Evidentemente, como em todos os gêneros, o vocabulário usado pelo trovador vai, aos poucos, refletindo a realidade da vida em cada época:
vem sempre com tal calor,
que qualquer dia derrete
meu pobre computador...
A. A. de Assis
11.
tua presença me furta,
pelo atalho da saudade
torno a distância mais curta!
Maria Nascimento
12.
Pois veja esta de Domingos Freire Cardoso, de Ílhavo (Portugal),vencedora no IV Concurso Literário Cidade de Maringá – Tema: ROÇA
força, braço, homem, dor;
Plantas, flores, frutos, pão,
terra, vida, infância, amor!!!…
Domingos Freire Cardoso
13.
dos decotes, dos perfumes,
não posso impedir que saias,
mas eu morro de ciúmes!
Elisabeth Souza Cruz
14.
Durante algum tempo fizemos na UBT-Rio um concurso chamado "Uma trova pra responder" que consistia em construir uma trova-resposta para uma pergunta formulada em outra trova. Já o site “falando de trova” lançou, certa vez, um desafio semelhante: construir uma suite (continuação) para uma trova apresentada, do que resultou o seguinte:
Trova original
ao lhe ofertar seu calor,
matou a gota de orvalho
que brincava sobre a flor!...
José Ouverney
Suíte
com seu fulgor deslumbrante,
houve por bem transformá-la,
com sua luz, em diamante!
Renato Alves
15.
“Tu és pó e ao pó retornarás”: Nesta belíssima trova de Alonso Rocha, uma reflexão filosófica sobre o Homem, sua importância e seu destino. Um exercício de humildade para ser sempre lembrado!
de um mundo farto e bizarro,
esquece que Deus – o Oleiro –
cobra o retorno do barro.
Alonso Rocha
16.
Às vezes, a beleza da trova está baseada num achado que nos leva a reflexões filosóficas, às vezes, a um sentimento lírico etc etc. Esta trova, porém, nos remete, primeiro, a uma imagem física de grande beleza plástica, para depois nos fazer sentir a profundidade afetiva que encerra este gostoso abraço.
com seu abraço a ilusão
que sou um coqueiro enfeitado
de orquídeas em floração.
Wandira Fagundes Queiroz
17.
Na pequenina trova, às vezes basta um também pequenino detalhe para valorizar o estilo e a linguagem. Vejam como o “foi não...”, construção típica do linguajar regional, no final do 2º verso, serviu para conferir autenticidade nordestina ao que é dito, embora o autor seja mineiro de Pouso Alegre.
desprezo, eu juro, foi não...
Foi a dureza do agreste
Que me afastou do sertão!
Alfredo de Castro
18.
Às vezes fico pensando se o rigor formal exigido nos concursos e jogos florais não pode nos privar de certas joias da criatividade poética na composição da trova. Reparem na beleza desta trova de rima simples que, no entanto, jamais seria premiada em concursos nos dias atuais.
não gosta de ti, meu bem.
– Quando tu vens, ela vai...
Quando tu vais, ela vem...
Luiz Otávio
19.
Esta trova apresenta três aspectos que merecem comentário:
1. É de rima simples;
2. Apresenta um “enjambement” entre os 1º e 2º versos, recurso condenado por muitos;
3. Tem uma linda metáfora para “esquecimento”!
(As ondas vão apagar o nome, assim como o trovador foi “apagado”...)
da praia, como castigo:
– Façam-lhe as ondas o mesmo
que tu fizeste comigo!
Corrêa Júnior