segunda-feira, 7 de agosto de 2023

José Feldman (Viagem ao Mundo Fantástico da Babilônia)


(Dedicado ao meu amigo Andréa Righetti)

Onde? Filme? No Brasil? Onde fica? O que tem de fantástico?

Mas, que você, caro leitor, ficou curioso, com certeza ficou e, apesar de livros como o Guia dos Curiosos ou o Mundo Curioso da Natureza, sempre vem à mente aquilo que nossos pais, os pais deles, os pais dos pais, e assim por diante, diziam: “Meu filho! A curiosidade matou o gato!”.

Fique tranquilo! Após esta leitura, ninguém morrerá, nem de raiva – pelo menos, eu acho.

Nossa história de passa em uma cidade do interior de São Paulo.

Não! Ela não se chama Babilônia!

O nome dela é Piracicaba. 

Todo mundo lembra da música “O Rio Piracicaba...” e assim por diante. Se não lembra, não fique chateado, eu também não lembro.

Mas, vamos diminuir a nossa esfera localizacional (“êta” palavra chique, que deixa qualquer um mais perdido do que cego em tiroteio), e vamos para a Rua Boa Morte.

Gente! Os piracicabanos que me perdoem, mas um nome deste é assustador. Eu é que não vou passar nesta rua, sozinho, à meia-noite. Dá o que pensar um nome assim. 

Quando você entra na rua deveria haver uma Agencia de Plano Assistencial Boa Morte, com direito a escolha de terreno e advogado para efetuar o testamento. Percorrendo a rua, no meio dela, uma casa funerária e ao final, um cemitério.

- Ô, cumpadi. Pronde ocê vai?

- Prá  Boa Morte.

- Pêsames, finado.

Vamos lá! Pensa um pouco! Um nome destes! Cruz Credo!!!!! 

Será que o Bairro se chama Pé na Cova?

Bom! Deixemos estas elocubrações de lado e que sendo boa a morte, resolvi aproveitar a boa vida e fui a um restaurante me fartar no pecado da gula (esta é uma Boa Morte: Comendo bem). 

O restaurante chamado Babilônia. Não sei não. Talvez Sodoma e Gomorra casasse mais com o nome da rua. Mas, Babilônia dá um ar de paraíso na Boa Morte.

Entremos neste Éden de delícias, que é comandado pelo César italiano de nome Andrea.

Mas, para não pensarem que eu estou fazendo propaganda do dono que é o Andrea, nascido na Itália (uma dúvida fica de repente: Babilônia é colônia italiana?), não vou chama-lo de Andrea, usarei um nome fictício que faz jus aos nomes italianos de seus antepassados. Portanto, Andrea, passa a ser chamado de Toshio Nakama. Portanto, Babilônia é comandada pelo valoroso carcamano Toshio Nakama, que veio da Itália, não recordo bem, mas acho que nas costas de uma tartaruga.

Imagino que seja, pois demorou tantos anos para chegar aqui no Brasil.

Ecco! Tutto bona gente!

Enfim, após a saudação habitual pro-forme: “Ave, Toshio. Os que vão morrer te saúdam”, o banquete estava servido. Uma mesa enorme com iguarias finas dos mais profundos rincões das Itália: feijão, linguiça, palmito, tutu, lazanha. Resumindo, uma salada russa.

Como o leitor pode perceber, nosso amigo Toshio Corleone não discrimina nações.

Mas, o que torna este restaurante fantástico, o que faz viajarmos na Babilônia de nossos sonhos é o molho que é servido por um indivíduo que é uma mistura de Corcunda de Notre Dame com o ator Jean Reno, isto é, é de dar pena, parece uma trombada de dois trem-bala. Este molho, se chama Righetti. 

E o bacana de tudo é que quando as pessoas vão lá, vão para comer o Righetti.

- Porque você vai tanto no Babilônia?

- Adoro comer o Righetti.

Vão lá! O Righetti é fantástico!

Concomitantemente (êta palavra linda, e enooooooooooooooorme. Não sei bem o que significa, mas que é bacanona é!), depois que todos comem o Righetti, Toshio Nakama percorre as mesas observando a todos e animando com o seu bom-humor. Afinal por lá tudo é bom. Bom apetite, bom humor, boa morte...ahhhh! A Boa Morte outra vez!

Todos que saem de lá se sentem transportados aos Jardins da Babilônia, um paraíso perdido, ainda mais porque comeram o famoso Righetti.

Finalmente, para não encerrar sem uma boa mensagem a quem suportou esta crônica até agora, que li não lembro onde:

“O discípulo veio ao mestre Zen, lamentando-se, em plena fossa:

- É curta a vida! É curta a vida!

O mestre Zen, porém aproveitando as mesmas palavras, com variante na pontuação, solucionou:

- É curta a vida, é? Curta a vida!”
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Observação: O Restaurante Babilônia onde Toshio Nakama me aguarda todos os dias com um machado na mão (não sei porquê), fica na Rua Boa Morte, 1262, em Piracicaba. Não esqueçam de dizer que querem comer o Righetti.

(Piracicaba 23 outubro 2009)

domingo, 6 de agosto de 2023

Fabiane Braga Lima (Esperança...)

Eu não sei qual é a tua idade, ou de onde és, também não sei se és um escritor ou escritora. Se for um escritor ou escritora, eu quero te dar um conselho, dê tempo ao tempo, não ultrapasse o tempo e nem troque o certo pelo incerto.

Não queira assassinar os sentimentos seus e alheios, guarde-os somente contigo. O nosso país mudou, olhe tudo ao nosso redor, distópico, utopia e de repente tudo virou uma grande piada sem graça dita por um piadista sem talento.

Mas, vamos nos permitir pelo menos, acreditando que tudo de ruim irá passar. Então, não troque o certo pelo incerto, respeite o tempo, para que juntos, possamos ter esperança, de que ainda vale a pena, contar boas histórias e sermos honestos...!

Fonte:
Enviado por Samuel da Costa

Flora Munhoz da Rocha (Dezesseis batizados)

Esta é a história atrevida de um astuto vigarista de audácia sem precedentes. O homem teve a petulância de batizar o filho dezesseis vezes. Verdade. Não há exagero — dezesseis vezes. Toda vez que acabava o dinheiro em casa, ele não tinha dúvida, saía atrás de um padrinho de posses e já marcava em nova igreja um novo batizada. Logrou engenheiros, advogados, gente que não tinha nada de boba. Madrinha não tinha, era sempre Nossa Senhora. Ele sabia que mulher esmiuça as coisas e acabaria descobrindo.

Sabemos que é costume entre a classe mais humilde, os padrinhos vestirem o afilhado no dia do batizado. Mas padrinho, quanto mais importante, menos tempo tem para se preocupar com enxovalzinho, então iam dando dinheiro, que era o que o pai do menino queria.

Embolsando o dinheiro recomeçava a trajetória do batizado seguinte. Já nem embaraço sentia mais. Entretanto, o raciocínio dele não abrangeu todas as hipóteses. Só na Caixa Econômica ele tinha três compadres e, conversa vai, conversa vem, os padrinhos do menino se certificaram do logro - meu marido, Jofre Cabral e, se não me engano, o terceiro era o Orlando Loyola.

Jofre foi o que mais se sentiu ludibriado. Ele, com seu entusiasmo peculiar, não sabia fazer nada pela metade e, além do dinheiro para o camisolão branco, pendurou no pescoço do menino cordão de ouro com medalha de São Judas Tadeu, abriu caderneta de poupança e no dia até conduziu-os no seu belo carro à Igreja Santa Felicidade, por causa da promessa que o malandro garantiu ter feito por ocasião do nascimento do garoto.

Sua vigarice merecia sério corretivo, e quando o acusaram de haver cometido um sacrilégio, pendendo os braços para o lado ficou com uma cara de choro totalmente ridícula, se justificando: "Não vejo gravidade nisso, quanto mais batizado meu filho for, melhor para ele, fica mais filho de Deus".

Recordo de que quando ouvi essa história, lembrei de outra muito parecida de quando na nossa casa éramos crianças e um dos meus irmãos, que tinha o apelido de Pedro Malazarte, fizera a primeira comunhão quatro vezes. Ele era levado da breca e vivia sendo convidado a se retirar dos colégios de padre e a cada vez que trocava de internato, afirmava nunca ter feito a primeira comunhão por causa dos doces, da vela na mão, do dia de folga.

Acho que foi por isso que escutei sem espanto a história dos dezesseis batizados.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Flora Camargo Munhoz da Rocha, ex-primeira dama do Estado (1951), cronista, (1911-2014) nasceu em Curitiba-PR onde viveu a maior parte de sua vida. Com a criação do estado da Legião Brasileira de Assistência, atuou no campo social: implantou quarenta postos de puericultura nas cidades do interior; em Curitiba, fundou a Creche Branca de Neve e a Cidade dos Meninos para recuperação e ensino profissionalizante de até trezentos adolescentes. Colaborou, por muitos anos, na Gazeta do Povo, no Jornal da Imprensa e na revista O Cruzeiro. Seu conto "Elisa" teve os direitos comprados pela Rede Globo, que o adaptou para o programa "Você decide"; e seu poema "Canção nupcial" foi musicado pelo maestro Eleazar de Carvalho e apresentado em récita de gala pela Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro. Recebeu várias condecorações, destacando-se a Lateraeclésia (Vaticano) em 1956 e o título de Vulto Emérito pela Câmara Municipal de Curitiba em 1978. Fundadora da fundação da Academia Feminina de Letras do Paraná, exerceu a vice-presidência durante a primeira gestão. Foi membro da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil, do Centro de Letras do Paraná, do Centro Paranaense Feminino de Cultura, da União Cívica Paranaense, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Sala do Poeta, da Academia de Letras José de Alencar, da Academia Feminina de Letras do Paraná e da Academia Paranaense de Letras. Publicou Apontamentos (1954, crônicas); Crônicas de Domingo (1956); Três menos Um (1956, peça teatral); O Armazém de Seu Frederico (1973, contos); Domingo a Gente se Fala (1975, crônicas); Ida e Volta (1976, flagrantes de viagens); A Beleza de Ser Criança (1977); O Sofá Azul (1980); Bento Munhoz da Rocha Netto e A Imagem que Ficou (1985); Quadros sem Molduras (1986); Entre sem Bater Memórias (1998).

Fontes:
– 300 Histórias do Paraná: coletânea. Curitiba: Artes e Textos, 2004.

Daniel Maurício (Palavras de Cheiro) 1

A faca
Do tempo
Retalha
O corpo
Mas com ela,
A alma
Mais
Entalhada
Fica.
= = = = = = = = = 

  Ah,
Se o outono
Fosse
Só o cair
De folhas!
Meus olhos
Outonam
Por você.
= = = = = = = = = 

Ah, se todas as mulheres
Entendessem de mulher.
O mundo teria outra cara
Outro corpo, seria mais feliz.
Porque mulher,
Não é só "dona de casa"
É dona do seu destino
É dona de bem mais
do que do seu próprio nariz.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Ao dar
minhas
mãos
a você
Meu
coração
também
pediu
Pra ir junto.
= = = = = = = = = 

A olhos vistos
Era tanta
Realidade
Que os sonhos
Ficaram
Escondidos
Só no
Cantinho dos
Olhos.
= = = = = = = = = 

Aprendi
A ser insistente
Como o mar.
Um dia
Ainda beijarei
Bem mais
Do que
Os seus pés.
= = = = = = = = = 

Caia em si.
Pra não ser
O dó ré mi,
Na sonora gargalhada
Dos outros.
= = = = = = = = = 

Ela
6uardava n'alma
Um linguajar
Muito simples.
Pra dizer
Que era eterno,
Simplesmente
Dizia
Que era
Pra sempre.
= = = = = = = = = 

Ele
Desnudava o peito
Deixando a mostra
Uma poesia
Escrita em "Amorês"
Embora esta seja
Uma língua universal
Para ela
Não passava
De um hieróglifo.
= = = = = = = = = 

Lágrimas
Na "maré cheia"
Emocionada,
A alma
Nada ligeira
Esborrifando
Gotinhas salgadas
Que até poderiam
Ser chamadas
De pedacinhos
De mar interior.
= = = = = = = = = 

Não
Se trata
De perder
Per(doar)
Tem
Muito mais
A ver
Com dar.
= = = = = = = = = 

No dia da Mulher
Zequinha levantou
Bem cedo pra fazer
Uma serenata
Revelando um segredo:
Uma mulher é uma flor
Mas juntas são jardim
Carregam o dom da vida
Semeando amor sem fim.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  =

Quem me dera
Que o amor
Estivesse
Disponível
Em
Um
Pacotinho!
= = = = = = = = = 

Sinônimos
São os mesmos
Só que
Com roupas
Diferentes.
Já o antônimo,
Ah!!!
Esse é sempre
O "cara"
Do contra.
= = = = = = = = = 

Sobre ontem?
Ah!
Foi você
Que
Amanheceu
Em mim,
Ou sou eu
Que ainda
Não acordou?
= = = = = = = = = 
Fonte:
Enviado pelo poeta.
Daniel Maurício. Palavras de Cheiro. Curitiba: Ed. do Autor, 2021.

Clarisse da Costa (O amor subiu pelo telhado)

Sabe aquela história do "gato subiu pelo telhado"? Pois então, agora quem subiu pelo telhado foi o amor. É um tanto irônico isso, mas é a realidade atual. A Cinderela desceu as escadas de sandália, entrou no ônibus, na linguagem popular "busão", e foi trabalhar. No celular uma mensagem de alguém que nunca viu na vida dizendo: Oi minha linda, eu vi a sua foto e me apaixonei. 

Quase que dizendo eu te amo. Porque as pessoas ultimamente dizem "eu te amo" como se dissessem bom dia. Simples falar de amor, mas quem ama de verdade? 

Esse idealismo dos contos de fadas é totalmente fora do contexto da realidade. Os príncipes nem sequer conheciam as princesas e já tinham um imenso amor por elas. Seria este o amor à primeira vista? É como ler um livro e não passar do primeiro capítulo. E não me venha com a história de que a culpa é das estrelas, o culpado é a falta de sensibilidade e humanidade de muitas pessoas. 

Chegando em casa, a Cinderela de uma comunidade pobre, numa região litorânea do sul do Brasil, vê as mensagens recebidas. Todas falando de amor e como de costume aquele bate-papo clichê. São tantas palavras no aplicativo de mensagens que o dicionário Aurélio tem ficado para trás, porque não tem nas suas páginas o linguajar usado na Internet.

E o amor com todas as abreviações fica sem sentido.

Fonte:
Enviado por Samuel da Costa.

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) Capítulo 7: Vida em risco

Dona Ana vinha se sentindo cansada há algum tempo. Dores no corpo, acompanhadas de tonturas e falta de ar, passaram a fazer parte de seu cotidiano.

Não conseguindo disfarçar todos os sintomas, embora tentasse, queixava-se apenas de um simples cansaço. 

Na manhã seguinte ao baile, levantou da cama tomada por uma forte tontura e mal conseguindo parar de pé, desmaiou.

Ao contrário da mãe, Isadora acordou muito bem disposta. A primeira imagem que veio à sua mente pela manhã foi o sorriso do rapaz que lhe encheu a alma de alegria no fandango.  E sorriu, ao lembrar das palavras ditas pela sábia vó Gorda.

“A vó disse que um amor está vindo  em minha direção.”, pensou.

O que a prenda não podia imaginar naquele instante, bordado em fios de ouro pelas tramas do destino, eram os problemas que ainda estariam por vir. 

Ao sair do quarto, seu instante de céu transmutou-se em inferno, em profundo breu, e se viu completamente sem chão ao encontrar a mãe caída no corredor. 

- Mãe! O que houve? - perguntava ela  tentando reanimar dona Ana.

A mulher continuava desacordada e Isa saiu em busca de socorro.

Juca a levou para um hospital da cidade. E lá, no HCB, Hospital de Caridade e Beneficência, após receber os primeiros socorros e passar por alguns exames, o plantão médico anunciou que dona Ana sofrera um mal súbito, e aconselhou que ela fosse transferida para passar por alguns exames mais detalhados na capital, Porto Alegre.

- Cadê o pai, Juca? Nunca sabemos por onde ele anda. -  reclamou Isadora.

- Não sei. Mas vou correr atrás dele. - disse o capataz.
 
- Vai logo. Precisamos transferir a mãe o mais rápido possível. Ainda não sabemos o que ela teve.

Horas depois, Juca apareceu com o patrão.

Ao saber dos custos dos exames, o velho, de susto, quase caiu para trás.

- Pai, estás esperando o quê para dar início aos procedimentos da transferência?

- Tô indo,  “fia”!  - disse o senhor Antônio, meio sem saber o que fazer. 

O velho parecia mais preocupado com as finanças do que com a saúde da esposa. 

Foi à fazenda, e pegou um dinheiro que tinha escondido num embrulho de pelego no alçapão da cozinha. Retornou ao hospital e, só então, as providências da transferência foram tomadas.

Dona Ana foi removida para a Santa Casa de Misericórdia (hospital mais antigo do Rio Grande do Sul), onde permaneceu por alguns dias em observação.

Isadora rezava a Deus e à Virgem Maria pela vida da mãe. E entre uma prece e outra, um pensamento se repetia:

- A pedido da minha santa mãezinha, nunca ousei enfrentar o pai, mas sinto que chegou a hora de termos uma conversa séria. 
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 
continua…

Fonte:
Enviado pela autora.

sábado, 5 de agosto de 2023

Tertúlia da Saudade 09: Francisco José Pessoa de Andrade Reis

 

Aparecido Raimundo de Souza (Brilho ofuscado)

DE REPENTE, NUM GRANÍTICO silêncio introspectivo, estanco, resoluto, os passos, e nesse embargar, olho, meio que desconfiado, para o espelho preso à parede bem ali na minha frente, em meio à penumbra do reduzido corredor que liga o banheiro ao quarto. Com o que vejo, me assusto, ou melhor, fico paralisado com o que não gostaria, jamais, de encontrar diante dos olhos. No fundo, permaneço inconfundível na minha seriedade à flor da pele, como uma vertigem em temperatura de fusão constante a me fazer voar entre labirintos aborbidos (exorbitantes) e iracundos (furiosos). Por alguns breves momentos, me ponho em pânico assombrado. Pequeno e inerte, degenerado e espúrio (falso) me sinto mofino e canhestro (desajeitado) diante do espelho, síntese de todas as imperfeições, o porta voz do meu destino, como se estivesse emaranhado nos sargaços de um mar tenebroso e imenso. 

Percebo com profundo pesar, não sobrou muita coisa daquele jovem de alguns janeiros atrás, quando tudo parecia porvir de um laboratório de prazeres etéreos. Dos tempos em que a vida fluía, não com a intensidade de coisas findas, contudo, com as garras pujantes e a perseverança opulenta de que os caminhos a serem percorridos eram mais cheios de flores e deslumbramentos geográficos, de formas fortes e concretas, tão destemerosas e denodadas que eu não precisava guardar fantasias policrômicas ou pegar nas asas do tempo uma carona, para evitar que a juventude ganhasse a passos largos o destino de um instante longínquo, incerto e algaraviado. Dessa forma, entre perplexo e abobalhado, confundido e estonteado, tomei conhecimento e consciência de que o tempo passou. Voou ligeiro, destravado, hábil, despachado e apressurado...

Meus filhos, ontem crianças inocentes e sem maldades, cresceram, espicharam, avultaram numa saciedade perene. As pessoas que viviam ao meu redor, os vizinhos de toda hora, em oposto, enfraqueceram, ficaram mais velhas, se arrebicaram (ornaram) de artifícios capengas, os cabelos de toda essa gente embuçaram (encobriram-se) embranquecidos. Outras tantas partiram, mudaram, sumiram, morreram, deixando em seus lugares velhas fotografias amarelas e desbotadas. Trasladados que não falam dos tempos esvaídos, eclipsados, tão somente dão conta de um sem som constrangedor e pior, de uma mudez reticente abraçada a uma saudade pegajosa que insiste em ficar grudada, comboiada (acompanhada), aderida na pele, e não só nela, na alma, sem querer ir embora. Meu Deus! Há tanto tempo não olhava para meu rosto, não mexia em meus cabelos... não sentia a testa inteiriçada de carquilhas e rugas. Há tanto tempo, não sei quanto, não sentia pena de ter perdido o viço, tentando encontrar algo útil, talhado e aproveitado que pudesse ser meu. Por uma breve faísca de lucidez nitescente (brilhante), não me reconheço sóbrio e mesurado, equânime e morigerado (bem educado) nos ínfimos gestos. 

Passo a mão trêmula no espelho frio, na expectativa gélida, abortada e frustratória (ilusória) de que seja este instante, um momento fugaz, perfunctório (efêmero), de pura emoção, vinda, talvez, do fundo da alma. Entretanto, é exatamente nesse interregno que sinto um vazio amargo e de proporções imensas, côncavo que se achegou emancipado e tomou formas fantasmagóricas. Do nada preencheu tudo, ocupou os espaços que restavam guardados para a possível chegada de uma felicidade triunfal que prometia vir de muito longe. Neste momento, diante do espelho obsequiado pela penumbra do quarto, não sei dizer, ao certo, se a tal felicidade apareceu ou ficou encantada. Se de fato chegou aqui, se bateu na minha porta, se tocou a campainha, se deixou recado com o porteiro, ou com os vizinhos de ambos os lados da rua. Não sei dizer, como não saberia precisar onde estava e o que fazia. Não sei, igualmente, onde estaria metido com a cabeça, ou com o raio do nariz que não pressenti o cheio forte de sua aproximação. 

Apenas tenho ciência, tudo ficou no estéril do labirinto. Tudo virou um desprovido de conteúdo. O nada estancou desabitado. O volúvel se fez consistente, tão longevo e perdurável, que inundou a minha alma a ponto de uma bruxa malévola aparecer na janela, reavivar assombrações que rangeram seus sapatos de encontro ao chão. De roldão, um anjo de asas negras contrapesou. Desceu espavorido de algum plano acima deste e apagou a chama da tranquilidade mística que reinava por todos os cantos e recantos da casa. Às vezes tenho saudades de voltar ao passado. Fazer parte da paisagem do ontem eivado (contaminado) de farturas desordenadas. Colher frutos caídos, beber da água que passou sob a ponte, correr solto, livre e leve, capturar miragens dos idos de menino, avivar lembranças de mamãe ralhando, igualmente de papai voltando do trabalho, dos irmãos sentados à mesa do jantar para o derradeiro banquete do dia esvaído. 

De poder encontrar as oportunidades que foram jogadas ao léu, outras no ralo de garganta profunda, de rever os momentos de encantamentos que estiveram ao alcance das minhas mãos, mas que, por ignorância tamanha, me fiz palhaço de um rei deposto e me tornei um bobo de sua corte, achando que o melhor e o mais acertado seria atender aos desjuízos que afloravam da cabeça bagunçada. Em vista disso tudo, a solidão se entrelaçou companheira inseparável de todas as horas. Veio de mala e cuia morar junto, sem ser convidada, passou a fazer parte do cotidiano, a dar ordens e promover pequenos contratempos. Com o decorrer dos dias, essas adversidades se transformaram em rimas de total fracasso.  O sol bonito que brilhava quente e mavioso, fulgente e radioso, sumiu do firmamento e em seu lugar um punhado de nimbos escuros e pesados coroou de melancolias incertas todos os sonhos que estavam, ainda, por nascer. 

Alguma coisa desconhecida aproveitou esse momento de fraqueza e ofuscou o brilho das estradas. Escureceu os horizontes e fez sumir nas brumas da insensatez, o amanhã que se preparava para resplandecer por inteiro, integro, perficiente (perfeito) e primoroso. Sem que me apercebesse, as horas entraram em colapso, e o tempo de novo, o meu tempo, se comprimiu dentro de um túnel sem saída, escuro, frio, desconhecido. Os pássaros deixaram de cantar, o vento de soprar gostoso em meus ouvidos. Portas foram batendo às minhas costas, chaves secretas fechando desvãos possíveis à minha presença, e novamente os espíritos inquietos da solidão se agigantando e, a medida que aumentavam de forma e tamanho, pressionavam o pouco da Esperança que insistia manter viva a tênue luz que restava acesa em meio a toda essa imensurável escuridão.   

Pudesse vestir, neste momento, o terno do agora, calçar os sapatos de novas caminhadas, e como um novo dia de sol me abrir em jatos de vontades criadoras, enquanto na soleira da eternidade, talvez esse espelho de aspecto cadavérico não me botasse tanto medo dentro do coração... talvez se encontrasse as flores do cristal eterno e pudesse olhar ao meu redor com outras perspectivas de amanhã, gritar aos berros necessários, meus expurgos aprisionados, quem sabe todos os meus resquícios se levantassem de suas covas e surgissem, diante de mim, de mãos estendidas, com a expectativa de começar tudo outra vez (como uma volta ao recomeço).  Eu não sentiria mais, com certeza, esse punhal maligno, a riscar o ar, a desenhar aos meus pés ciladas circunspectas. Oxalá não estivesse tudo perdido, quem sabe ainda não fosse muito tarde para ser novamente e imensamente Feliz. E outra vez, ainda que “in petto”, me reencontrar magistral e perficiente dentro de mim.

Fonte:
Enviado pelo autor.

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LVIII


POBREZA
La pobreza en  la humildad,
 en noche fría de invierno,
 es  tristeza, es soledad...
 ¡es mismo, un cruel infierno!
 
MOTE:
A pobreza na humildade,
em noite fria de inverno,
é solidão, é saudade...
é mesmo um cruel inferno!
Carmen Patiño Fernandes 
(España)

GLOSA:
A pobreza na humildade,
quando falta pão e abrigos,
suspira por igualdade,
lamenta a falta de amigos!
 
Dormindo, só, pela rua,
em noite fria de inverno,
o menino tem da Lua,
seu único abraço terno!
 
É triste a realidade,
amarga, sem alegria,
é solidão, é saudade...
é só dor, só nostalgia!
 
A miséria, a fome, enfim,
parece um problema eterno...
Sinto em prantos  dentro em mim:
é mesmo um cruel inferno!
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MEDOS...
 
MOTE:
A solidão forja medos...
e ao me deixares um dia,
feri os pés nos rochedos
sem temer a travessia!
Florestan Japiassú Maia
Rio de Janeiro/RJ, 1915 – 2006

GLOSA:
A solidão forja medos...
Eu me sinto enclausurado,
escravo dos meus segredos
e neles acorrentado!
 
Eu pensava que me amavas...
e ao me deixares um dia,
meu coração tu roubavas
e toda a minha alegria!
 
Rasguei, então, os enredos,
da nossa história de amor,
feri os pés nos rochedos
e enfrentei toda essa dor!
 
Com meus medos exilados,
vestidos de nostalgia,
transpus abismos passados
sem temer a travessia!
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FUTURO INCERTO...
 
MOTE:
Quanto mais olho o futuro,
vejo a solidão na estrada
fico perdido, inseguro,
ante a angústia de meu nada...
Ivone Taglialegna Prado  
Paraguaçu/MG,  ??? –  2022, Belo Horizonte/MG

GLOSA:
Quanto mais olho o futuro,
menos consigo enxergar,
está tudo tão escuro,
me sinto desanimar.
 
Na estrada da solidão,
vejo a solidão na estrada
e o meu pobre coração,
só com ela acompanhada!
 
Sozinho, não me aventuro,
tremo e choro, eu sinto medo,
fico perdido, inseguro,
o meu futuro é um segredo!
 
Essa dúvida angustia
minha alma desordenada,
que parte em busca do dia
ante a angústia de meu nada...
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

SONHOS
 
MOTE:
Sou feliz na meia-idade,
revivendo, persistente,
os sonhos da mocidade,
nos sonhos do meu presente.
João Freire Filho
Rio de Janeiro/RJ, 1941 – 2012

GLOSA:
Sou feliz na meia-idade,
vivo de recordações
da colorida amizade
sempre cheia de emoções!
 
Sinto de novo a ternura
revivendo, persistente,
tantos dias de ventura
de uma vida comovente.
 
Relembro com ansiedade
aquele amor  tão profundo...
os sonhos da mocidade,
melhores sonhos do mundo!
 
Quase-velho e já cansado
me torno um adolescente,
transformo o sonho passado,
nos sonhos do meu presente.
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EU TE AMEI
 
MOTE:
Eu te amei sem ser amado,
e ainda, por te querer,
peço perdão de um passado
que eu não consigo esquecer...
Milton Nunes Loureiro
Campos/RJ, 1923 – 2011, Niterói/RJ

GLOSA:
Eu te amei sem ser amado,
te desejei noite e dia,
foste o sonho mais sonhado...
foste a tristeza e a alegria!
 
Resta sempre uma esperança,
e ainda, por te querer,
sinto aumentar a confiança...
nova luz no amanhecer...
 
Mas quando estou ao teu lado,
sinto medo, um medo atroz,
peço perdão de um passado
nunca vivido por nós!
 
O amor não correspondido
causa dor e padecer,
é tão forte, tão sofrido,
que eu não consigo esquecer...

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

Leandro Bertoldo (Como se fosse pássaro)


Texto inspirado em canções de Chico Buarque e da tela Acidente de Trabalho, de Sigaud.

O operário que todo dia fazia tudo sempre igual achou um destino diferente...

Francisco escolhera o branco para se parecer com os pássaros que via em voos tão de perto por cima daquele andaime pingente. Juntou parte de suas economias, meteu-se em uma camisa de cambraia branca e saiu daquela loja como se fosse a última. Andava pelas ruas sentindo-se livre. Todo ele era um sorriso de passarinhar. Sentia que seus braços eram asas e as penas dos dedos tocavam o firmamento. Lembrou-se da história da cidade iluminada a qual por tempos não recordava o nome, mas havia lido em uma revista aberta ao acaso na espera do barbeiro, e quis tocar o céu, fazer um buraquinho nele para deixar passar o facho de luz brilhante. Logo ele a passar dias e dias como se fosse náufrago das alturas ao estar tão perto e tão longe do que desejava. Desejava? Ele não sabia, apenas sentia (que é bem diferente) um leve desprendimento.

Andava como se fosse sábado por aquelas ruas de segunda-feira. Como um aluno travesso, só que adulto, matava o dia de trabalho sem se importar com as consequências. Só gargalhava como se ouvisse música, aquela do farfalhar do princípio de um sorriso flácido de quem nasceu para olhar. Só olhar. Mas agora ele deseja voar como seus amigos das alturas; os pássaros, naturalmente, porque os outros eram operários como ele, com as mesmas mãos grandes e pés enormes contrapondo-se com as cabeças pequenas sem pensação.

Nisso, passou por aquelas ruas poetizando o tráfego sem se dar conta para onde ia. Não carregava pastas, documentos, celular, caderneta, patuá, nada para o identificar ou que lhe fizesse lembrar o desarranjo do uniforme azul marinho da firma. Ao menor sinal de memória corria a distrair-se em olhar para a cambraia branca e novamente se passarinhava.

Desejou tomar sorvete e comer cachorro-quente sem implicar de melar os dedos e os cantos da boca. E daí? Era só limpar! Não entendia a recriminação de sua mãe em tempos meninos e depois de sua esposa sempre tão arbitrária em questões de prazer. Ela era capaz de dizer que não ficava bem a um homem pai de família abocanhar um pão no meio da rua. E assim era por tudo: pela risada mais alta que a gente tem que engolir, pelo grito de gol que a gente tem que encobrir, pela alegria fortuita de nunca sentir. Arree!

Mal começa o sol se pôr, ouve-se o badalar do relógio da matriz. “Os carros avançam os sinais na hora da Ave-Maria”, já dizia a canção plácida de um amigo. "Seria o momento de sair do trabalho" — pensa Francisco — no exato instante em que ouve, vindo do alto dos andaimes, os operários o chamarem, clamarem, gritarem por cuidado. Nem se dera conta de como foi parar ali em frente à construção. Certamente o costume a direcionar a alma distraída para a obrigação de todo dia. A partir daí tudo foi lento e rápido. Rápido para a multidão que se aglomerava e maravilhosamente lento para ele ao sair da noite infinita e retornar à quietude do quintal como numa roda-gigante. Tudo, absolutamente tudo rodou num instante. De repente uma freada. Uma buzina. Um baque. Olhos assustados. Gritos. Muitos olhos. Mais gritos. Rostos disformes. Mãos na cabeça. Nas bocas. Tempo. Paz. Quanto tempo? Não sabia. Quanta paz? Ela agora existia. A sexta badalada do relógio. Silêncio.

Olhou para o vermelho da sua cambraia — não era branco? — e sentiu-se flutuando naquele chão de dormir. Ouviu novamente o farfalhar de asas por cima de sua cabeça ao som longe da Ave-Maria que lá vem, que lá vem, que lá vem...

Lá estavam eles, os pássaros, a esperá-lo...
Apenas sorriu...
Agora...
Podia...
Voar.
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"Amou daquela vez como se fosse a última". As músicas de Chico sempre me fizeram pensar. Pensar em acontecimentos, pensar em situações, pensar em histórias... Essa é uma delas, e juntamente com a tela de Sigaud nos conduz a um desprendimento perfeitamente possível à suavidade. Por que não? Para uma experiência ainda maior, ouça e depois deixe seus comentários, eles são muito importantes.

Fonte:
Enviado pelo autor. Disponível na Árvore das Letras (https://arvoredasletras.com.br/2023/07/23/como-se-fosse-passaro/)

8ª edição do Prêmio Kindle de Literatura (Prazo: 31 de agosto)


A Amazon.com.br anuncia a abertura das inscrições da 8ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, em parceria com o Grupo Editorial Record e a TAG Experiências Literárias, que irá reconhecer autores e autoras independentes do Brasil e suas obras. Os escritores que desejam participar da oitava edição devem enviar seus romances inéditos em português usando o Kindle Direct Publishing (KDP), ferramenta de autopublicação da Amazon, e incluir #PremioKindle em suas palavras-chave durante a publicação. As inscrições ficarão abertas até o dia 31 de agosto.

A 8ª edição premiará o autor ou autora da obra vencedora com R$ 50 mil, sendo R$ 40 mil como um prêmio em dinheiro e R$ 10 mil em adiantamento dos direitos autorais pela publicação da versão impressa do livro pelo Grupo Editorial Record. A obra também terá uma edição especial pela TAG Experiências Literárias enviada aos seus assinantes da modalidade TAG Curadoria. Além disso, o prêmio também terá um cupom no valor de R$ 5 mil para compras de livros no site do Grupo Editorial Record.

Ao reconhecer a literatura independente no Brasil e promover a autopublicação de milhares de obras a cada edição, o Prêmio Kindle de Literatura se destaca no cenário literário como uma oportunidade para autores e autoras independentes alcançarem seu público com a atenção e destaque que merecem.

“Livros estão no DNA da Amazon, e temos muito orgulho de todas as obras participantes do Prêmio Kindle de Literatura. Não apenas vencedores, mas finalistas e diversas obras inscritas, que atraíram muitos leitores”, diz Ricardo Perez, gerente-geral de Livros da Amazon Brasil. “Queremos que o Prêmio continue sendo essa marca para a comunidade do livro, abrindo portas para novos talentos e conteúdos de sucesso”, completa.

"Toda iniciativa que valoriza e promove a literatura nacional deve ser celebrada. O Prêmio Kindle, com um formato inovador e democrático, vem se consolidando como um farol na tarefa de encontrar excelentes autores. O Grupo Editorial Record, que publica os vencedores por meio da tradicional José Olympio, fica muito honrado e agradecido com esta parceria", afirma Livia Vianna, editora-executiva da Editora José Olympio.

"Retomar essa parceria com o Prêmio Kindle, um dos mais relevantes da cena literária no Brasil, é um prazer enorme. Mal podemos esperar para ler as indicações e depois enviar o grande vencedor na TAG Curadoria", aponta Rafaela Pechansky, Publisher da TAG Experiências Literárias.

“Escrever para mim é como bordar, bordar palavras tirando arestas e pontos desfiados. Para isso acontecer haja labuta, persistência, recolhimento e um misto de prazer e dor. Quando recebi a notícia de que Ébano sobre os canaviais ficara entre os cinco finalistas fiquei extremamente contente e ao receber o troféu dourado senti minha escrita aclamada”, conta Adriana Vieira Lomar, vencedora da 7ª edição do Prêmio Kindle de Literatura. “A cerimônia, no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, me fez lembrar das imagens e cheiros que me habitaram a infância. Quanto aconchego, mimo e reconhecimento! O Prêmio Kindle de Literatura me possibilitou ser editada pelo maior grupo editorial da América Latina e essa vitória se tornou mais gratificante quando li todos os livros finalistas da 7ª edição e me deparei com expoentes da alta literatura contemporânea brasileira”, adiciona.

Os vencedores das outras 6 edições foram: 
A filha primitiva, por Vanessa Passos, 
O Pássaro Secreto, por Marília Arnaud, 
Dias Vazios, por Barbara Nonato, 
Dama de Paus, por Eliana Cardoso, 
O Memorial do Desterro, por Mauro Maciel, e 
Machamba, por Gisele Mirabai.

Para participar da 8ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, os autores devem autopublicar suas obras por meio do KDP (amazon.com.br/kdp) de 1 de maio a 31 de agosto de 2023. 

Os autores devem incluir o termo PremioKindle no campo de metadados das palavras-chave durante o processo de autopublicação e registrar as obras na categoria Ficção. Os títulos devem ser romances originais em português do Brasil, que não tenham sido publicados anteriormente, e submetidos exclusivamente ao Kindle durante o período do Prêmio, inscrevendo-os no programa KDP Select. Os termos e condições podem ser encontrados na página do Prêmio Kindle de Literatura (amazon.com.br/premiokindle).

Os autores também podem criar um perfil na Central do Autor (author.amazon.com.br). Além de compartilhar as informações mais atualizadas sobre autores e seus livros, o perfil criado na Central do Autor permite engajar leitores com conteúdo adicional e suas biografias, disponíveis para livros e eBooks na Loja Kindle, e com links para seus títulos disponíveis.

Assim como nas edições anteriores, todas as obras participantes serão avaliadas por um painel de especialistas editoriais, selecionados pela Amazon, pelo Grupo Editorial Record, e pela TAG Experiências Literárias, em diversos critérios, incluindo criatividade, originalidade, qualidade de escrita e viabilidade comercial. Cinco finalistas serão anunciados e avaliados por um júri especial, e apenas um será reconhecido como vencedor. Todos os cinco títulos finalistas serão apresentados nas comunicações para clientes da Amazon.com.br com um selo de livro “Finalista” na capa da versão original não editada do eBook. 

A Amazon dará um prêmio em dinheiro de R$ 40 mil ao vencedor, que também receberá um adiantamento de direitos autorais de R$ 10 mil pela versão impressa do livro, conforme contrato que terá a oportunidade de firmar com o Grupo Editorial Record para publicação da obra vencedora no selo José Olympio. A obra também receberá uma edição especial pela TAG Experiências Literárias e disponibilizada para seus assinantes dentro da modalidade TAG Curadoria.

O KDP é uma ferramenta rápida, gratuita e fácil para autores e editores publicarem seus livros e disponibilizá-los para leitores em todo o mundo. Com o KDP, os autores têm total controle do processo, desde a concepção da capa até a definição do preço, podendo receber até 70% em royalties. Todos os romances participantes do Prêmio Kindle de Literatura estarão disponíveis na Loja Kindle e no Kindle Unlimited. Os eBooks Kindle podem ser comprados e lidos com os aplicativos Kindle gratuitos para tablets e smartphones Android e iOS, computadores, bem como e-readers Kindle.

SOBRE O KINDLE DIRECT PUBLISHING

O Kindle Direct Publishing, ou KDP, é um serviço de autopublicação gratuito que permite que autores independentes publiquem seus trabalhos e alcancem novos públicos. Com o KDP, o poder da publicação está acessível a leitores e autores em todo o mundo, permitindo que um conjunto mais robusto e diversificado de vozes compartilhe histórias com um público mais amplo do que nunca. Para mais informações, visite amazon.com.br/kdp.

SOBRE A AMAZON

A Amazon é guiada por quatro princípios: obsessão do cliente em vez de foco na concorrência, paixão pela invenção, compromisso com a excelência operacional e visão de longo prazo. A Amazon se esforça para ser a empresa mais centrada no cliente do mundo, o melhor empregador do mundo e o lugar mais seguro para trabalhar no mundo. Avaliações de consumidores, compra de 1 clique, recomendações personalizadas, Prime, Fulfillment by Amazon, Amazon Web Services (AWS), Kindle Direct Publishing, Kindle, Career Choice, Fire tablets, Fire TV, Amazon Echo, Alexa, tecnologia Just Walk Out, Amazon Studios e The Pledge Climate são algumas das ações pioneiras da Amazon. Para mais informações, amazon.com.br/imprensa ou entre em contato conosco em imprensa@amazon.com.

SOBRE O GRUPO EDITORIAL RECORD

O Grupo Editorial Record é um dos maiores conglomerados editoriais da América Latina. Em 80 anos reuniu um portfólio de doze editoras, que renovaram o espírito e fortaleceram as missões de promover o debate e de valorizar a bibliodiversidade. Além de ser uma das mais antigas editoras de livro atuantes no Brasil, a Record tem dinamismo na produção, proporcionado pela gráfica própria, capaz de rodar 100 livros de 200 páginas por minuto no Sistema Poligráfico Cameron.

SOBRE A TAG EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS

A proposta da TAG é mostrar que a literatura pode ser leve e divertida, presenteando o associado a cada mês com uma nova experiência literária e sensorial. A caixinha da TAG é uma forma de o livro disputar e recuperar o tempo na vida das pessoas que foi perdendo para filmes, redes sociais e jogos. Desde o início de suas atividades, em julho de 2014, a TAG já publicou 100 títulos, divulgando o trabalho de mais de 170 escritores, entre autores e curadores. A TAG surpreende seus assinantes com os títulos do mês, que são divulgados somente após a entrega de todas as caixas. Também fazem parte do produto publicações dedicadas à obra e ao autor; design próprio de capas e embalagens; brindes temáticos inéditos, incluindo eventuais publicações exclusivas para assinantes. A iniciativa foi premiada com o The Quantum Publishing Innovation do Excellence Award 2018, durante a Feira do Livro de Londres (The London Book Fair), e também com o Prêmio Jovens Talentos da Indústria do Livro 2018, iniciativa da PublishNews, SNEL e Feira de Frankfurt.

Fonte:
Enviado por Lilian Cardoso (LC - Agência de Comunicação)