quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Caldeirão Poético LXVI


Benjamim Silva
Cachoeiro de Itapemirim/ES, 1886 – 1954, Rio de Janeiro/RJ

ESCADA DA VIDA

Julguei da vida haver galgado a escada,
essa escada de mármore polido,
que nos conduz à estância desejada
de um grande bem, raríssimo atingido.

Hoje vejo, porém, que quase nada
consegui, afinal, haver subido:
— ficou-me longe o termo da jornada
em que eu, exausto, me quedei vencido.

Pelos desvãos da escada mal me erguendo,
já sem noção e sem a fé que anima,
nem sei se vou subindo ou vou descendo...

Por isso, os seus extremos jamais acho:
vejo degraus olhando para cima,
vejo degraus olhando para baixo.
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Carmen Cinira
Rio de Janeiro/RJ, 1902 – 1933

SER MULHER

Ser mulher não é ter nas formas de escultura,
no traço do perfil, no corpo fascinante,
a beleza que, um dia, o tempo transfigura
e um olhar deslumbrado atrai a cada instante.

Ser mulher não é só ter a graça empolgante,
o feitiço absorvente, a lascívia e a ternura;
ser mulher não é ter na carne provocante
a volúpia infernal que arrasta e desfigura...

Ser mulher é ter na alma essa imortal beleza
de quem sabe pensar com toda a sutileza
e no próprio ideal rara virtude alcança...

É ter, simples e pura, os sentimentos francos,
E, ainda no fulgor dos seus cabelos brancos,
sonhar como mulher, sentir como criança!
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Celso Vieira
Recife/PE, 1878 – 1954

MENDIGOS

Quantas vezes trilhamos, desgraçados,
da vida humana os ásperos caminhos:
vós, em busca de esmolas, fatigados,
eu, fatigado, em busca de carinhos!

Aos que tiveram sedas e brocados,
invejais a riqueza, ó, pobrezinhos!
E eu mais invejo ainda os namorados,
— aves que dormem no frouxel dos ninhos.

Como — de porta em porta —  sem abrigo,
Noite e dia seguis, aflito eu sigo,
de coração em coração, assim...

E assim, lastimo as esperanças mortas,
Pois, como para vós, fecham-se as portas,
Os corações se fecham para mim!
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Ciro Vieira da Cunha 
(pseudônimo João da Ilha)
São Paulo, 1897 – 1976, Rio de Janeiro

CARNAVAL DE UM PIERRÔ

Carnaval! Carnaval! A turba louca
passa gritando pela rua em fora...
Nos "bars" e cabarés champanhe espoca
e a gente bebe até que venha a aurora...

Canta na rua um ébrio de voz rouca
versos canalhas que a ralé adora...
É quase madrugada... Em minha boca
amarga o sonho que meu peito chora...

Espero Colombina, alva de cal,
de olheiras de carvão e de olhos baços
que vem trazer-me ao quarto o Carnaval...

O doce Carnaval do meu desejo:
— As brancas serpentinas de seus braços
e o confete vermelho de seu beijo...
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Cláudio de Cápua
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

MOCIDADE

Lindo tempo o do sonho e da vontade!
Sem palavra, sequer, que bem o exprima,
o pensamento a erguer-se bem acima
da montanha da vida em claridade!

Tempo feliz da nossa mocidade
que a luz do amor e da ilusão sublima,
quando tudo nos prende e nos anima
ao fio e à teia da felicidade!

Não há quem não conheça, e, conhecendo,
não dê tudo de si para que nunca
deste tempo de paz vá se esquecendo.

Mágoas? Feliz de quem puder vencê-las,
e ver que a mão de alguém seus passos junca
de pérolas, de rosas e de estrelas!

Fonte:
Vasco de Castro Lima. O mundo maravilhoso do soneto. 1987.

Júlia Lopes de Almeida (Arte culinária)

Para saber comer, é preciso não ter fome. Quem tem fome não saboreia, engole. Ora, desde que o enfarruscador ofício de temperar panelas se enfeitou com o nome de arte culinária, temos uma certa obrigação de cortesia para com ele. E concordemos que é uma arte pródiga e fértil. Cada dia surge um pratinho novo com mil composições extravagantes, que espantam as menagères (
donas de casa) pobres e deleitam os cozinheiros da raça! Dão-se nomes literários, designações delicadas, procuradas com esforço, para condizer com a raridade do acepipe. Os temperos banais, das velhas cozinhas burguesas, vão-se perdendo na sombra dos tempos. Falar em alhos, salsa, vinagre, cebola verde, hortelã ou coentro, arrepia a cabeluda epiderme dos mestres dos fogões atuais. Agora em todas as despensas devem brilhar rótulos estrangeiros de conservas assassinas, e alcaparras, trutas, manteiga dinamarquesa (o toucinho passou a ser ignominioso), vinho Madeira para adubo do filet, enfim tudo o que houver de mais apurado, cheiroso e... Caro!

As exigências crescem, ameaçam-nos e, sem paradoxo, somos comidos pelo que comemos. Isto vem à propósito de uma exposição de arte culinária que se fez, há pouco tempo, em Paris. Imaginem como aquilo deve ser encantador e apetitoso!

Quem já viu as vitrines das charcuteries (
delicatessens), das crémeries, das confeitarias, etc., e que sabe com quanto mimo e elegância são expostos os queijos, os paios e os pastéis, entre buquês de lilases e fofos caixões de papéis de seda bem combinados, crespos e leves como plumas, imagina que de novidades graciosas se juntarão no Palácio da Indústria.

Naturalmente, cada expositor é um arquiteto e um artista na combinação das cores. Fazem-se castelos de biscoitos, torres engenhosas de chocolate, de creme, de morangos, onde tremulem, em cristalizações policromas, as gelatinas de frutas ou de aves, refletindo luzes entre lacinhos de fita e flores frescas, porque o francês tem a preocupação gentilíssima de deleitar sempre os olhos alheios.

Abençoada mania!

O que eu invejo não são as trutas, nem os champignons, nem o seu foiegras, porque tudo isso temos nós aqui e mais muitas coisas que eles lá desconhecem. O que eu invejo é aquela facilidade, aquela graça das exposições que se sucedem e se multiplicam e que não podem deixar de ser úteis, porque abrem a curiosidade e ensinam muito.

A cozinha francesa tem-se intrometido em toda a parte.

A Inglaterra opõe-lhe forte resistência com as suas batatas cozidas e presunto cru; mas a nossa, por exemplo, está muito modificada por ela. Entretanto, temos pratos característicos, só nossos e que eu teimo em achar gostosos.

Infelizmente falta-lhes o chique, o lado onde se possa atar a tal fitinha ou colocar o buquê de violetas do inverno ou do muco da primavera. O feijão preto com o respectivo e lutuoso acompanhamento não se presta por certo para a coquetterie de um adorno mimoso, mas nem por isso deixa de ser da primeira linha. Depois temos os pratos baianos, o afamado vatapá e outros, quentes e lúbricos, e o churrasco do Rio Grande, e o cuscuz de S. Paulo, e tantos que eu ignoro e que descobrem, demonstram, por assim dizer, as tendências, o temperamento do povo.

Um país como o Brasil tão vasto e variado não teria proporções mais curiosas para realizar uma exposição neste gênero? Só de frutas, que, tratando-se da mesa, tem todo o lugar, e de doces... Imaginem: faríamos um figurão! Geralmente caluniam-se as frutas brasileiras e parece-me tempo de lhes irmos dando a merecida importância. Não há nenhum brasileiro que conheça todas as frutas do seu país. O europeu desdenha-nos nesse sentido; esquece-se de que em muitos lugares do Paraná, Minas e Rio Grande, desenvolvem-se peras magníficas, damascos, cerejas, nozes, etc. E as frutas e as hortaliças indígenas? Inumeráveis! O que falta à nossa gourmandise (gula) é poder agrupá-las, poder escolher, na mesma terra, estas ou aquelas, e isso só se poderá fazer se houver aqui, algum dia, como agora em Paris, quem dê importância à mesa, e procure, por meio de exposições, facilitar esse ramo de comércio, educar o povo, e dar-lhe um elemento novo de prazer e de saúde.

A exposição parisiense tem ainda um fito, e é a sua principal recomendação e a mais elevada, — é o de ensinar, por meio do exemplo, a cozinhar bem. Um dos seus cantos é ocupado por M. Charles Driessens, que segundo leio, luta há dez anos com desesperada energia para fazer entrar o ensino da cozinha no programa do Estado. Este tal M. Driessens tem várias escolas de cozinha, e ali trabalham umas cinquenta discípulas, mostrando a toda a gente como se deve fazer um creme, estender uma massa, temperar uma salada, grelhar um bife ou enfeitar uns pezinhos de carneiro com papelotes e rosetas.

As senhoras não nasceram para falar em camarões, carne ou palmito, em público; mas, senhores românticos, lembrai-vos de que nem sempre nos bastam o brilho das estrelas nem o murmulho das ondas para conversar com as amigas!

Fonte:
Júlia Lopes de Almeida. Livro das Donas e Donzelas. Belém/PA: UNAMED. Publicada originalmente em 1906.
Disponível em Domínio Público.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Edy Soares (Manuscritos (Di)versos) – 33: Nostalgia


 

Carolina Ramos (Meus Gatos) parte 2

E ao voltar da música, para focar os felinos, faço-o de forma gradativa. - Lembro-me do "Diálogo dos gatos", aquela interessante peça de Rossini, deliciosamente cantada com humor por diferentes duplas e corais. Música que ameniza a saudade dos meus bichaninhos. Música que ainda gosto de ouvir, sempre que, de longe em longe, retorna num vídeo enviado por algum amigo internauta e que me faz lembrar aqueles diálogos noturnos dos gatos malandros de dorso arqueado, que, empoleirados nos muros, quebram o aconchego da vizinhança, a intercalar agressividade e sedução, à serenidade das noites, com aquelas exacerbações repentinas que, por vezes, chegam a  estremecer os que as ouvem sob as cobertas.

Quantos gatinhos passaram por mim, deixando saudades, tais como aquele mimado gatão preto que, por conta de um acidente, tivera as patas traseiras inutilizadas e mal se podia mover, sendo alimentado com muito carinho, sempre a me receber com miados carinhosos, modulados pela gratidão.

Como terá ele chegado a mim? Não sei. Lembro-me apenas do dia em que o apresentei a outro gato, talvez como ele aparecido à minha porta, quando, com desagradável surpresa, recebi um violento e sonoro "chega pra lá"!

- Enciumada, aquela miniatura de pantera conseguira forças para mostrar o poder de suas garras - o que me fez recuar de um salto!

Entendi logo não ser nada fácil lidar com ciúmes, em qualquer caso! Menos ainda, com ciúmes felinos, municiados de garras ligeiras bastante afiadas!

Com o mesmo problema de atropelamento, adotei uma gatinha meiga, de pelo rajado. Tratada com muito carinho, chegou a recuperar-se, levando vida normal.

Não me recordo de lhe ter dado um nome, porém, lembro-me bem do alerta de um veterinário, que, após detalhado exame, prevenira que aquela gatinha jamais poderia enfrentar uma gravidez - o que, por azar, inevitavelmente, acabou por acontecer.

Naquele tempo, não se falava em castração, coisa corriqueira em nossos dias, embora ainda me custe aceitar a ideia. No caso da tal gatinha, entretanto, teria sido a sua salvação.

Chegada a hora crítica, o mesmo veterinário, amigo de meu pai, chamado às pressas, solicitou minha ajuda para conter aquela "mãezinha" atormentada, que se mostrava demasiado agressiva, em virtude das dores que enfrentava. Eu teria cerca de dezesseis anos, ou pouco mais, e, apesar dos cuidados, não escapei de levar dolorosa mordida numa das mãos. Porém, o mais triste foi saber que a pobre gatinha, depois de sofrer tanto, teria que ser sacrificada. Não havia outra qualquer solução!

Abandonei o campo de ação e chorei pranto sentido, não pela dor da mordida, mas por saber da inutilidade do sofrimento daquela infeliz mãezinha sem esperanças.

Minha emoção impressionou o jovem veterinário, que chegou a afirmar não ter conhecido ninguém com tanto sentimento a ponto de derramar sentidas lágrimas, ante a impossibilidade de salvar um pobre animalzinho condenado.

Bem mais tarde, minha mãe revelaria as pretensões matrimoniais daquele rapaz, que, emocionado pelas circunstâncias, pensara ter encontrado par ideai, sendo descartado por um pai zeloso, sem que a ingenuidade de quem fora pivô da história, sequer sonhasse com o que acontecia nos bastidores.

- Mais dois gatos merecem citação: - Tuca - andar macio, alvinegra, focinho metade preta, outra metade branca, o que lhe dava um ar gaiato de eterna mascarada. Apareceu... foi bem acolhida... e como chegou, desapareceu... Sem deixar rastro.

Lembro-me também daquele gatinho simpático, rajado de amarelo, por isso mesmo chamado de Douradinho e algumas vezes de Gold, sempre na pontinha dos pés, a esfregar a cabeça nas pernas de todos... Sempre a pedir e a esbanjar carinho.

Nunca o vi arquear o dorso, arreganhar-se, bufar, ou estapear alguém. Era um gatinho meigo por natureza! Se houver um céu especial para bichinhos de boa índole, Gold lá estará, com certeza, a dourar tudo ao seu redor. 

E muitos outros bichanos, chegados e bem recebidos, partiram sem marcar presença.

Fonte:
Carolina Ramos. Meus Bichos, Bichinhos e… Bichanos. Santos/SP: Ed. da Autora, 2023.
Enviado pela autora.

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) XXXIX


A criança vai para escola:
vai faminta e não cochila,
leva os sonhos na sacola
mas, falta o pão, na mochila!
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Ama a vida, honra teu nome,
não perca a tua altivez;
que o tempo tudo consome,
mas, poupa a nossa honradez!
= = = = = = = = = 

Ao ver, ó cego, o sorriso,
no teu rosto sem visão,
percebo o quanto é preciso
sentir Deus no coração!
= = = = = = = = =

Ave das noites sem luz,
o mocho, vagando em vão,
enfim, nos braços da cruz,
quebra a cruz da solidão!
= = = = = = = = = 

Em meio a tanto abandono,
se não creiais, vinde e vede,
que a velha rede sem dono
chora a ausência de outra rede!
= = = = = = = = = 

Essa saudade grisalha,
que em mim, se fez mendicância,
é fogo que se agasalha
nas palhas de minha infância!
= = = = = = = = = 

Eu não invejo o teu ouro,
mesmo sem prata em meu teto;
porque meu rico tesouro
vem do garimpo do afeto!
= = = = = = = = = 

Eu sinto a dor da floresta,
ao ver que o mundo sem dó,
ri do pouco que nos resta
aos poucos virando pó!
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Há na luz do entardecer,
um sossego tão agudo,
que o poeta pode antever
que há silêncio em quase tudo!
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Meia noite!... E, sobre as ondas,
ao delírio me conduz,
a lua fazendo rondas
e enchendo as ondas de luz!
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Mundo afora, enfrento atrito,
e a todo instante, empecilho;
parece que eu trouxe escrito
meu destino de andarilho!
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Na mocidade, não cabe,
os bens que a vida nos deu;
mas, na velhice, se sabe
tudo que o tempo escreveu!
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Não sei por que me confortas.
Pois, eu nem sei quem tu és;
se o canto das horas mortas,
cai feito pranto aos teus pés!
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Não temas!... Ergue-te agora,
que o Sol com tanto esplendor,
não lamenta e também chora
quando reflete na flor!
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No amor, há muitas surpresas;
não penses que me atrapalho...
Pode haver brasas acesas
sob as cinzas do borralho!
= = = = = = = = = 

O amor, tem seus atavios,
tem adereços e encantos,
e em meio aos seus desafios,
rolam mágoas, riso e prantos!
= = = = = = = = = 

O tempo, aos poucos, descreve
e, mostra com seus desvelos,
meus dias da cor de neve
no branco dos meus cabelos!
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O tempo, em silêncio, avança
e, neste silêncio mudo,
não leva tudo que alcança
mas leva um pouco de tudo!
= = = = = = = = = 

O tempo, nos dá de sobra,
exemplos com seus hiatos;
mas, muitas vezes, nos cobra,
respostas por nossos atos!
= = = = = = = = = 

Ouço a neblina e, à distância,
pelo toque, a noite inteira,
conto os segundos da infância
pelos pingos da biqueira!
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Por que preconceito e ódio,
com gênero, raça e cor?...
Assim, ninguém sobe ao pódio
da paz, da glória e do amor!
= = = = = = = = = 

Quando alguém, à fé, se entrega,
e crê na fé que o conduz,
não sente a cruz que carrega,
se do outro, carrega a cruz!
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São tantos os caracóis
nos arco-íris matinais,
que as nuvens, bordam lençóis
nos arcos dos seus varais!
= = = = = = = = = 

Se a sorte nunca te ajuda,
não percas nunca a esperança,
que o próprio destino muda
e a sorte volta e te alcança!
= = = = = = = = =

Sorrio, que o riso acalma;
e, essa calma que preciso,
é alimento de minha alma
que vem da fonte do riso!
= = = = = = = = = 

Vão para o mar!... E, entre os seus,
quer do cais, quer dos barrancos,
lenços brancos dando adeus
aos sofridos lenços brancos!
= = = = = = = = = 
Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Enviado pelo trovador.

José Feldman (Viagem ao Mundo Fantástico da Babilônia)


(Dedicado ao meu amigo Andréa Righetti)

Onde? Filme? No Brasil? Onde fica? O que tem de fantástico?

Mas, que você, caro leitor, ficou curioso, com certeza ficou e, apesar de livros como o Guia dos Curiosos ou o Mundo Curioso da Natureza, sempre vem à mente aquilo que nossos pais, os pais deles, os pais dos pais, e assim por diante, diziam: “Meu filho! A curiosidade matou o gato!”.

Fique tranquilo! Após esta leitura, ninguém morrerá, nem de raiva – pelo menos, eu acho.

Nossa história de passa em uma cidade do interior de São Paulo.

Não! Ela não se chama Babilônia!

O nome dela é Piracicaba. 

Todo mundo lembra da música “O Rio Piracicaba...” e assim por diante. Se não lembra, não fique chateado, eu também não lembro.

Mas, vamos diminuir a nossa esfera localizacional (“êta” palavra chique, que deixa qualquer um mais perdido do que cego em tiroteio), e vamos para a Rua Boa Morte.

Gente! Os piracicabanos que me perdoem, mas um nome deste é assustador. Eu é que não vou passar nesta rua, sozinho, à meia-noite. Dá o que pensar um nome assim. 

Quando você entra na rua deveria haver uma Agencia de Plano Assistencial Boa Morte, com direito a escolha de terreno e advogado para efetuar o testamento. Percorrendo a rua, no meio dela, uma casa funerária e ao final, um cemitério.

- Ô, cumpadi. Pronde ocê vai?

- Prá  Boa Morte.

- Pêsames, finado.

Vamos lá! Pensa um pouco! Um nome destes! Cruz Credo!!!!! 

Será que o Bairro se chama Pé na Cova?

Bom! Deixemos estas elocubrações de lado e que sendo boa a morte, resolvi aproveitar a boa vida e fui a um restaurante me fartar no pecado da gula (esta é uma Boa Morte: Comendo bem). 

O restaurante chamado Babilônia. Não sei não. Talvez Sodoma e Gomorra casasse mais com o nome da rua. Mas, Babilônia dá um ar de paraíso na Boa Morte.

Entremos neste Éden de delícias, que é comandado pelo César italiano de nome Andrea.

Mas, para não pensarem que eu estou fazendo propaganda do dono que é o Andrea, nascido na Itália (uma dúvida fica de repente: Babilônia é colônia italiana?), não vou chama-lo de Andrea, usarei um nome fictício que faz jus aos nomes italianos de seus antepassados. Portanto, Andrea, passa a ser chamado de Toshio Nakama. Portanto, Babilônia é comandada pelo valoroso carcamano Toshio Nakama, que veio da Itália, não recordo bem, mas acho que nas costas de uma tartaruga.

Imagino que seja, pois demorou tantos anos para chegar aqui no Brasil.

Ecco! Tutto bona gente!

Enfim, após a saudação habitual pro-forme: “Ave, Toshio. Os que vão morrer te saúdam”, o banquete estava servido. Uma mesa enorme com iguarias finas dos mais profundos rincões das Itália: feijão, linguiça, palmito, tutu, lazanha. Resumindo, uma salada russa.

Como o leitor pode perceber, nosso amigo Toshio Corleone não discrimina nações.

Mas, o que torna este restaurante fantástico, o que faz viajarmos na Babilônia de nossos sonhos é o molho que é servido por um indivíduo que é uma mistura de Corcunda de Notre Dame com o ator Jean Reno, isto é, é de dar pena, parece uma trombada de dois trem-bala. Este molho, se chama Righetti. 

E o bacana de tudo é que quando as pessoas vão lá, vão para comer o Righetti.

- Porque você vai tanto no Babilônia?

- Adoro comer o Righetti.

Vão lá! O Righetti é fantástico!

Concomitantemente (êta palavra linda, e enooooooooooooooorme. Não sei bem o que significa, mas que é bacanona é!), depois que todos comem o Righetti, Toshio Nakama percorre as mesas observando a todos e animando com o seu bom-humor. Afinal por lá tudo é bom. Bom apetite, bom humor, boa morte...ahhhh! A Boa Morte outra vez!

Todos que saem de lá se sentem transportados aos Jardins da Babilônia, um paraíso perdido, ainda mais porque comeram o famoso Righetti.

Finalmente, para não encerrar sem uma boa mensagem a quem suportou esta crônica até agora, que li não lembro onde:

“O discípulo veio ao mestre Zen, lamentando-se, em plena fossa:

- É curta a vida! É curta a vida!

O mestre Zen, porém aproveitando as mesmas palavras, com variante na pontuação, solucionou:

- É curta a vida, é? Curta a vida!”
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Observação: O Restaurante Babilônia onde Toshio Nakama me aguarda todos os dias com um machado na mão (não sei porquê), fica na Rua Boa Morte, 1262, em Piracicaba. Não esqueçam de dizer que querem comer o Righetti.

(Piracicaba 23 outubro 2009)

domingo, 6 de agosto de 2023

Fabiane Braga Lima (Esperança...)

Eu não sei qual é a tua idade, ou de onde és, também não sei se és um escritor ou escritora. Se for um escritor ou escritora, eu quero te dar um conselho, dê tempo ao tempo, não ultrapasse o tempo e nem troque o certo pelo incerto.

Não queira assassinar os sentimentos seus e alheios, guarde-os somente contigo. O nosso país mudou, olhe tudo ao nosso redor, distópico, utopia e de repente tudo virou uma grande piada sem graça dita por um piadista sem talento.

Mas, vamos nos permitir pelo menos, acreditando que tudo de ruim irá passar. Então, não troque o certo pelo incerto, respeite o tempo, para que juntos, possamos ter esperança, de que ainda vale a pena, contar boas histórias e sermos honestos...!

Fonte:
Enviado por Samuel da Costa

Flora Munhoz da Rocha (Dezesseis batizados)

Esta é a história atrevida de um astuto vigarista de audácia sem precedentes. O homem teve a petulância de batizar o filho dezesseis vezes. Verdade. Não há exagero — dezesseis vezes. Toda vez que acabava o dinheiro em casa, ele não tinha dúvida, saía atrás de um padrinho de posses e já marcava em nova igreja um novo batizada. Logrou engenheiros, advogados, gente que não tinha nada de boba. Madrinha não tinha, era sempre Nossa Senhora. Ele sabia que mulher esmiuça as coisas e acabaria descobrindo.

Sabemos que é costume entre a classe mais humilde, os padrinhos vestirem o afilhado no dia do batizado. Mas padrinho, quanto mais importante, menos tempo tem para se preocupar com enxovalzinho, então iam dando dinheiro, que era o que o pai do menino queria.

Embolsando o dinheiro recomeçava a trajetória do batizado seguinte. Já nem embaraço sentia mais. Entretanto, o raciocínio dele não abrangeu todas as hipóteses. Só na Caixa Econômica ele tinha três compadres e, conversa vai, conversa vem, os padrinhos do menino se certificaram do logro - meu marido, Jofre Cabral e, se não me engano, o terceiro era o Orlando Loyola.

Jofre foi o que mais se sentiu ludibriado. Ele, com seu entusiasmo peculiar, não sabia fazer nada pela metade e, além do dinheiro para o camisolão branco, pendurou no pescoço do menino cordão de ouro com medalha de São Judas Tadeu, abriu caderneta de poupança e no dia até conduziu-os no seu belo carro à Igreja Santa Felicidade, por causa da promessa que o malandro garantiu ter feito por ocasião do nascimento do garoto.

Sua vigarice merecia sério corretivo, e quando o acusaram de haver cometido um sacrilégio, pendendo os braços para o lado ficou com uma cara de choro totalmente ridícula, se justificando: "Não vejo gravidade nisso, quanto mais batizado meu filho for, melhor para ele, fica mais filho de Deus".

Recordo de que quando ouvi essa história, lembrei de outra muito parecida de quando na nossa casa éramos crianças e um dos meus irmãos, que tinha o apelido de Pedro Malazarte, fizera a primeira comunhão quatro vezes. Ele era levado da breca e vivia sendo convidado a se retirar dos colégios de padre e a cada vez que trocava de internato, afirmava nunca ter feito a primeira comunhão por causa dos doces, da vela na mão, do dia de folga.

Acho que foi por isso que escutei sem espanto a história dos dezesseis batizados.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Flora Camargo Munhoz da Rocha, ex-primeira dama do Estado (1951), cronista, (1911-2014) nasceu em Curitiba-PR onde viveu a maior parte de sua vida. Com a criação do estado da Legião Brasileira de Assistência, atuou no campo social: implantou quarenta postos de puericultura nas cidades do interior; em Curitiba, fundou a Creche Branca de Neve e a Cidade dos Meninos para recuperação e ensino profissionalizante de até trezentos adolescentes. Colaborou, por muitos anos, na Gazeta do Povo, no Jornal da Imprensa e na revista O Cruzeiro. Seu conto "Elisa" teve os direitos comprados pela Rede Globo, que o adaptou para o programa "Você decide"; e seu poema "Canção nupcial" foi musicado pelo maestro Eleazar de Carvalho e apresentado em récita de gala pela Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro. Recebeu várias condecorações, destacando-se a Lateraeclésia (Vaticano) em 1956 e o título de Vulto Emérito pela Câmara Municipal de Curitiba em 1978. Fundadora da fundação da Academia Feminina de Letras do Paraná, exerceu a vice-presidência durante a primeira gestão. Foi membro da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil, do Centro de Letras do Paraná, do Centro Paranaense Feminino de Cultura, da União Cívica Paranaense, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Sala do Poeta, da Academia de Letras José de Alencar, da Academia Feminina de Letras do Paraná e da Academia Paranaense de Letras. Publicou Apontamentos (1954, crônicas); Crônicas de Domingo (1956); Três menos Um (1956, peça teatral); O Armazém de Seu Frederico (1973, contos); Domingo a Gente se Fala (1975, crônicas); Ida e Volta (1976, flagrantes de viagens); A Beleza de Ser Criança (1977); O Sofá Azul (1980); Bento Munhoz da Rocha Netto e A Imagem que Ficou (1985); Quadros sem Molduras (1986); Entre sem Bater Memórias (1998).

Fontes:
– 300 Histórias do Paraná: coletânea. Curitiba: Artes e Textos, 2004.

Daniel Maurício (Palavras de Cheiro) 1

A faca
Do tempo
Retalha
O corpo
Mas com ela,
A alma
Mais
Entalhada
Fica.
= = = = = = = = = 

  Ah,
Se o outono
Fosse
Só o cair
De folhas!
Meus olhos
Outonam
Por você.
= = = = = = = = = 

Ah, se todas as mulheres
Entendessem de mulher.
O mundo teria outra cara
Outro corpo, seria mais feliz.
Porque mulher,
Não é só "dona de casa"
É dona do seu destino
É dona de bem mais
do que do seu próprio nariz.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Ao dar
minhas
mãos
a você
Meu
coração
também
pediu
Pra ir junto.
= = = = = = = = = 

A olhos vistos
Era tanta
Realidade
Que os sonhos
Ficaram
Escondidos
Só no
Cantinho dos
Olhos.
= = = = = = = = = 

Aprendi
A ser insistente
Como o mar.
Um dia
Ainda beijarei
Bem mais
Do que
Os seus pés.
= = = = = = = = = 

Caia em si.
Pra não ser
O dó ré mi,
Na sonora gargalhada
Dos outros.
= = = = = = = = = 

Ela
6uardava n'alma
Um linguajar
Muito simples.
Pra dizer
Que era eterno,
Simplesmente
Dizia
Que era
Pra sempre.
= = = = = = = = = 

Ele
Desnudava o peito
Deixando a mostra
Uma poesia
Escrita em "Amorês"
Embora esta seja
Uma língua universal
Para ela
Não passava
De um hieróglifo.
= = = = = = = = = 

Lágrimas
Na "maré cheia"
Emocionada,
A alma
Nada ligeira
Esborrifando
Gotinhas salgadas
Que até poderiam
Ser chamadas
De pedacinhos
De mar interior.
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Não
Se trata
De perder
Per(doar)
Tem
Muito mais
A ver
Com dar.
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No dia da Mulher
Zequinha levantou
Bem cedo pra fazer
Uma serenata
Revelando um segredo:
Uma mulher é uma flor
Mas juntas são jardim
Carregam o dom da vida
Semeando amor sem fim.
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Quem me dera
Que o amor
Estivesse
Disponível
Em
Um
Pacotinho!
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Sinônimos
São os mesmos
Só que
Com roupas
Diferentes.
Já o antônimo,
Ah!!!
Esse é sempre
O "cara"
Do contra.
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Sobre ontem?
Ah!
Foi você
Que
Amanheceu
Em mim,
Ou sou eu
Que ainda
Não acordou?
= = = = = = = = = 
Fonte:
Enviado pelo poeta.
Daniel Maurício. Palavras de Cheiro. Curitiba: Ed. do Autor, 2021.

Clarisse da Costa (O amor subiu pelo telhado)

Sabe aquela história do "gato subiu pelo telhado"? Pois então, agora quem subiu pelo telhado foi o amor. É um tanto irônico isso, mas é a realidade atual. A Cinderela desceu as escadas de sandália, entrou no ônibus, na linguagem popular "busão", e foi trabalhar. No celular uma mensagem de alguém que nunca viu na vida dizendo: Oi minha linda, eu vi a sua foto e me apaixonei. 

Quase que dizendo eu te amo. Porque as pessoas ultimamente dizem "eu te amo" como se dissessem bom dia. Simples falar de amor, mas quem ama de verdade? 

Esse idealismo dos contos de fadas é totalmente fora do contexto da realidade. Os príncipes nem sequer conheciam as princesas e já tinham um imenso amor por elas. Seria este o amor à primeira vista? É como ler um livro e não passar do primeiro capítulo. E não me venha com a história de que a culpa é das estrelas, o culpado é a falta de sensibilidade e humanidade de muitas pessoas. 

Chegando em casa, a Cinderela de uma comunidade pobre, numa região litorânea do sul do Brasil, vê as mensagens recebidas. Todas falando de amor e como de costume aquele bate-papo clichê. São tantas palavras no aplicativo de mensagens que o dicionário Aurélio tem ficado para trás, porque não tem nas suas páginas o linguajar usado na Internet.

E o amor com todas as abreviações fica sem sentido.

Fonte:
Enviado por Samuel da Costa.

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) Capítulo 7: Vida em risco

Dona Ana vinha se sentindo cansada há algum tempo. Dores no corpo, acompanhadas de tonturas e falta de ar, passaram a fazer parte de seu cotidiano.

Não conseguindo disfarçar todos os sintomas, embora tentasse, queixava-se apenas de um simples cansaço. 

Na manhã seguinte ao baile, levantou da cama tomada por uma forte tontura e mal conseguindo parar de pé, desmaiou.

Ao contrário da mãe, Isadora acordou muito bem disposta. A primeira imagem que veio à sua mente pela manhã foi o sorriso do rapaz que lhe encheu a alma de alegria no fandango.  E sorriu, ao lembrar das palavras ditas pela sábia vó Gorda.

“A vó disse que um amor está vindo  em minha direção.”, pensou.

O que a prenda não podia imaginar naquele instante, bordado em fios de ouro pelas tramas do destino, eram os problemas que ainda estariam por vir. 

Ao sair do quarto, seu instante de céu transmutou-se em inferno, em profundo breu, e se viu completamente sem chão ao encontrar a mãe caída no corredor. 

- Mãe! O que houve? - perguntava ela  tentando reanimar dona Ana.

A mulher continuava desacordada e Isa saiu em busca de socorro.

Juca a levou para um hospital da cidade. E lá, no HCB, Hospital de Caridade e Beneficência, após receber os primeiros socorros e passar por alguns exames, o plantão médico anunciou que dona Ana sofrera um mal súbito, e aconselhou que ela fosse transferida para passar por alguns exames mais detalhados na capital, Porto Alegre.

- Cadê o pai, Juca? Nunca sabemos por onde ele anda. -  reclamou Isadora.

- Não sei. Mas vou correr atrás dele. - disse o capataz.
 
- Vai logo. Precisamos transferir a mãe o mais rápido possível. Ainda não sabemos o que ela teve.

Horas depois, Juca apareceu com o patrão.

Ao saber dos custos dos exames, o velho, de susto, quase caiu para trás.

- Pai, estás esperando o quê para dar início aos procedimentos da transferência?

- Tô indo,  “fia”!  - disse o senhor Antônio, meio sem saber o que fazer. 

O velho parecia mais preocupado com as finanças do que com a saúde da esposa. 

Foi à fazenda, e pegou um dinheiro que tinha escondido num embrulho de pelego no alçapão da cozinha. Retornou ao hospital e, só então, as providências da transferência foram tomadas.

Dona Ana foi removida para a Santa Casa de Misericórdia (hospital mais antigo do Rio Grande do Sul), onde permaneceu por alguns dias em observação.

Isadora rezava a Deus e à Virgem Maria pela vida da mãe. E entre uma prece e outra, um pensamento se repetia:

- A pedido da minha santa mãezinha, nunca ousei enfrentar o pai, mas sinto que chegou a hora de termos uma conversa séria. 
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continua…

Fonte:
Enviado pela autora.

2. Concurso Nacional de Poesia Oracy Dornelles (Prazo: 30 de agosto)

A Casa do Poeta de Santiago promove o Concurso Nacional de Poesia Oracy Dornelles, 
que visa homenagear a memória do poeta santiaguense que lhe empresta o nome, bem como estimular produções literárias na categoria poema, com objetivo de revelar novos talentos das letras nacionais.

Oracy Dornelles, foi pintor cartazista, decorador, desenhista de publicidade, caricaturista, escultor, perito em grafologia judiciária e poeta. Observando cronologicamente a poesia de Oracy vemos poemas realizados na década de 50 que apresentam versificação e metrificação perfeitas (sonetos, quadras, sextilhas, oitavas). Com o passar dos anos, nota-se a evolução no processo criativo do poeta em perspectivas inovadoras: ele passa a se utilizar do verso livre (característica dos poetas modernistas), mas intensificando o ritmo e a cesura, que imprimem forte musicalidade e cadência aos seus poemas, pela conveniente alternância de sílabas tônicas e átonas, acentuando a sua mensagem cósmica, universal. Publicou os livros: “Agonia das Trevas”, 1954, “Belkiss”, 1955, “Ninguém e Mais Eu”, 1959, “Poemas Opus 4”, 1981, “Poesia a Dois”, 1984, “Cantares Ares”, 1992, “Antologia a”, 2000, “Cânticos do hoje”, 2006, “ Páginas Impossíveis”, 2008, “320 Caricaturas Menos Uma”, 2009, “Poesias Novíssimas e Antycqüas”, 2009, “epitáfios e últimos poemas”, 2010, “poesia y chronica” 2011.

Serão selecionados 25 poemas, dos quais os três melhores receberão premiação em dinheiro, bem como será premiado com o Prêmio Terra dos Poetas o melhor poema de escritor(a) natural ou residente na cidade de Santiago há mais de dois(02) anos. Os textos selecionados farão parte de um e-book que será produzido pela Casa do Poeta de Santiago, com os devidos registros (ISBN e Ficha Catalográfica) e disponibilizado nas redes socais.

1- Participação:

1.1 - Poderão participar do Concurso de Poesia Oracy Dornelles candidatos de nacionalidade, brasileira, residentes no país ou no exterior.

1.2 - Cada participante poderá inscrever-se com somente um texto;

1.3 - O texto inscrito deverá ser rigorosamente INÉDITO.

1.4 - O texto com a ficha de inscrição deverá ser enviado através do e-mail casadopoeta.stgo@gmail.com 

2 - Inscrição:

2.1 - As inscrições deverão ser realizadas de: 15/07/2023 a 30/08/2023 on line através do e-mail casadopoeta.stgo@gmail.com anexando ficha de inscrição e o texto com o título e pseudônimo.

2.2 - O preenchimento da ficha de inscrição deve ser completo e o tema do texto é de Livre escolha do autor.

2.3 - Não há delimitação de páginas ou caracteres.

2.4 - No documento (POEMA) NÃO deverá constar o nome do autor. O pseudônimo é obrigatório e deverá ser colocado logo abaixo do título do texto e alinhado à direita.

2.5 - Assim que recebida a inscrição com arquivo do texto a comissão organizadora sinalizará o recebimento, caso o arquivo não abra entrará em contato.

3 - Seleção:

3.1 - A seleção e premiação dos textos será realizada por uma Comissão Julgadora composta de membros da Casa do Poeta de Santiago;

3.2- A identificação dos concorrentes será feita após a decisão da Comissão Julgadora, quando serão conferidos o título e pseudônimo dos textos premiados e selecionados, com os dados da ficha de inscrição que acompanha os textos e os premiados serão informados através de seus e-mails.

3.3 - O não cumprimento, ou violação de qualquer uma das regras deste regulamento resultarão na desclassificação do participante.

Parágrafo Único - Os textos premiados e selecionados serão corrigidos de acordo com as novas regras ortográficas da Língua Portuguesa. Sendo assim, a correção do texto, para edição do livro, fica sob a responsabilidade da Casa do Poeta de Santiago, com conhecimento e consentimento do autor do texto. O livro dos premiados e selecionados será publicado em forma de e-book e disponibilizado nas redes sociais da Casa do Poeta de Santiago.

4 - Premiação:

4.1 – O primeiro, segundo e terceiro colocados receberão, respectivamente de acordo com a sua colocação:

1o Lugar: R$ 300,00(trezentos reais)
2o Lugar: R$ 200,00(duzentos reais)
3o Lugar: R$ 100,00(cem reais)

4.2 - Será concedido um “Prêmio Terra dos Poetas” ao melhor poema de escritor(a) natural ou residente na cidade de Santiago há mais de dois(02) anos. Essa premiação somente se dará mediante a apresentação de comprovante de residência ou documentação afim, enviada junto
ao e-mail de inscrição;

4.3 - O valor do “Prêmio Terra dos Poetas” será de R$ 300,00 (trezentos reais);

4.4 - A critério da Comissão Julgadora, poderão ser atribuídas até três (3) Menções Honrosas.

4.5 – A premiação ocorrerá durante a 25a Feira do Livro de Santiago, 06 a 12.11.2023, em dia e horário a serem definidos.

5 - Publicação:

5.1- Os 25 poemas selecionados, comporão um e-book que será organizado e produzido pela Casa do Poeta de Santiago, sem custo aos participantes.

5.2 - Por ocasião das publicações, os selecionados precisarão assinar documento de cedência direitos autorais.

5.3 - O e-book terá seu lançamento na mesma data da premiação do concurso.

6 - Disposições Gerais:

6.1- No ato das inscrições, o participante aceitará, implicitamente, todas as disposições deste regulamento.

6.2 - As decisões de seleção e premiação da comissão julgadora terão caráter irrecorrível.

6.3 - Os participantes selecionados declaram desde já que os textos escritos e enviados são de
suas autorias ao mesmo tempo que, ao se inscreverem, autorizam a utilização de seus nomes e imagens para divulgação do referido concurso.

7 - Cronograma:

7.1 - Inscrições e envio dos textos: 15/07/2023 a 30/08/2023
7.2 Análise da comissão organizadora: 01/09/2023 a 30/09/2023
7.3 - Divulgação do resultado: 07/10/2023
7.4 – Premiação e lançamento do e-book: na 25a Feira do Livro de Santiago (06 a 12.11.2023)


Fonte: