.
Fico mais criativo,
isto me faz feliz
e tudo fica bem mais divertido.

Sou feliz
com o meu Professor
Ele é sempre o meu incentivador.
Sempre me faz crescer
me faz pensar e crer
que a vida é sempre um grande desafio.

Professor
–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–


Todo dia aqui tens a cena permanente:
material, livro-ponto, os outros camaradas,
e o avental que de tanto ir contigo ao batente,
já sobe até sozinho os degraus das escadas.

No intervalo, entre goles de chá ou cafezinho,
teus assuntos são sempre os mesmos de rotina:
“Será que vai sair aquele aumentozinho?
Será que vai subir de novo a gasolina?”

Não podes dar ao próprio filho mais carinho;
constrangido o entregas a outros cuidados,
e vens te dedicar, pelo dia inteirinho,
aos filhos de adoção que te são destinados.

Não tens a vida mansa, nem o que mereces;
pelo muito que fazes, pouco é o que te dão;
mas quando entras na sala, tudo isso esqueces,
e te propões, sereno, a cumprir a missão.

Como um milagre, então, tua força se revela,
e moldas a matéria prima, a teu contento;
és o artista que ao linho virgem de uma tela,
exprime em traços firmes o ardor do seu talento.

Por isso, Professor, no dia a ti votado,
mesmo assim como estás, oprimido e humilhado,
deves saciar a alma de orgulho profundo.

Não te vença essa angústia em que agora estiveres!
Nada tens... mas tens tudo... e podes, se quiseres,
Volver a teu sabor, a face deste mundo!

Professor
–MIFORI/SP–


Que o agora seja também
Mais um privilégio seu.
Questionar sim. Muito bem!
O desafio que apareceu

Mais um privilégio seu
Saber desequilibrar,
O desafio que apareceu
Para problematizar.

Saber desequilibrar,
Levar o aluno a construir
Para problematizar
E toda lição digerir.

Levar o aluno a construir
É missão do educador.
E toda lição digerir,
Ensinando com amor.

É missão do educador,
Sua realidade enfrentar,
Ensinando com amor,
Sabendo o como ensinar.

Sua realidade enfrentar,
Professor, homem de bem!
Sabendo o como ensinar,
Que o agora seja também.

Fonte:
Organização de Ademar Macedo em homenagem aos professores.

O Professor em Trovas

Organização: Ademar Macedo (RN)
Professor nos dá ensino
e nos tira da cegueira,
começa de pequenino
pra servir a vida inteira.
–ROSA SILVA/PT–

A professora, oferenda,
por deuses santificada,
professor, guarda-a na tenda
para não ser imolada.
CIDINHA FRIGERI /PR

A Professora parece
um lavrador a colher
ouro puro em sua messe
no garimpo do Saber!
–SELMA PATTI SPINELLI/SP–

Dentre as muitas profissões,
eu destaco o PROFESSOR
que fez, com suas lições,
alguém ser, hoje, um doutor.
–TARCÍSIO FERNANDES/DF–

Todo dia é da criança,
e também do professor:
ela aprende com confiança,
e ele ensina com amor.
–NEI GARCEZ/PR–

Professor, o grande mestre
Desse nosso conhecer
Pro praciano ou campestre
Ele transmite saber!
–PAULO DE TARSO/CE–

Ido é o tempo da alegria,
do mais respeitoso amor,,,
O PROFESSOR, hoje em dia,
é um grande herói... sofredor!
–HERMOCLYDES S. FRANCO/RJ–

Foi meu guia e conselheiro,
e hoje eu venho agradecer
àquele mestre – o primeiro -,
que, um dia, ensinou-me a ler...
–DARLY BARROS/SP–

O pó que emana do giz
e um salário sem valor,
torna bem mais infeliz
a vida do Professor!
–FRANCISCO JOSÉ PESSOA/CE–

Põe na voz o coração
e saúde o Professor
que cumpre sua missão
com carinho e muito amor !...
–SÔNIA DITZEL MARTELO/PR–

Mesmo em escolas escuras,
o mestre é fonte de luz,
seguindo as aulas seguras
do grande Mestre Jesus !
–ANTONIO COLAVITE FILHO/SP–

Fonte:
Trovas da imagem e da postagem = Organização de Ademar Macedo
Imagem = montagem da trova sobre imagem obtida em http://www.planetaeducacao.com.br

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 365)


Uma Trova Nacional

Professor... a escola é um templo!
Nele, a criança inocente,
à luz do teu nobre exemplo
vence a treva e faz-se gente!
–CAROLINA RAMOS/SP–

Uma Trova Potiguar

No seu trabalho fecundo,
um professor exemplar
não pode mudar o mundo
mas nos ensina a mudar!
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada

1996 - Bandeirante/PR
Tema: RUA - Venc.

O que é um beco? E a Leonora
que de esperteza se cobre,
respondeu à professora:
Um beco, é um motel de pobre!...
–JOSÉ MARIA M. DE ARAUJO/RJ–

Uma Trova de Ademar

Fiquei comigo a pensar
quando eu quis ser Trovador.
Se tem Deus para ensinar...
Não preciso Professor!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Nas pernas, a cola escrita!
e o professor, só olhando,
fica feliz quando a Rita
ergue a saia e vai colando...
–P. DE PETROS/SP–

Simplesmente Poesia

Professor...Apesar de Tudo!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Parabéns a você, que é Professor,
que recebeu de Deus essa missão
de nos dar o saber, numa lição,
no bê-á-bá do carinho e do amor;
na cartilha que teve o seu valor,
a tabuada... Ninguém vai esquecer!
Quem não lembra da carta de ABC,
o primeiro vestibular da vida...
E à professora, mal paga e esquecida,
este poema é também para Você!

Estrofe do Dia

Tal qual a pedra bruta a lapidar,
um dia eu fui levado para a escola.
Senti-me preso ali numa gaiola
e, coitadinho, tinha que estudar
e o bê-á-bá, tentava soletrar.
Estava ali com minh’alma inquieta
ouvindo a professora em sua meta
de ensinar-me o que ainda eu não sabia:
que com letras faria a poesia
no dia em que eu viesse a ser poeta.
–GILSON FAUSTINO MAIA/RJ–

Soneto do Dia

Ser Professor.
–LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA/MG–

Ser professor é ser um lavrador
que comporta a missão alvissareira
de cultivar a mente como flor
e prepará-la para a vida inteira!

É dar ao mundo, com desvelo e amor,
mais uma alma pura e verdadeira,
moldada nos augúrios do valor
pra desejar vencer, ser a primeira!

E que essa alma, no ruflar dos sonhos,
só busque o bem e os trilhos mais risonhos
de um nobre vicejar do pensamento...

Não olvide, porém, dessa lição
e renda ao mestre, com dedicação,
o merecido reconhecimento!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Valdeck Almeida de Jesus (Lançamentos no Congresso da União Brasileira de Escritores)

O jornalista baiano lança "30 anos de poesias e mais um pouco..." na Martins Fontes da Avenida Paulista, dia 11 de novembro, às 18 horas e "Memórias do Inferno Brasileiro" em Ribeirão Preto, durante o congresso da União Brasileira de Escritores. O encontro acontece de 12 a 15 de novembro, com debates, mesas redondas, seminários, oficinas literárias, lançamentos de livros etc. O livro de memórias será lançado dia 13, às 17 horas. Dentre outras atividades, Valdeck fará a leitura de um poema em homenagem a Damário da Cruz, poeta da Bahia, falecido em 21 de maio de 2010.

30 ANOS DE POESIA
O livro reúne obras literárias escritas dos 12 aos 42 anos do poeta jequieense, além de textos de outras épocas. De acordo com Andreia Donadon Leal, Bacharel em Estudos Literários e Pós-graduanda em Artes Visuais, "o que representa trinta anos de poesia na vida de um autor? O início ou o meio do caminho... Como versou Carlos Drummond de Andrade, "...no meio do caminho tinha uma pedra..." No meio do caminho tinha um obstáculo que alguns encontram ao longo do percurso, como há de ser em qualquer etapa ou estágio da vida. A pedra dantesca a que Drummond se referia, ainda incógnita, hoje tem inúmeros sentidos, análises e leituras semióticas. Afinal, a pedra drumondiana refere-se ao início ou ao meio do percurso ?"

MEMÓRIAS DO INFERNO BRASILEIRO
A obra retrata a vida da família Almeida, natural de Jequié-BA, que enfrentou desafios quase intransponíveis para sobreviver. O crítico literário Silas Correia Leite, em depoimento após leitura do livro, disse "Triste Bahia, diria (cantaria) o Veloso Caetano. Depois de vencer a miséria, a dor, a fome, o vencedor dilata o tempo de viver ao escrever sua história? Uma viagem para dentro do que deveria ser um éden que, dizem, em se plantado tudo dá (carta de Pero Vaz Caminha/1500), mas, na verdade há uma elite desaforada, um descompromisso do estado com os seus carentes, um neoliberalismo câncer com tufos de espertos na sociedade podre."

Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, funcionário público, editor, escritor e poeta. Embaixador Universal da Paz, Membro da Academia de Letras de Jequié, Academia de Cultura da Bahia, Academia de Letras de Teófilo Otoni, Poetas del Mundo, Fala Escritor, Confraria dos Artistas e Poetas pela Paz e da União Brasileira de Escritores. Publicou "Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden", "Feitiço contra o feiticeiro", "Valdeck é Pros a e Vanise é Poesia", "30 Anos de Poesia", "Heartache Poems", "Yes, I am gay. So, what? - Alice in Wonderland", dentre outros, e participa de mais de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005, o qual já lançou mais de 900 poetas. Colabora com os sites Favas Contadas, PressReleases, Artigonal, Web Artigos, Recanto das Letras, Portal Literal, Portal Villas, Pravda, Zona Mix, Gay.Com, Observatório da Imprensa, PodCultura, Overmundo, Comunique-se, Dzaí, Difundir, Jornal do Brasil, Só Artigos e À queima roupa. Tem textos divulgados nas rádios online Sol (Diadema-SP), Raiz Online (Portugal) e CBN Bahia (Globo).

SERVIÇO
O que: lançamento do livro "30 anos de poesia"

Quando: 11 de novembro de 2011, a partir das 18 horas

Quanto: R$ 30,00

Onde: Livraria Martins Fontes Paulista - Avenida Paulista, 509
01311-910 - São Paulo-SP - (11) 2167-9900

Site: www.martinsfontespaulista.com.br

O que: lançamento do livro "Memórias do Inferno Brasileiro"

Quando: 12 a 15 de novembro de 2011, vários horários

Quanto: R$ 30,00

Onde: Congresso da União Brasileira de Escritores - UBE - UniSEB - Centro Universitário - Unidade I - Rua Abrahão Issa Halack, 980 - Ribeirânia - 14096-160 - Ribeirão Preto-SP

Site da UBE: www.ube.org.br
Site da Livraria Cultura: www.livrariacultura.com.br

Fonte:
Digestivo Cultural, por e-mail.

Leonilda Yvonneti Spina (Criança)


Há nesse teu sorriso um brilho
de felicidade. Nos olhos
todo o encanto da inocência;
na voz a fala dos anjos.

Doce criança - gota de orvalho,
pingo de chuva, raio de sol.
Aceno de paz, manhã surgindo,
vida renascendo, flor se abrindo
leve gorjeio de rouxinol.

Na ternura de teu carinho:
pena de ave, calor de ninho.

Criança, meiga criança...
Alegra-me o coração
ver o teu desabrochar
linda flor, inda em botão!

Com a fértil imaginação
habitas nesse universo
de fantasia e realidade.

Não percas a ingenuidade!
Não deixes esse ar de surpresa
e encanto, de quem acaba
de alçar vôo diante da vida.

Jamais percas esse olhar
confiante, criança querida!

Guarda sempre essa meiguice.
A ilusão de que o mundo
é belo, divertido
e bom, como se fosse
colorido algodão-doce.

Não tropeces nos caminhos.
Conserva esse frescor,
protege-te dos espinhos!

Teu sorriso me faz bem,
teu carinho me conforta,
o terno olhar me emociona.
Tuas mãozinhas me conduzem
para dentro de mim mesma.

Encanta-me teu palavreado.
Surpreendem-me tuas estórias,
as perguntas inteligentes,
a incrível criatividade.

Tua pureza e ingenuidade
trazem-me a certeza, criança,
de que a vida vale a pena
e ainda resta esperança
para a sofrida humanidade!

O anjo da guarda seja sempre
teu santo protetor e guia.
E nunca te faltem as delícias
que te fazem vibrar de alegria.
……

Gosto tanto de te ver
saborear o sagu de vinho,
a sobremesa bem colorida,
ou, com os olhos fixos na tigela,
devorar os bolinhos de chuva,
feliz, a lamber os dedos
repletos de açúcar e canela.

Tua espontaneidade é tão bela!
Deixa-me que te beije e te abrace
(e que o tempo lentamente passe...).

Deixa-me contar-te estórias,
ensinar-te a recitar versos
que tão facilmente decoras.

Aproveita bem tuas horas...
Preserva a alma de criança!
Mantém a candura, a alegria,
esse sorriso de confiança!

Deus esteja sempre ao teu lado
nesse doce reino encantado!

Fonte:
Heloísa Crespo (Organização e Programação Visual). Ciranda “Criança em Versos”. Campos dos Goytacazes/RJ, 2011. E-book cedido pela autora.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Wagner Marques Lopes (Trova Ecológica 30)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 364)


Uma Trova Nacional

Não atires ao desterro
o teu irmão que pecou...
É bom combater o erro,
mas não aquele que errou!
–SELMA PATTI SPINELLI/SP–

Uma Trova Potiguar

A alameda... um vulto amado...
o banco tosco... o jardim...
- e esse orvalho do passado
caindo dentro de mim...
–LUIZ RABELO/RN–

Uma Trova Premiada

1987 - São Paulo/SP
Tema: Prece - M/H

Bem outro seria o clima
se em tantos gritos cruzados,
fosse ouvida, lá de cima,
a prece dos desgraçados!
–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–

Uma Trova de Ademar

Nos momentos mais tristonhos
chega a musa da poesia,
torna reais os meus sonhos
num mundo de fantasia.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Somente o grande Arquiteto,
escritor sábio e fecundo,
consegue escrever correto
nas linhas tortas do mundo!
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Simplesmente Poesia

O Dito e o Não Dito
–OLGA AGULHON/PR–

As palavras são cruéis e desobedientes;
não são humildes servas.
Fazem-nos cócegas
e depois que saem da boca,
não tornam a ela,
por mais que imploremos;
mas também não vão embora;
ficam ressoando no ar
e nos perseguem para sempre.
Por isso, busco o silêncio;
só ele nos deixa em paz.
As palavras...
prefiro prendê-las no papel.
Se viro a página
ou fecho o livro,
as silencio.
Vingo-me.
Venço.
Torno-me rei.

Estrofe do Dia

Quando Deus me levar pra eternidade
ficará nesta terra a minha cruz,
juntamente com todos meus pecados
pois pecados pra lá não se conduz;
e agradeço ao bom Deus por esta vida
e não quero que chorem na partida,
porque vou para o céu pra ver Jesus!
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

Delírio Lunar
–RACHEL RABELO/PE–

Esta noite me abraça com candura,
sinto o vento faceiro do cortejo,
revelando meu corpo de ternura
entre nuvens do doce relampejo.

Pirilampos beijando com doçura
as estrelas do meu sutil desejo.
São carinhos serenos da ventura
numa troca lunar que me protejo.

Sob a cama do verso que me deito,
entregando meu sonho mais perfeito,
me desnudo no orvalho da paixão.

Entre toques noturnos do querer,
sinto a lua luminosa renascer,
os delírios jorrados pelo chão.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Laé de Souza (Grupo Projetos de Leitura Lança Terceira Coletânea de Textos Criados por Estudantes de Escolas Públicas)


Um livro recheado de histórias surpreendentes, lirismo, muita emoção e grande incentivo pedagógico. Esses são apenas alguns predicados que classificam “As melhores crônicas dos projetos de leitura”. O livro traz crônicas escritas por alunos da Rede Pública de Ensino, selecionadas, por meio de um concurso literário em escolas de todo o Brasil e, ainda, crônicas do escritor Laé de Souza.

O lançamento do livro será realizado no dia 20 de outubro/11, às 14h, na Tenda O Saci, na Expo Literária de Sorocaba, evento que se realiza na Biblioteca Municipal Jorge Guilherme Senger, Rua Min. Coqueijo Costa, 180, Alto da Boa Vista, em Sorocaba, de 19 a 22. A obra estará disponível pelo valor simbólico de R$2,00, e o publico contará com a presença de alunos autores e do coordenador do projeto, o escritor Laé de Souza, que irá autografar a obra juntamente com os estudantes.

A obra, é uma das etapas dos projetos “Ler é Bom, Experimente!”, patrocinado pela Companhia de Seguros Aliança do Brasil e "Minha Escola Lê", patrocinado pela ZF do Brasil. Os projetos são desenvolvidos em todo o país pelo Grupo Projetos de Leitura, com o apoio do Ministério da Cultura. Para o coordenador do projeto, a leitura e a escrita devem ser encaradas como práticas essenciais à construção de cidadãos mais conscientes. “Nosso trabalho tem como objetivo formar uma nova geração de leitores. Eu como educador sei que isso não é uma tarefa fácil, mas possível, quando oferecemos condições e reunimos pessoas com o mesmo ideal”, destaca Laé de Souza.

Laé de Souza acredita, ainda, que a leitura e a escrita precisam ser fomentadas como uma forma de prazer e não de maneira obrigatória, tendo o professor um papel fundamental nesse contexto. “Muitas vezes é na sala de aula que se descobre o mundo mágico da literatura. Os educadores precisam mostrar aos estudantes que a leitura é uma das grandes ‘chaves’ para abrir um incrível mundo de possibilidades”, opina.

No mesmo horário acontecerá o lançamento do livro infantil "Quinho e o seu cãozinho - Férias na fazenda", de Laé de Souza.

Informações: (11) 2743-9491 e 2743-8400 - site http://www.projetosdeleitura.com.br/

Fonte:
Laé de Souza, por e-mail.

Antonio Pereira (Saudade)


Antonio Pereira é de Pajeú/PE

Quem quiser plantar saudade,
primeiro escalde a semente,
plante num lugar bem seco
onde o sol bata mais quente,
que se plantar no molhado
quando nascer mata gente.

Saudade é um parafuso
que quando na rosca cai,
só entra se for batendo,
porque torcendo não vai,
depois que enferruja dentro
nem destorcendo não sai.

Fonte:
Trovadores Unidos, por e-mail.

Rodrigo Humberto Flauzino (Construção de uma Biblioteca Com e Para Crianças Menores de 3 Anos)


Introdução

Tão importante quanto garantir que as crianças tenham acesso a bons livros desde bem pequenas, é organizar ambientes convidativos, aconchegantes e singulares para que elas possam usufruir das histórias em situações prazerosas de interação com os colegas, professores e famílias. A iniciativa de construir uma biblioteca na sala para e com as crianças, constitui-se uma excelente oportunidade para fomentar o contato das crianças com os livros, criar lugares mágicos, cheios de identidade, e realizar rodas de leituras.

Anos

2 e 3 anos

Duração

Um semestre ou ao longo do ano todo

Objetivos

- Construir, coletivamente, uma biblioteca como lugar capaz de abrigar não somente livros, mas de suscitar rituais agradáveis de leitura;
- Apresentar o acervo de livros, promovendo o gosto pelas histórias e ampliando repertórios;
- Estreitar a relação creche-família por meio do empréstimo de livros.

Desenvolvimento

1ª etapa
O primeiro passo é o professor discutir com seus parceiros - outros professores e equipe gestora - sobre os livros que pretende escolher para compor o acervo de sua futura biblioteca de sala. Essa escolha implica que o educador seja, acima de tudo, um leitor, que tenha interesse em se aventurar no mundo das histórias para conhecê-las, antes de lê-las para seu grupo de crianças. Selecionar temas como: animais, objetos sonoros, família, transportes, personagens de diferentes etnias, histórias cumulativas com várias figuras do universo do faz de conta (bruxas, piratas, lobos).

Outra dica é escolher livros coloridos, com ilustrações bem definidas, textos curtos e alguns com fotografias reais das coisas. É importante garantir um equilíbrio entre a quantidade de livros de capa dura com livros de material convencional, pois é comum que algumas páginas se danifiquem, rasguem ou que sejam levadas à boca, em razão do grande interesse e da necessidade da meninada em manipular as publicações.

Não se esqueça de incluir no acervo livros que contenham apenas imagens, pois eles favorecem a criação de histórias próprias das crianças.

2ª etapa
Deve-se organizar um lugar onde os livros ficarão expostos e acessíveis às crianças. De preferência, escolha um canto em que haja o encontro das paredes ou então aproveite a parte traseira de móveis e armários. Depois, é possível confeccionar suportes de tecido com vários bolsos, trilhos de cortina virados ao contrário para serem fixados à parede, baús de madeira pintados pelas crianças ou até mesmo aqueles caixotes de feira, que se ganharem rodinhas e cor ficam melhores ainda, uma vez que poderão ser transportados de um lugar para o outro.

3ª etapa
Uma prática que dá bastante resultado é construir um tapete com as crianças. O objetivo principal aqui é fazer com que o tapete tenha "a identidade" delas, uma vez que servirá como um indicador dos momentos de leitura, iniciando assim um ritual próprio da turma.

Separe um tecido de algodão cru de mais ou menos 2 por 2 metros. Veja a possibilidade de alguma família ou profissional da creche costurar as bordas do tecido para que o tapete não desfie conforme o uso. Convidar alguém da comunidade interna ou externa faz com que o trabalho comece a ser partilhado entre todos, dando noções para as crianças de que é importante realizar as ações de maneira coletiva. Acredite, sempre terá alguém disponível para ajudar!

De posse do tapete, organize com as crianças situações de pintura. Nessa hora vale experimentar muitas técnicas: carimbar o tecido usando esponjas e guache; desenhar as silhuetas das crianças pedindo que elas se deitem sobre o tapete, fazer a sobreposição dos contornos e, em seguida, pedir que elas pintem por cima usando tintas. Fazer intervenções com fitas crepes ou outros moldes de desenhos de interesse da turma - bichos, símbolos - para que elas passem rolinhos de pintura e deixem suas marcas sobre o tecido. Feito isso, é só esperar secar para depois começar a usá-lo como um indicador do ritual das rodas de leitura na biblioteca.

4ª etapa
Outra estratégia para delimitar o ambiente é solicitar às famílias que enviem para a instituição camisetas, vestidos ou outras roupas reconhecidas pelas crianças para que esse material seja preenchido com espuma, costurado nas aberturas e depois pintado pelas próprias crianças, transformando-se em "almofadas personalizadas". É curioso ver a criançada de posse de sua própria roupa reaproveitada como estofados para sentar-se e deitar-se enquanto os livros são apreciados.

5ª etapa
Apresente os livros da biblioteca aos poucos às crianças. Uma ideia é reunir a turma no "cantinho" do tapete diariamente em um horário específico, como, por exemplo, logo após o lanche, e apresentar alguns. Você pode ler o título e até o comecinho da história, mostrar as ilustrações e fazer perguntas sobre o que eles acham que acontecerá. Um pouco de suspense ajuda a aumentar a curiosidade da turma pelos livros. Deixe que as crianças também se envolvam com a organização dos volumes na estante. A divisão pode ser bem simples, como os gibis e revistas de um lado e os livros de outro. Outra classificação pode ser: ‘os que gostamos mais’ e os que ‘ainda não conhecemos’. Ou os livros que trazem histórias e os informativos, que explicam coisas. Os pequenos devem ter noção de que tipo de livros encontrarão em determinado lugar da estante. É importante que as crianças tenham acesso livre à biblioteca (ou ao menos a parte dela) e possam manusear os livros à vontade sob o olhar do professor - além do momento específico da leitura conduzido pelo educador com um enfoque direcionado a uma determinada prática.

6ª etapa
E qual deve ser a relação do professor com a leitura? Na biblioteca, o foco é pensar na sua prática enquanto leitor. Você é, afinal, o responsável por apresentar o mundo da leitura e é o mediador entre o objeto livro, as crianças e as relações que ali se estabelecem. Nessas situações, certas estratégias e posturas são importantes, tais como: antes de iniciar a roda de leitura, o professor deve mostrar o livro para as crianças, chamar a atenção para sua capa, ler e apontar para o título, dizer quem escreveu a história, quem a ilustrou e qual o nome da editora. As crianças se interessam por essas informações, por vezes perguntam sobre quem fez o livro e se manifestam com sorrisos, gargalhadas e palmas quando o nome é engraçado!

Indagá-las sobre o que acham que a história vai contar, incentivando-as a levantarem hipóteses e anteciparem a narrativa, constitui-se um estímulo à imaginação e ao desenvolvimento da oralidade. Também é necessário ler o texto na íntegra, sem suprimir trechos, pois isso ajuda a criança a perceber que as palavras representam a fala, que há muitos jeitos de se contar e diferentes estilos e estruturas de textos (rimas, poesias, contos, lendas...). Aliás, diversificar os tipos de livros, apresentando-os diária ou semanalmente possibilita que as crianças se apropriem deles com mais liberdade e competência ao manuseá-los sozinhos.

Durante a leitura, procure caprichar nas entonações de voz que transmitam emoção, suspense, surpresa e alegria. Outra dica é ler mostrando as ilustrações. Essa estratégia os deixa mais envolvidos com a narrativa. Mas deixe para fazer os comentários sobre as ilustrações após a leitura do texto.

Uma maneira de comentá-las é imaginar que somos interlocutores de uma "obra de arte", fazendo perguntas que podem ser mais simples ou complexas, respeitando a idade da criançada. Geralmente, mostramos a ilustração e incentivamos que digam: O que vêem na imagem? O que será que o personagem fez/está fazendo/fará? O que chama a atenção? O que aparece na cena? Quais objetos aparecem? Quais as cores? Como está o personagem? Triste? Alegre? Qual será seu nome? Se repentinamente surge algo inusitado como, por exemplo, uma girafa, quem já viu esse animal? Entre tantas outras possibilidades de intervenção.

Em suma, o professor leitor é aquele que, por meio da leitura, leva a criança a conhecer novos universos, despertando de alguma maneira afetos e sentimentos, que podem ser sensações de alegria, prazer, mas também lembranças, saudades...

7ª etapa
Para o empréstimo dos livros, faça na sala um painel que servirá como fichário. Vale construir um mural, cujo fundo seja colorido pelas próprias crianças. Uma boa ideia é usar papel panamá e aquarela; outra é pintar com pincéis largos sobre cartolinas ou, ainda, espalhar tinta guache com as mãos em suportes que podem ser plastificados com contact para durar mais. Em seguida, é possível fazer alguns bolsinhos e colocar as fotos de cada criança na frente deles. Dentro de cada bolso vai uma ficha que pode ser tanto relacionada ao nome da criança e às anotações do livro que ela levará para casa, quanto o contrário: a ficha pode ser retirada do próprio livro para ser colocada no bolsinho respectivo à criança. Elas se apropriam dos combinados aos poucos. No começo, a brincadeira fica por conta de tirar e por as fichas nos bolsos, trocando-os entre os colegas. Permitir essa experimentação inicial é saudável, para em seguida comunicar o uso correto.

8ª etapa
Com relação ao início do empréstimo, combine com os pais ou responsáveis que a ideia é estreitar os vínculos entre a creche e a família por meio da leitura, assim como estabelecer um elo em que o livro seja o intermediador de histórias e outras conversas entre todos. O contrato aqui é definir um dia da semana (geralmente sexta-feira) e convidar as famílias para escolherem um livro junto com a criança, escutando suas preferências e estratégias de escolha, tais como: a história já conhecida, a capa que chama atenção, a editora, o autor, as ilustrações.

Feita a seleção, criança e família levam o livro para casa dentro de uma sacolinha de pano ou pasta, ao melhor estilo "vai-e-vem". No dia combinado para a devolução do livro, é importante que o professor garanta uma roda de conversa para saber das crianças como era a história, do que elas gostaram, quem leu para ela, em que lugar o livro foi lido etc. Nessas situações, as crianças costumam falar aspectos ligados à afetividade vivida com a leitura: "Minha mãe leu pra mim", "Foi minha irmã que contou a história do lobo", "O macaco encontrou a mamãe dele...".

Avaliação

Diante do processo, o mais significativo é desenvolver permanentemente as ações e atentar-se ao movimento do grupo. Com o tempo, é possível notar que, ao estender o tapete, as crianças já se acomodam e pedem para ouvir as histórias. Também é comum que elas peguem as próprias almofadas, usando-as enquanto entram no universo mágico dos livros. Um papel importante do educador é observar como as crianças manuseiam os livros, se contam as histórias para si mesmas e para os outros, se tentam interagir com as imagens, apontando-as ou tentando pegá-las, se repetem aquilo que ouviram. Ouvir a devolutiva das famílias é outro ponto forte.

Por fim, não descuide da renovação do acervo da biblioteca. A chegada de novos livros potencializa o interesse das crianças e amplia o repertório delas.

Fontes:
Revista Nova Escola. n. 246. Outubro de 2011. Abril Cultural.
Imagem = http://bibliopioxii.blogspot.com

Fernando Cruz (Um Menino)


De altura tem um metro, ou pouco mais,
A roupa suja, a face lambuzada,
Chapéu de palha, de aba desabada,
dois olhos frios como dois punhais.
Um seu sorriso não se viu jamais,
A boca um traço, sempre tão fechada,
pinta a figura que se faz notada,
mais por grunhidos do que por sinais,
Não sabe ler e nunca foi à escola,
o abandono recebeu de herança,
e pouco mais receberá de esmola.
E na medida que em idade avança,
na triste vida que a miséria imola,
homem será, sem nunca ser criança!

Fonte:
Heloísa Crespo (Organização e Programação Visual). Ciranda “Criança em Versos”. Campos dos Goytacazes/RJ, 2011. E-book cedido pela autora.

Darly Barros (Melancolia)


O sol boceja! A Noite Santa avança
e, em meio ao lusco-fusco do poente,
volto a sentir saudades da criança
que a vida fez crescer e, de repente...

Nada, contudo, guarda semelhança
com os Natais do meu antigamente:
o mundo é outro  a bem-aventurança
da data, um breve hiato, num presente

de tanta violência entre os mortais,
que é fácil compreender não volte mais
essa criança que se foi tão cedo;

prefiro vê-la agora recolhida,
neste meu peito que, de volta à vida
mas, infeliz e trêmula de medo!

Fonte:
Heloísa Crespo (Organização e Programação Visual). Ciranda “Criança em Versos”. Campos dos Goytacazes/RJ, 2011. E-book cedido pela autora.