sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos) Parte 4

Lobito - Angola (pintura de A. Magalhães)
Parte 1 em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/luis-kandjimbo-breve-histria-da-fico.html
Parte 2 em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/luis-kandjimbo-breve-histria-da-fico_12.html
Parte 3 em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/luis-kandjimbo-breve-histria-da-fico_14.html
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4. O Exercício diferencialista da linguagem, a sátira a ironia e a verdade histórica na geração de 60

Em fins da década de 50 e em toda a década de 60 a prosa de ficção conhece novos impulsos com a afirmação de uma geração constituída por escritores que se nutriam de ecos das vanguardas literárias européias e latino-americanas. A crônica, o conto e o romance são gêneros narrativos que encontram cultores inventivos. Revelam-se nomes como Ernesto Lara Filho cujas crônicas Roda Gigante são publicadas no jornal de Angola, Henrique Guerra (A bola e a panela de comida ), Mário Guerra ( A cubata solitária), Mário António (Farra no fim de semana, Gente para romance, Crônica da cidade estranha) e António Cardoso.

A publicação das obras destes autores deve-se ao esforço de pequenas editoras como as Coleção Imbondeiro do Lubango, animada por Garibaldino de Andrade e Leonel Cosme, a Casa dos Estudantes do Império com a coleção Autores Ultramarinos em Lisboa e os Cadernos Capricórnio de Orlando de Albuquerque no Lobito.

É com a geração de ficcionistas de 60 que se registram os mais profundos e intencionais exercícios diferencialistas da linguagem narrativa, além da introdução de um tipo de personagens que assinalam uma ruptura com as propostas de Assis Júnior e Óscar Ribas.

MANUEL DOS SANTOS LIMA

Manuel dos Santos Lima, nasceu em 1935 na província do Bié. Publica As Sementes da Liberdade (1965), As Lágrimas ao Vento (1976) e Os Anões e os Mendigos( 1984). Com As Lágrimas e o Vento, Manuel dos Santos Lima é o primeiro escritor a construir uma trama que gravita em redor da guerra colonial. A história do último romance decorre em África num país chamado Costa da Prata cujo presidente é Davi Demba. É uma virulenta sátira dos regimes africanos de partido único e do culto da personalidade que reduzem os homens e a sua dignidade humana a meros serventuários de apetites da libido dominandi de ditadores e elites inescrupulosas que ainda abundam em África. Dentre os três romances merece destaque As Lágrimas e o Vento, se realizarmos uma leitura que privilegie a artesania na construção da história. É um dos primeiros romances sobre a guerra colonial angolana.

LUANDINO VIEIRA

Luandino Vieira nasceu em Portugal no ano de 1935, numa localidade chamada Lagoa do Furadouro. Veio para Angola aos três anos de idade na companhia de seus pais que eram colonos portugueses.

Foi preso em 1959. Voltou a ser preso em 1961 e condenado a 14 anos de reclusão.

Aquela intencionalidade de produzir uma linguagem distinta viria ser posta à prova em 1965, quando a Sociedade Portuguesa de Escritores atribuiu o Prêmio de Novelística ao livro Luuanda de Luandino Vieira que já publicara A Cidade e a Infância ( 1957). João Gaspar Simões, um dos críticos portugueses mais categorizados e que integrava o júri, recusou o seu voto. E explica assim a sua posição: “ (…) uma coisa é ser-se autor português, outra ser-se autor angolano, embora de expressão portuguesa (…), o falar dos personagens e o falar regional, o falar de um povo que, como o brasileiro, mais tarde ou mais cedo, independentemente, atingirá diferenciação (…)" Toda a obra de Luandino Vieira posterior a Luuanda está profundamente marcada por essa inquietação. Ao nível da linguagem Luandino Vieira combina a estratégia de invenção da língua do narrador que é diferente da das personagens. Isto acontece pelo fato de o autor pretender transpor deliberadamente para o texto uma experiência lingüística observada,mas não vivida. É por isso que, no nosso entender grande parte dos textos posteriores à A Vida Verdadeira de Domingos Xavier, sem prejuízo das finalidades estéticas prosseguidas, não são facilmente legíveis para o homem comum do meio luandense, em que é suposto decorrerem as ações.

ARNALDO SANTOS

É natural de Luanda onde nasceu em 14 de Março de 1935. Passou a infância e a adolescência no bairro do Kinaxixi, topônimo que ocupa um lugar privilegiado na sua produção narrativa. Aos vinte anos de idade publicou a sua primeira coletânea de contos Quinaxixi. Com o livro de crónicas Tempo do Munhungo, arrebatou em 1968 o Prêmio Mota Veiga, um dos poucos atribuídos em Luanda, na década de 60 e 70.

Arnaldo Santos situa-se ligeiramente num outro nível de tratamento da linguagem. É um preciosista na depuração do texto narrativo curto e de todos os seus recursos e elementos. Daí que a sua ficção narrativa não tenha conhecido até agora variações para além do conto (Kinaxixi), crónica (Tempo do Munhungo) e novela (A Boneca de Quilengues).

No dizer de Jorge Macedo, ele usa “ lexias-kimbundo no interior de um português de luzidia correção”. O seu nome é uma referência incontornável, associada àquele minimalismo narrativo que encontraremos igualmente em Boaventura Cardoso. É um dos poucos narradores que evidenciam elevado sentido de rigor na seleção dos tipos de personagens. Na sua obra inicial, reconhecemos traços característicos de uma perfeita articulação da psicologia das personagens a esse espaço urbano de Luanda que obedece à lógica e história predominantemente autóctones. Tal efeito é alcançado, por exemplo no conto A mulher do padeiro, através de uma conflituosa coabitação entre personagens portuguesas e luandenses. Embora o seu espaço físico e social de eleição seja o Kinaxixi, em Luanda, em A Boneca de Quilengues desloca essa minúcia para Benguela, realizando pela primeira vez a introdução de “lexias-umbundu”.

PEPETELA

Pepetela, pseudônimo de Artur Pestana, é natural de Benguela, onde nasceu em 1941. Realizou os estudos primários e secundários em Benguela e Lubango. Em Portugal frequentou o Instituto Superior Técnico de Lisboa. Após a sua fuga para o exílio, juntou-se ao Movimento de Libertação Nacional. Em Argel, formou-se em Sociologia e integrou a equipa que formou o Centro de Estudos Angolanos. Foi Vice-Ministro da Educação. Grande parte da sua produção foi publicada após a independência, como de resto se passa com uma boa parte dos ficcionistas angolanos.Publicou Muana Puó(1978); As aventuras de Ngunga(197..); Mayombe (1980); O Cão e os Calús(1985); Yaka (1985); Lueji,o Nascimento dum Império (1990); A Geração da Utopia (1992); O Desejo de Kianda (1995); Parábola do Cágado Velho(1996) A Gloriosa Família (1997). A tematização da história imediata, social ou política, e antiga constitui a trama de quase todos os seus romances como Mayombe, Yaka, Lueji,o Nascimento dum Império, A Geração da Utopia, Lueji, A Gloriosa Família.

É no cruzamento que a onomástica e as personagens estabelecem com a História onde vamos encontrar motivos de grandes interrogações sobre o labor ficcional de Pepetela. Em Yaka, um romance em que se conta a saga dos Semedo, uma família descendente de um antigo colono, este autor submete personagens da História de Angola como Mutu-ya-Kevela a um tratamento semântico que suscita alguma perplexidade para o leitor angolano avisado, numa trama que se traduz em inadequada superação das metáforas coloniais. Mutu-ya-Kevela, que é um herói da resistência ao colonialismo, não pode ser reduzido a “ monstro de dentes compridos” funcionando como um horror às crianças, tal como acontece em Yaka. A perplexidade atinge o apogeu, quando a incorporação de personagens-referenciais no romance deixam de satisfazer aquele fim, através do qual se deve reabilitar os heróis passado, da grande narrativa angolana que é a História de Angola. Em tudo isso reside uma inquietação com aquelas coisas que tocam as identidades coletivas e a legitimação do lugar que se ocupa na sociedade. Numa das suas entrevistas publicadas em livro, Pepetela revela as suas grandes preocupações com a formação da nação. E atribuía tal propensão e a recorrência do tema na sua obra ao fato de ter estudado Sociologia.

Com efeito, digno de destaque para aquilo que deve ser o cânone literário são Mayombe, A Geração da Utopia e Parábola do Cágado Velho. Aqui Pepetela revela-se um importante arquitecto para o imaginário angolano.

HENRIQUE ABRANCHES

Henrique Abranches nasceu em Lisboa em 1932. Foi para Angola em 1947 de que adotaria a nacionalidade. Com Pepetela fundou em Argel Centro de Estudos Angolanos onde trabalharam na redação de um manual de História de Angola. Publicou A Konkava de Feti, O Clã de Novembrino, Kissoko de Guerra,Titânia, Misericórdia para o Reino do Congo! e Senhores do Areal.

Três romances deste autor merecem a nossa atenção: A Konkava de Feti, O Clã de Novembrino e Misericórdia para o Reino do Congo!.

No primeiro socorre-se de materiais das tradições orais dos povos do sudoeste de Angola. O segundo narra a história de um naufrágio, gravitando à volta do velho tema da ilha. Os sobreviventes que, são colonos africanos cujo destino era o Brasil. Fundam uma nova comunidade no pedaço de terra para onde são lançados pelas ondas do Atlântico.Numa persistente luta contra as adversidades da natureza constroem uma sociedade cujas bases são constituídas pela cultura das diversas etnias do país de origem. Instituem regras e normas apropriadas à sua situação como, por exemplo, a que diz respeito à regulação das relações entre os homens e as mulheres, devido à escassez destas últimas.

Mas se tivermos em atenção a temática histórica, é sem dúvida o terceiro que melhor situa o autor no panorama ficção narrativa angolana.

Henrique Abranches vai à História de Angola e submete a um tratamento ficcional o chamado movimento messiânico dos antoninos que no século XVII é liderado por Cimpa Vita. O cenário é o reino do Congo, mais precisamente na região do Soyo.

MANUEL RUI MONTEIRO

Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade do Huambo em 1941. Publicou O Regresso Adiado , Memória de Mar, Sim, Camarada!, Quem me Dera ser Onda, Crônica de um Mujimbo, 1 Morto & Os Vivos, Rio Seco, Da Palma da Mão.
A sua prosa ficção está profundamente marcada por preocupações estéticas de um realismo social que celebra o homem comum. Quando focaliza categorias de personagens da classe média, o faz para produzir caricaturas de comportamentos perversos. É aqui que este autor exibe a sua mestria no tratamento da sátira e da ironia. São recursos de grande eficácia no plano semântico-pragmático. O que pode ser provado pelo número de edições e tiragens de Quem me Dera ser Onda, título que suscitou grande empatia do público leitor. É a história de um porco que habita um apartamento na companhia de uma família cujo chefe é Faustino. Da hilaridade ao patético, a presença do animal vai provocando uma série de transtornos aos moradores do prédio, muitos dos quais pautam a sua conduta por regras e valores do mundo rural, como é este o da domesticação de animais no espaço residencial para a satisfação das necessidades de consumo de carne. É uma sátira mordaz a respeito de fenômenos de mobilidade social de determinadas categorias, do mimetismo dos novos ricos, e do populismo político.

O realismo social, a sátira e a ironia logram níveis de elaboração estética em Rioseco, um romance cuja história decorre numa ilha adjacente à parte continental de Luanda. Um casal de refugiados do sul e leste de Angola, em que o marido e a mulher pertencem a etnias diferentes, vai acoitar-se no mundo insular de pescadores pertencentes a uma outra etnia d norte . Tecem profundas relações sociais de solidariedade, e apesar das suas origens étnicas, acabam todos eles,por construir um mundo diferente em que procuram banir a violência que dilacera o continente. No plano da linguagem, Manuel Rui Monteiro experimenta o recurso à diglossia imprópria, através do qual os discursos das personagens são impregnados de estruturas frásicas e semânticas que vazam das línguas autóctones e de uma psicologia equivalente. Não sendo ainda de desprezar a semântica do antropônimo de uma personagem feminina que é Noíto. Aqui vemos Manuel Rui lançar mão da memória que debita materiais para a ficção, pois trata-se de uma personagem que viveu no Huambo, afamada por ser uma grande quimbanda, ou seja, terapeuta tradicional a quem eram reconhecidos poderes do mundo intangível. E no romance Noíto é, no essencial, uma mulher capaz de decifrar os segredos da natureza e pressagiar infortúnios.
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continua... 5. Boaventura Cardoso: A voz representativa da geração de 70
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Fontes:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm
Pintura = http://amagalhaes.anda.ca

Vinicius de Moraes (O exercício da crônica)

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

Alguns fazem-no de maneira simples e direta, sem caprichar demais no estilo, mas enfeitando-o aqui e ali desses pequenos achados que são a sua marca registrada e constituem um tópico infalível nas conversas do alheio naquela noite. Outros, de modo lento e elaborado, que o leitor deixa para mais tarde como um convite ao sono: a estes se lê como quem mastiga com prazer grandes bolas de chicletes. Outros, ainda, e constituem a maioria, "tacam peito" na máquina e cumprem o dever cotidiano da crônica com uma espécie de desespero, numa atitude ou-vai-ou-racha. Há os eufóricos, cuja prosa procura sempre infundir vida e alegria em seus leitores e há os tristes, que escrevem com o fito exclusivo de desanimar o gentio não só quanto à vida, como quanto à condição humana e às razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria personalidade atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como a personagem principal de todas as situações. Como se diz que é preciso um pouco de tudo para fazer um mundo, todos estes "marginais da imprensa", por assim dizer, têm o seu papel a cumprir. Uns afagam vaidades, outros, as espicaçam; este é lido por puro deleite, aquele por puro vício. Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crônica, e o cronista afirma-se cada vez mais como o cafezinho quente seguido de um bom cigarro, que tanto prazer dá depois que se come.

Coloque-se porém o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista. Dias há em que, positivamente, a crônica "não baixa". O cronista levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relê crônicas passadas em busca de inspiração - e nada. Ele sabe que o tempo está correndo, que a sua página tem uma hora certa para fechar, que os linotipistas o estão esperando com impaciência, que o diretor do jornal está provavelmente coçando a cabeça e dizendo a seus auxiliares: "É... não há nada a fazer com Fulano..." Aí então é que, se ele é cronista mesmo, ele se pega pela gola e diz: "Vamos, escreve, ó mascarado! Escreve uma crônica sobre esta cadeira que está aí em tua frente! E que ela seja bem-feita e divirta os leitores!" E o negócio sai de qualquer maneira.

O ideal para um cronista é ter sempre uma os duas crônicas adiantadas. Mas eu conheço muito poucos que o façam. Alguns tentam, quando começam, no afã de dar uma boa impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro cronista, um cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordenado em mandar sua crônica de táxi - e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um certo prazer em imaginar o suspiro de alívio e a correria que ela causa, quando, tal uma filha desaparecida, chega de volta à casa paterna.

Fonte:
http://www.grandesautores.com.br/

Projeto Ler é Bom, para Alunos a partir da 6a. Série



Projeto de leitura destinado a alunos do ensino fundamental, a partir da 6ª série, e do ensino médio.

Tem como objetivos incentivar o hábito da leitura e estimular a criatividade dos jovens.

Aprovado pelo Ministério da Cultura desde 2000, é desenvolvido com excelentes resultados em escolas estaduais e municipais em todo o Brasil.

A unidade escolar recebe, como doação, 38 exemplares de uma das obras de Laé de Souza.

Junto com os livros, a escola também recebe material didático (folhas pautadas para redação e questionários) para aplicação do projeto em sala de aula.

Após a leitura e o desenvolvimento de várias atividades sugeridas, os alunos respondem questionário sobre a obra e desenvolvem textos baseados nas crônicas ou nos personagens. Os autores dos três melhores trabalhos recebem como prêmio outra obra de Laé de Souza.

O Projeto enviará um exemplar da obra a ser utilizada e mais informações sobre as atividades que serão desenvolvidas pelo professor. Se após análise houver a confirmação do interesse, serão enviados todos os materiais para a aplicação do projeto.

A escola interessada em participar deverá preencher a ficha de inscrição no link abaixo.

A escola que já recebeu o material para análise e quer confirmar o interesse em participar do projeto, deverá preencher a ficha de confirmação de interesse em participar

Fonte:
http://www.projetosdeleitura.com.br/proj02.html

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Coletânea do 9º Concurso de Literatura de Canoas (RS) 2008



Coletânea do 9º Concurso de Literatura de Canoas (RS) 2008

Esta coletânea contém os trabalhos vencedores do 9º Concurso de Literatura / 2008, nas três categoria: Conto, Crônica e Poesia.

O Concurso de Literatura da FCC, nesta edição, recebeu 918 trabalhos de autores de 20 estados brasileiros e mais 5 países: México, Japão, Itália, Portugal e São Tomé e Príncipe.

O volume possui 120 páginas e as ilustrações da capa e internas são do artista plástico Darcy Morais.

O homenageado nesta edição foi O escritor Cícero Galeno Lopes.

A diagramação e formatação esteve a cargo da empresa TecnoArte e a impressão foi realizada pela Gráfica e Editora Tecnicópias.

DECLARAÇÃO DOS RESULTADOS

A Fundação Cultural de Canoas, através do Presidente de seu Conselho Diretor, divulga os resultados dos trabalhos inscritos no 9° Concurso de Literatura, coordenado por Clara Forell. A Comissão Julgadora foi composta por Antônio Mesquita Galvão, Valéria Brisolara, Luiz Gonzaga Lopes, Carmem Sílvia Machado Galvão e Nestor José Mayer, no gênero Conto; Isabella Vieira de Bem, Zilá Bernd e Luciana Volcato Panzarini Grimm, no gênero Crônica; Odiombar Rodrigues, José Édil de Lima Alves e Loreno Luiz Zambonin, no gênero Poesia.

GÊNERO CONTO

1° Lugar: “Carta encontrada em uma fresta”
Autor: ANÉSIO FERREIRA DOS REIS JÚNIOR (Anésio Júnior) - Embu das Artes/SP

2° Lugar: “O segredo do violinista”
Autora: LÍLIA DE OLIVEIRA ROSA (George Sand Brasil) - Campinas/SP

3° Lugar: “As laranjeiras de Sevilha”
Autora: LIS CLETO CEREJA (Lis) - São Paulo/SP

- Menções Honrosas -

“Rios de prata”
Autor: WILLIAN RABELO (O grande mentecapto) - Goiânia/GO

“Um conto de ônibus”
Autora: SOFIA KELLY GIAMBARBA FURMANSKI (Agnieska) - Velha Velha/ES

“Pequenos detalhes”
Autora: ANA CRISTINA DE S. L. DE MELO (Emma Assis) - Rio de Janeiro/RJ

- Melhor CONTO de autor canoense -

"O entrevero da barata no dia D de um colorado"
Autor: ADILAR SIGNORI ( Gaúcho)

GÊNERO CRÔNICA

1° Lugar: “O Sebo de Alexandria”
Autor: LUCAS JERZY PORTELA (Handel) - Salvador/BA

2° Lugar: “Recado”
Autor: TINÊ SOARES (Cataletra) - Caratinga/MG

3° Lugar: “Filha da Cadeia”
Autor: MARIA INÊS GUARDA TAFARELLO (Sentimento do Mundo) - Jundiaí/SP

- Menções Honrosas -

“Um anjo na internet”
Autor: MARIA ALEXANDRA MILITÃO RODRIGUES (Garça do Lago) - Brasília/DF

“Pés”
Autor: REGINA NADAES MARQUES (Beberibe Torres) - Milano/ITÁLIA

“Gestos Automáticos”
Autor: CORACY TEIXEIRA BESSA (Uiara) - Salvador/BA

- Melhor CRÔNICA de autor canoense -

"O tropeiro de Roca Sales"
Autor: ADILAR SIGNORI (Rocales)

GÊNERO POESIA

1° Lugar: “Os loucos é que vão pro céu”
Autor: RAPHAEL TRINDADE DOS SANTOS (Tamoio Graça) - Rio de Janeiro/RJ

2° Lugar: “Coração”
Autora: MARIANA OHLWEILER (América Vespúcio) - Ivoti/RS

3° Lugar: “A poesia”
Autor: LEONARDO DE LIMA DURVAL (Leo Durval) - Iputinga - Recife/PE

- Menções Honrosas -

“Receita para calar o rugido dos dedos enterrados uns entre os outros”
Autor: WHISNER FRAGA (Sunny Lane) - Ribeirão Preto/SP

“Ode ao ser passageiro”
Autora: KÁTIA CRISTINA MOTA (Kátia Mota) - Cerquilho/SP

“Pagu”
Autora: ANA CAROLINA EIRAS COELHO SOARES (Aurora) - Rio de Janeiro/RJ

- Melhor POESIA de autor canoense -

"Maria e as canoas"
Autor: JOSÉ LUÍS BIULCHI DE SOUZA (José Luiz)

Fonte:
http://www.fundacan.com.br/

Cicero Galeno Lopes



Cícero Galeno Urroz Lopes é natural de Uruguaiana, RS, reside em Porto Alegre e desenvolve o seu trabalho em Canoas, desde 1994.

Possui Graduação em Letras (português-espanhol) pela Universidade Católica de Pelotas (1971), Especialização em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal de Santa Maria (1980), Mestrado em Letras (Teoria da Literatura) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) e Doutorado em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor titular e pesquisador no Centro Universitário La Salle.

Tem experiência na área de Letras em todos os níveis de ensino; em delegacia e secretaria de educação. Dedica-se especialmente à Literatura Brasileira; atua principalmente nos seguintes temas: literaturas gaúchas de línguas portuguesa e espanhola, teoria e crítica literárias, dialogismo, hibridação cultural interamericana.

É autor de crítica e teoria em livros próprios e coletivos e em periódicos especializados; de ficção (contos), com três obras editadas; de livro didático sobre compreensão e interpretação de textos.

É colaborador em jornais diários e outros, sobre cultura, comportamento e literatura. Integra o Conselho Consultivo da revista Métis (UCS), o Conselho Editorial do Unilasalle e da revista Colabor@ (UCB); integra também a Comissão Científica de Pesquisa do Unilasalle. Tem atuado também como organizador, coordenador e executor de eventos culturais em Porto Alegre e Canoas, junto à Câmara Rio-grandense do Livro e à Fundação Cultural de Canoas.

Foi responsável pelo planejamento, instalação, edição e consolidação (1996-2004) das revistas acadêmico-científicas La Salle e Diálogo e da série Cadernos La Salle (Unilasalle-RS).

Integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS (2006-2007) como representante da Associação Gaúcha de Escritores; exerceu a presidência do Conselho de Cultura de Uruguaiana e (três vezes) a vice-presidência do Califórnia da Canção Nativa do RS.

Publicou:
“Conto e ponto”. Porto Alegre: Movimento, 1999;
“A curva da estrada”. Porto Alegre: Movimento, 2000;
“O resto é o resto”. In: KIEFER, Charles (org.); “O livro dos homens”. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000;
“A Viagem”. Porto Alegre: Movimento, 2005;
“Literatura e Poder”. Porto Alegre: UFRGS, 2005;
“Compreender e interpretar textos”. Porto Alegre: Sagra, 1977.

Colabora em periódicos acadêmicos-científicos e jornais do RGS e do país.

Patrono da 21ª Feira Municipal do Livro de Canoas, em 2005. Escritor homenageado na edição do 9º Concurso Internacional de Literatura da Fundação Cultural de Canoas, em 2008.

Fontes:
- Currículo Lattes
- Fundação Cultural de Canoas -
http://www.fundacan.com.br
Foto =
http://www.cicerogalenolopes.com/

Cícero Galeno Lopes (Poemas)

A gaiola

Que coragem tens ou cruel brutalidade,
que incauto inocente, pelo alimento,
condenas à prisão pela vida inteira
e dele usufruis financeiros resultados?

Ainda ontem pelo verde e pelo azul voava,
o encanto da vida e o aconchego dos seus
podia usufruir em plena natureza...
hoje o tens mísero, pequeno e dominado.

A gaiola o prende em reclusão perpétua,
e há de cantar e olhar a luz e o verde,
fechado entre grades, ruídos e estranhos;

o silêncio e a cor da mata e dos seus o canto
serão torturas amargas daqui em frente
a quem duas asas tinham poder de céu
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A chuva

Flocos líquidos transparentes descem
pequenos, leves e inofensivos,
um, depois mais um, depois tantos crescem,
que a terra toda alagam, e os rios

se elevam, veias da natureza,
e levam a vida a todos os seres.
Ah, quem me dera ter essa firmeza:
de gota em gota construir saberes.
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As rosas, Dafne

As rosas são belas, Dafne, e como,
A quem por deleite só as cultive,
Por prazer apenas!
A quem as cultive, que delas viva,
Não serão tão belas: quanto esforço
Por menores penas!

Sol mesmo ou água de um regato
Não se dão igual a folha e raiz:
Estão, não estão!
Mata uma por falta, outro por demasia;
O tempo se esvai no só cultivar,
E a rosa é pão!

De onde tempo, Dafne, onde o tempo
Para admirá-las brotar, colorir,
Se é mister fazê-las!
O homem, pois, que tem na rosa ofício,
Rosas não vê, senão o que delas tem:
Regá-las n'é tê-las!
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Cicero Galeno Lopes (Enrestando)

Se o senhor toma mate, sirva-se. Se fuma crioulo, sirva-se. Mas esses assuntos não são do meu dia, não há com quem conversar. A gente não pratica, se é que aprendeu algum dia. Até acho que certas falas doem. São como manga de chuva de enxurrada: são de bonança como de malença.

Nessas coisas sou como peixe fora d'água, na terra plana. Não tenho nem como nem que lhe responder. Minha vida é dos arredores. Me esforço no arrimo, como faz o que joga a bocha. Mal sei das coisas que posso e faço. A ciência do saber de tudo é coisa pra estudado. A sabedoria duns como eu é o que disse o Martín Fierro: Deve saber mui poco aquel que no aprendió nada. É ver um bicho, um cachorro. Que pode saber o cachorro senão o que já lhe vem na cabeça, o que lhe está nos instintos, o que a vida da busca faz aprender, por força? O cachorro olha a pessoa passando de calça comprida e pensa que aquilo que se mexe é o próprio que se move. Ele pensa, lá no pensar dele: esse aí é mole, os lados abanando. Ele vê a pessoa passar hoje, amanhã... O mesmo cheiro. Vai preparando a ação, a experiência. Num certo dia, por alguma razão que só cada um é que sabe, ele avança, pega a calça, rasga, tira um pedaço. Pensa: aqui vou eu com um pedaço dele. Era mole mesmo, até mais do que dava pra ver. Aquilo não tem firmeza nenhuma. Aqui vou eu com um pedaço.

A mim me parece - ainda que mal compare - que a gente no mundão é mais ou menos isso. Acha, pensa, examina, confirma. Acha e então proclama: tal coisa é isso, por isso e por aquilo outro. Quem demove? Quem explica que a parte não é o todo?

Senhor deve de pensar: mas é claro que a roupa não é a pessoa. Nós sabemos, mas o cão diz que é. Eu retoco: e por que não seria? Mude a roupa, mude o jeito. Examine. Vá primeiro num auto desses que parece que nem tocam no chão. Depois, pegue uma carrocinha velha, um cavalinho magro suado, ponha roupas de desalinho com remendos e manchas, use chapéu velho desabado ou uma boina ruça ensebada do uso. Experimente os dois modos. Vá ao povo, vá aonde estão as pessoas da cidade, bem vestidas, com tratos de fala, de bancos, de sociedade. Aí o senhor vai confirmar. Ou não? Senhor deve de estar pensando: Claro, você está fazendo como o cachorro da sua história. Eu lhe confirmo: é pelo mesmo conseguinte. Assim é que os homens vêem o mundo, assim escorregamos por esse mundão sem limites. O senhor acha que tem limites? Então o senhor vai me dizer que tem, por isso e por aquilo e outros mais. Eu, querendo ser de acordo com o senhor, vou lhe responder - Sim, senhor. Mas não será. Vou é ficar pensando como o senhor está enganado. Vou ficar com pena do senhor, pensando que acha rastro de pereá no meio das chircas. Aí os rastros são tantos e as marcas tão iguais, que o senhor acaba pensando de novo e se perguntando por que as coisas são tão diversas. Aí eu vou pensar que o senhor é um homem maduro, já combinado com nosso mundo.

Desse modo é que penso. Comadre Matilde, também conhecida por Mazinha, e comadre Zildinha, dita também Ildinha, que tiveram casa montada, aqui do lado, estão sempre, nas tardes, no seu mate. No verão, na sombra das árvores, onde bate vento fresco da lagoa. No inverno, ao lado do fogão a lenha, uma olhando pra outra, conversando das pessoas. Sabe o que dizem? Dizem sempre quase as mesmas coisas. Uma confirma a outra. O senhor desejando, vá ali. Elas recebem bem, são de bom trato, acostumadas. Antes tinham muitos fregueses, bom comércio de divertimentos, bons bailes. Era uma casa alegre, de tangos e boleros, Nélson Gonçalves do Livramento e outros na vitrola, bem alto, até a madrugada. O mundo delas foi quase sempre o mesmo, não dava tempo pra outros pensares. Então isso ficou sendo o mundo pra elas. A perna da calça na boca. O senhor deve agora de estar pensando: Claro, pois só viram isso. Eu lhe afianço: assim também fui eu. Até acho que é assim qualquer que seja. Vou lhe dizer: elas nem são daqui, vieram do Cacequi, ainda moças, quando o trem fazia parada longa pra sopa quente no inverno e pro passeio na estação, nos tempos quentes. Foi aqui que encontraram seu modo de vida. Viram o mundo se mexendo, pararam pra ver melhor como era. O outro mundo, de lá, de antes, não é mais mundo, é como um sonho sonhado, que não se tem onde pegar, por onde se chegar. Sonho se desmancha no tempo. Falar dele como, agora? Falar de que agora? Elas falam das pessoas que foram, das pessoas que passaram, mais perto. É a perna da calça na boca, a confirmação. Demais, ver o que mais, agora? O cachorrinho com o pedaço de pano da calça vai se deitar, ruminar suas certezas, envelhecer sabendo das coisas, sem esperança de outros passantes, porque são todos iguais, todos moles, sem firmeza. Coisas que não importam mais agora, porque o sabido fica guardado, quando se vê na altura das pernas das calças. Se fixe nisso. Que mais vou lhe dizer? Meus pensares se encerram nessas coisas que vejo nos bichos. Neste lugar as pessoas são poucas. Aqui ficam os velhos, as mães e alguns poucos pais, os defeituosos de nascença e do trabalho. Esse pontão de mundo é quase arrodeado de água. O olhar da gente fica enrestado pra um lado só, pra lá da lagoa que se perde de vista. Até os cachorros aqui são por demais de dorminhocos, quem sabe porque vêem sempre as mesmas pessoas passarem e sabem que todos são o que parecem, pra eles.

Fonte:
http://www.msmidia.com/cicero/

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos) Parte 3

2. A geração de 1890:
Pedro Féliz, José de fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Matta

Em virtude da ausência quase absoluta de pesquisa no domínio da historiografia literária em Angola, é ainda hoje bastante escasso o volume de informações sobre algumas das figuras relevantes da literatura angolana, particularmente aquelas que marcam a segunda metade do século XIX. Por isso, não abundam referências respeitantes ao autor de Scenas de África. Todavia, é sabido que Pedro Félix Machado traz a público o seu romance em 1880 nas páginas da Gazeta de Portugal. Doze anos depois, em 1892 publica uma segunda edição, que é dado à estampa em Lisboa, comportando dois volumes.

Partindo da expendida noção de narrativa, não poderemos ignorar a mais brilhante das penas que exercitam o discurso em prosa no jornalismo angolano na primeira metade do século XIX.

Trata-se de José de Fontes Pereira que nasceu em Luanda no mês de Maio de 1823. Aí fez os estudos primários. Dotado de um grande sentido autodidata, realizou estudos de direito, tendo chegado a advogado provisionário, após obtenção de correspondente habilitação.
Joaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894) é natural de Icolo e Bengo onde nasceu em 25 de Dezembro de 1857 na povoação de Cabiri. Possuindo apenas uma formação primária elementar, é um outro exemplo de autodidatismo que fizeram a história do jornalismo e da investigação em Angola. Numa nota necrológica publicada no jornal O Arauto Africano, diz Mamede de Sant’Ana e Palma: “ Não cursou universidade, nunca esteve em colégio nenhum da Europa, nem em escola nenhuma de Loanda e é por isso mesmo que tem juz (…) à estima dos seus patríocios e ao respeito dos homens ilustrados, porque à força de muita vontade tem querido honrar o seu país legando à posteridade o fruto da sua dedicação (…)”. Partilho a opinião de Mário António segundo a qual Cordeiro da Matta possuía na prosa um estilo mais vivo e ágil do que o que se encontra na poesia.

3. Os narradores da Geração de 48
O caso de Domingos Van-Dúnen e Uanhenga Xitu

DOMINGOS VAN-DÚNEM

Domingos Van-Dúnem nasceu em 1925 na localidade de Mbumba, em Caxito. Passou parte da sua infância em Luanda, onde fez os seus estudos primários. Em 1945 desempenhou funções de secretário de redacção do Jornal O Farolim, que era publicado na capital angolana desde 1932. Intensificou a sua atividade jornalística em Luanda, na segunda metade da década 40, tendo sido igualmente colaborador de jornais publicados em Lourenço Marques, atual Maputo e Lisboa.

Da sua dispersa colaboração a título de ilustração o seu primeiro conto A PRAGA publicado no Diário de Luanda em Agosto de 1947, dois artigos inseridos no Jornal Acção nomeadamente Breves considerações a roda de um grande tema e Notícia sobre o poeta Rui Noronha, datados de Junho e Setembro de 1947. Publicou Um História Singular, Milonga, Dibundu e Kuluka. Apesar de publicadas depois de 1974, as obras deste autor, tal como acontece com a de outros escritores, carregam marcas da experiência individual da sua geração em que avulta contexto da situação colonial.

Com Uma História Singular, publicado em 1975, inicia o tratamento de um tema que ressurge em narrativas posteriores, com algumas variações de intensidade. Este texto breve parece constituir uma paródia do destino das mulheres que, originárias das franjas inferiores da escala social, entram em amancebia com homens detentores de algum estatuto social, para contornar obstáculos da sua condição económica.

Milonga é um livro que inclui três contos cujas histórias decorrendo no período colonial se inscrevem no espaço urbano de Luanda e na região do Kuanza-Norte. Merece, no entanto, destaque O Processo, um conto que repete a história de uma criatura que vive as peripécias de uma indigência idílica.

O tecido novelesco de Dibundu comporta igualmente um feixe de ações que descambam no drama de uma mulher. Hébu é o nome da sacrificada personagem cuja infelicidade parece estar predeterminada por uma relação sexual episódica com um administrador colonial e que a expõe ao opróbio do seu meio.

Por outro lado, na obra de Domingos Van-Dúnem constrói e atribui às personagens o uso de expressões idiomáticas motivadas pela co-presença da língua kimbundu, no espaço em que os eventos narrativos se inscrevem. Em síntese, a obra de Domingos Van-Dúnem produz um traço de originalidade em razão da sua recorrência temática: a mulher, a personagem feminina e motivos associados aparecem em representações realistas, atuando em situações que lhes conferem sentido, mas destituídas tendencialmente de qualquer imagem patética.

UANHENGA XITU

A integração deste autor no grupo da geração de 48 é de certo modo inusitada, na medida em que ele revela-se para a literatura na década de 70. Ora, operando nós com um conceito de geração literária em que se dá relevância à experiência, não hesitamos em enquadrá-lo aí. É que a sua narrativa carrega as vivências de décadas anteriores, não podendo a sua escrita traduzir facilmente a permeabilidade relativamente às motivações diferencialistas dos narradores de 60 e 70.

Uanhenga Xitu, nome próprio em língua Kimbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho, nasceu a 29 de Agosto de 1924. Em 1959 foi preso pela polícia política portuguesa. Publicou Mestre Tamoda (1974), Bola com Feitiço ( 1974), Manana (1974), Vozes na Sanzala- Kahito (1976), Maka na Sanzala (1979) Os Sobreviventes da máquina colonial depõem (1980), Discursos do Mestre Tamoda (1984)O Ministro (1989), Cultos Especiais ( 1997).

Do conjunto da obra deste autor, a crítica e o público celebram com frequência Mestre Tamoda e Discursos do Metres Tamoda . Tamoda, simbolizando, o mimetismo cabotino é uma personagem típica do mundo rural que através da exibição de maneirismos expõe à hilaridade o uso da língua portuguesa perante uma audiência com a jovens e crianças, transformando-se em modelo no que diz respeito ao emprego e manipulação do vocábulos portugueses.

Mas do meu ponto de vista é a narrativa Manana que merece uma atenção particular. Trata-se de uma história cujo interesse reside na incorporação de universos da tradição oral e na sua concentração à volta do tema da constituição da família e motivações da sua ruptura. Os sinais da oralidade impregnam o texto com alguma intensidade. O que pode ser verificado pela utilização de determinados códigos da oralidade: o musical, o cinésico, o onomástico.

O código musical rege os trechos cantados mais ou menos longos. O código onomástico rege os nomes de algumas personagens. Assim, o código musical associa-se ao código linguístico.

O funcionamento e as regras do código onomástico verificam-se, por exemplo, na decifração do nome Manana . O sentido e o procedimento de nominação é referido pelo personagem-narrador nos seguintes termos: “Soube mais tarde que o nome dessa Manana não é de origem portuguesa. É de quimbundo. Significa ninfa ou larva de abelhas. Alimento dos jithuxi, dos caçadores e de mais pessoas que fazem vida permanente nas matas”.

O código onomástico e as suas regras funcionam igualmente em relação a grande parte das personagens de segundo plano que têm nomes em kimbundu. Do mesmo modo os topónimos. No elenco dessas personagens destacam-se as seguintes: avô Mbengu, velha Kazola, Kalunga, velha Kifila, avô Matadi, Kunda Nzenze.

A oralidade há de ser um sistema de pressupostos e determinismos que, dada a sua omnipresença virtual em manifestaçãoes verbais representa uma memória em que coexistem elementos de natureza histórica e outros de natureza meta-histórica. Nestes últimos avultam determinados aspectos relevantes da ontologia e do imaginário.O tema permite identificar a interacção mantida com textos verbais não escritos incorporados na cultura angolana.

Na qualidade de escritor com um envolvimento directo na atividade política, pois é deputado à Assembleia Nacional, na sua bibliografia destacam O Ministro e Cultos Especiais duas obras consagradas à crítica social, ao culto da personalidade e a outros comportamentos dos políticos.
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continua... 4. O Exercício diferencialista da linguagem, a sátira a ironia e a verdade histórica na geração de 60
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Fonte:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm

Lou de Olivier (Poesias Avulsas)

O tempo e os funerais

O tempo que tudo apaga
E a todos arrasta
Que a beleza estraga
E torna impura a jovem casta...

Esse tempo comanda o vento
E tudo o que há na natureza
Seca a vida a cada momento
Deixa a morte como única certeza...

Cada segundo que se vai
Não volta mais em tempo algum
É sempre o vento que atrai
E repele sem remorso nenhum...

Família, amor, trabalho
Tudo o que se vive aqui
O tempo condensa no orvalho
Resta uma essência a reluzir...

Lágrimas, dores, perdas:
É sempre igual
Mudam só cenário e personagens
E assiste o soberano temporal
A mais uma das últimas viagens...

Da vida então resta nada
Os mortos viram antepassados
Só resta uma data comemorada
O tempo anuncia: É dia de finados...
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Demônios da paz

Que a luz da liberdade
Brilhe sempre em nós
Em qualquer cidade
Nunca estejamos sós...

Em meio aos bombardeios
Estejamos lúcidos e fortes
Sejamos, sem rodeios,
Maiores que a dor e as mortes...

Sejamos para o mundo a alegria
Buscando a paz ao Universo
Fazendo canto em harmonia
Semeando amor em versos...

Pensemos no futuro almejado
No conforto de um novo caminhar
Pois ser poeta é sonhar acordado
Entre tantos que dormiram sem sonhar...

Sejamos a harmonia que encanta
Certeza que a segurança traz
E, se esta guerra é santa
Sejamos nós, demônios da paz...
(escrita após o atentado de 11 de setembro de 2001)
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Brasil

Tempo louco que vivemos
Sem saber do futuro
Se na paz venceremos
Ou, para sempre, só escuro...

Vida contrária a que sonhamos
Num universo em chamas
Não temos quem amamos
Outros se deitam em nossas camas...

Máquinas param de funcionar
Trabalhadores vão-se embora
Desfaz-se a força para lutar
Para o bem de quem os explora...

Sobe e desce dos palanques
Dança em eterna harmonia
Arrasta o povo, suga seu sangue
Na brincadeira da politicaria...

Bons livros empoeirando-se em prateleiras
Esperam pela platéia selecionada
Em meio a um bando de asneiras
Elegem-se reis e rainhas do nada...

Se outros mundos eu visito
Tudo em ordem, sem igual
Sinto pena desse país
Decadente, em eterno carnaval...

E, se a rima me ajuda
Penso montar um grande musical
O tema: Deus nos acuda!
Elenco da beira do lamaçal...

Reunirei todos os desistentes
De todas as áreas e afins
Será a produção independente
Dos rejeitados tupiniquins...

Em letreiros coloridos
Veremos, finalmente, nosso nome
Expondo nossos sonhos doloridos
Ao público que passa fome...

No cartaz, escrito em anil
Ao público que lê meio tonto
Assistam todos: Nossa terra Brasil
Patrocínio: Lojas passa-se o ponto...
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Sobre a Autora
Lou de Olivier (1961)
Nasceu em São Paulo, em 21 de fevereiro de 1961. Psicopedagoga, Psicoterapeuta, precursora da Multiterapia. Pós-graduada em Medicina Comportamental e Psicopedagogia, Bacharel em Artes Cênicas, é também graduada em Educação Artística e tem extensões universitárias em Neuropsicologia e Musicoterapia. Especialista em distúrbios de aprendizagem e de comportamento. É também escritora, dramaturga e pesquisadora. Suas publicações e escritos lhe renderam dois prêmios na Inglaterra: "Award Echo of Literature", como uma das escritoras contempladas e Lancaster House Award, como pesquisadora. No Brasil, foi laureada com o prêmio "Mulher, Linda Mulher", entregue em solenidade na Câmara Municipal de São Paulo em 18/03/08

É autora de uma série de romances destacando-se "O preço de um sonho", "Paixão virtual", "Tua força é meu destino, teu destino é minha missão" e "Romance policial" e o inédito "Mística, perversa, sensual", que reúne o melhor de seus contos e crônicas.
Autora de quatorze textos teatrais/cinematográficos, destacando-se "Siga aquele voto", "Nunca em Los Angeles" , "Eu inteiro, metade de mim", "A Cinderela que não era Bela por que era Branca demais", já encenada em diversas cidades brasileiras, tendo recebido vários prêmios em festivais e "Os alienados", sendo este o mais conhecido, esteve em temporada profissional com grande sucesso e já foi montado por diversos grupos de teatro amador tendo sido aplaudido e premiado em festivais por todo o Brasil e na Europa, destacando-se a montagem em Portugal. Neste segmento, além da personagem Soraya Estrada, que encanta a todos com seus apimentados romances, destacam-se a sensitiva Ana, sempre envolvida em estórias belas e surpreendentes, Selena, uma verdadeira deusa grega...
E tantas outras personagens que emprestam a Lou suas estórias em contos e crônicas inesquecíveis, numa modalidade de escrita que, sem dúvida, a Lou domina como ninguém. É também autora de mais de seiscentas poesias, publicadas em várias coletâneas e, eventualmente em jornais como "Café Literário". Participou da coletânea UKBrazil - Antology of Poems na Inglaterra e, no Brasil, participou das Antologias Livre Pensador (Scortecci), Caminhos do amor (Oficina Editora) e quatro antologias pela REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras), de onde foi Conselheira, exercendo cargo voluntário (não remunerado por varios anos). Atualmente, Lou não mais pertence a esta associação.
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Fonte:
http://www.loudeolivier.com.br/

Paulo Bearzoti Filho (A Palavra que não Pára de Crescer)

Qual é a maior palavra da língua portuguesa? Há quem diga que é ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE.

Mas há também umas palavras técnicas, sobretudo das áreas biológicas e químicas, que não deixam por menos. Tipo: NEO-AREOLOMAMILOPLASTIA.

Segundo o dicionário Aurélio, tal “palavrão” deriva de ne(o) + aréola + o + mamil(o) + plast(o) + ia. É um substantivo feminino que designa uma “intervenção cirúrgica destinada a reconstruir, parcial ou totalmente, aréola e mamilo”.

Mas sabe de uma coisa? Nós também podemos criar uma palavra bem grande. Acompanhe a história e, ao final, diga se não é verdade.

“Era uma vez, um estranho e misterioso país chamado Eldorado. Eldorado pertencia ao bloco de países denominado Terceiro Mundo ou países em desenvolvimento, cuja principal característica é a pobreza.

Ainda por cima, os habitantes de Eldorado deram o azar de falar o eldoradês, idioma considerado o mais difícil do mundo. E essa é a história de como o eldoradês provocou o caos político em Eldorado. Havia em eldoratim – a língua-mãe do eldoradês – um vocábulo que significava “filhos”. Era o vocábulo PROLE.

Em Eldorado, havia pessoas tão pobres, que, para elas, a única riqueza eram os filhos. Esses foram chamados de PROLETÁRIOS.

Mas, originalmente, muitos não eram pobres. Existiram tantos planos econômicos e tantas crises, que alguns “não-proletários” se tornaram proletários. Surgiu, então, um verbo para indicar essa ação de “tornar-se proletário”, o verbo PROLETARIZAR.

O fato era tao frequente que produziu até um substantivo. O “ato ou efeito de proletarizar” gerou a PROLETARIZAÇÃO.

E isso era muito comum em Eldorado. Tao comum a ponto de parecer um movimento orquestrado, o movimento do PROLETARIZACIONISMO.

Os agentes ou responsáveis por esse movimento foram então denominados de PROLETARIZACIONISTAS.

Eles eram os desalmados, os que proletarizavam o povo e promoviam o proletarizacionismo.

Mas havia um problema ainda maior em Eldorado. Muitas pessoas, na origem, eram idealistas, queriam fazer bem ao povo. Convivendo, contudo, com os proletarizacionistas, tornavam-se também malvados. Essa ação originou o verbo PROLETARIZACIONISTIFICAR.

E isso era muito frequente. Proletarizacionistificavam-se tantos homens idealistas em Eldorado, que pareceu um verdadeiro movimento organizado, o movimento denominado PROLETARIZACIONISTIFICACIONISMO.

E essa era a razão político-linguística do caos em Eldorado”

A possibilidade de criar palavras assim imensas foi demonstrada pelo linguísta romeno Eugenio Coseriu. Segundo ele, uma língua é um sistema “aberto”, formada não apenas por elementos efetivamente realizados mas também por todo um potencial que busca a criação de elementos.

No nosso exemplo, criamos vocábulos com base no radical latino prole. Até o quarto “passo” - proletarização – atuamos dentro do que a língua já realizou. A partir desse ponto, inovamos dentro do sistema da Língua Portuguesa.

Então: existe mesmo a maior palavra de um idioma?
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"pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico", está registrada no novo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tendo por definição «estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas». (notas de J. Feldman)
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Sobre o Autor:
Paulo Bearzoti Filho é professor de língua portuguesa, supervisor dessa disciplina nas Escolas do Grupo Positivo (Curitiba,PR) e autor, entre outras obras, de Formação Linguística do Brasil (Positivo, 2002).
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Fonte:
Revista Discutindo Língua Portuguesa. Ano 1. n.1 São Paulo: Editora Escala. p.66.

Convite para Participar de Antologia para a XIV Bienal Internacional do Livro 2009

Prezado(a) colega e amigo(a) escritor(a)

Com muita honra fui convidada a organizar/coordenar uma antologia com aproximadamente 64 páginas que será lançada, provavelmente, para o dia das mães. Estou te convidando a integrar este belissimo projeto que, além de ser um maravilhoso presente para o dia das mães, irá coloca-lo no seleto grupo de escritores publicados em parceria comigo e teremos este livro na XIV Bienal Internacional do Livro de 2009, em outras feiras de igual importância literária. E também disponivel para vendas online em sites como Submarino, Saraiva, Americanas.com e outros.

Para que este projeto possa se concretizar, preciso que me envie a resposta com urgência citando sua participação e sua disponibilidade para enviar seu texto o mais rapido possivel, pois haverá uma pré seleção de textos. Não é necessário ser escritor profissional nem é preciso ter publicado nenhum texto para participar deste projeto.

O numero de aprovados será no minimo 15 (quinze) e, no maximo 30 (trinta) escritores e todos terão direito a publicar seu texto aprovado nesta antologia, desde que respeitem os seguintes critérios:

O tema: Dia das mães ou, simplesmente, mãe;

O gênero: Serão aceitos tanto prosa quanto verso (crônica, conto ou poesia), que deverão caber em uma ou três paginas. Além destas, haverá uma pagina de biografia, ou seja, cada participante terá uma pagina de biografia mais uma para poesia ou três para conto/crônica, totalizando duas paginas para poesia ou quatro paginas para conto/crônica. Não serão aceitos textos que fujam deste padrão de paginas;

OBS: Para a publicação, será enviado um modelo de pre formatação, muito facil de manusear e será preciso apenas escrever dentro do espaço estipulado e me enviar o texto para analise.

O prazo: Para participar da pre seleção, deverá enviar seu texto para analise até dia 26/01 (vinte e seis de janeiro de 2009), o prazo para seleção será de 26/01 a 10/02 e os aprovados serão anunciados em listagem a partir do dia 10/02 (dez de fevereiro de 2009), quando ja poderão assinar contratos e reservar sua vaga neste livro.

E ATENÇÃO: Para participar da pre-seleção, não há custos, é inteiramente gratis. Somente os aprovados terão o custo de duas ou quatro paginas de impressão como está especificado a seguir:

Valores: (com direito a 10 exemplares (autores de poesias) ou 20 exemplares (autores de contos/cronicas) incluindo:

Revisão ortográfica via software (Word), produção e impressão do livro em formato 14X21, com capa colorida e com orelhas, diagramação, criação da capa, impressão no sistema digital, acabamento, marcadores de página para divulgação. convites coloridos para o lançamento . Inclui também o ISBN, que é o registro na Biblioteca Nacional, Ficha Catalográfica, que é o registro na Câmara Brasileira do Livro e o Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional. Incluindo também espaço cultural para o lançamento e coquetel em São Paulo e Assessoria de imprensa e divulgação em nivel nacional

O valor: Há duas opções de valor:

Duas paginas (para poesia): R$ 160,00 (cento e sessenta reais) Esta modalidade da direito a 10 exemplares para o autor distribuir a quem quiser;
Quatro paginas (para contos/crônicas): R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) Esta modalidade da direito a 20 exemplares para o autor distribuir a quem quiser.

A preferência é para pagamento à vista, mas é possivel parcelar em dois cheques, sendo um cheque no ato de aprovação de seu texto e outro pré datado para trinta dias. Os dois cheques deverão ser entregues no ato de assinatura de nossos contratos, em data a definir de comum acordo com todos os participantes.

Gostou da idéia? Participe conosco, Tem algum amigo que gosta de escrever, avise-o. Envie para suas listas e dê uma chance aos novos talentos, entre eles, você!!!

Solicite mais informações respondendo a este e-mail ou enviando mensagem para louevoce@terra.com.br

Lou de Olivier - Psicopedagoga, Psicoterapeuta, Dramaturga, Escritora, Especialista em Medicina Comportamental e Precursora da Multiterapia
http://www.loudeolivier.com.br/ ou http://www.loudeolivier.com/

Fonte:
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Gabinete de Leitura Sorocabano comemora hoje 142 anos

Para marcar os 142 anos de atividades do Gabinete de Leitura Sorocabano, comemorados oficialmente hoje, está sendo preparada uma outorga de medalhas, que visa homenagear principalmente os que colaboraram com a entidade ao longo dos anos.

Conforme o coronel da reserva João Oliveira Verlangieri, presidente da instituição, o governo do Estado de São Paulo criou uma medalha cultural para homenagear personalidades de destaque na sociedade. A medalha, que recebeu o nome de Luiz Matheus Maylaski, será destinada a ex-presidentes do Gabinete que estão vivos, a associados que se destacaram durante esses anos de existência do Gabiente, e pessoas que se entregaram de forma diferenciada em apoio à entidade.

Entre as personalidades que serão contempladas com a medalha, Verlangieri afirma que está o cônsul geral da Alemanha em São Paulo. Ele lembra que o Gabinete de Leitura surgiu a partir da iniciativa de alemães, que se reuniam em uma associação fechada e resolveram abrir essa sociedade para o povo sorocabano. Eles tornaram essa sociedade um órgão cultural e o Gabinete de Leitura continua com essa finalidade até hoje, por isso fazemos questão de distinguir o povo alemão na principal personalidade que existe no Estado de São Paulo, afirma o presidente da entidade.

Após dois anos na presidência do Gabinete de Leitura Sorocabano, o coronel da reserva João Oliveira Verlangieri deixa o cargo, quando uma nova diretoria assume, para o biênio 2009-2010.

A expectativa, conforme Verlangieri, é de continuidade dos projetos anteriores. A nova equipe é formada por pessoas que desejam fazer o melhor para o Gabinete, como sempre foi, afirma.

Durante o período que esteve à frente da entidade, Verlangieri conseguiu realizar diversos projetos, como a campanha pelo aumento do número de associados e a digitalização do acervo antigo do jornal Cruzeiro do Sul, em propriedade do Gabinete. Agora o próximo passo é digitalizar outros jornais, diz.

Conforme ele, sua equipe trabalhou bem afinada. Fizemos muitas coisas positivas, ressalta, lembrando ainda que conseguiram revitalizar o salão nobre e também restaurar as obras de arte da entidade, como o quadro de Dom Pedro II. Além disso, na gestão de Verlangieri, o Gabinete recebeu uma nova mesa diretora, doada por uma marcenaria da cidade, e a troca das persianas, que contou com a colaboração da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA).

Através de parceria com a Abril Cultural, a entidade passou a receber revistas com reportagens especiais. Também recebemos a doação de 1.200 livros antigos e até mesmo uma coleção do Pasquim. Pedimos autógrafo para o Ziraldo justamente no número que a equipe tinha sido presa, então esse é o único exemplar que leva assinatura, comenta Verlangieri.

O Gabinete foi também contemplado com um acervo de DVDs, através de doação de uma locadora que destinou à entidade mais de 600 títulos, que estão disponíveis para os associados. Antes de terminar a minha gestão, ainda pretendo firmar convênio com a Santa Casa de Sorocaba, para levar uma biblioteca circulante aos doentes, para que possam ter o prazer da leitura. É claro que existe uma norma, para não prejudicar a saúde desses pacientes. Os livros, por exemplo, tem de ser novos, entre outros detalhes. E foi pensando no bem-estar dos associados que passamos a adotar o procedimento de uso de luvas e máscara para aqueles que desejam fazer pesquisa em nosso material antigo, afirma.

Verlangieri faz questão de ressaltar que durante sua gestão o Gabinete de Leitura realizou diversas atividades culturais e de entretenimento, entre elas o lançamento de livros, a abertura da casa para palestras, a promoção de desfiles de modas e a comemoração das principais datas do ano. Tem gente que questiona algum tipo de evento, mas eu acho válido e sempre faço questão de prestigiar, diz.

Para Verlangieri, independente de suas realizações, o importante é que as pessoas vejam que o Gabinete está vivo e que segue em frente.

Apesar de deixar a presidência, Verlangieri ainda estará envolvido com o Gabinete de Leitura, já que fará parte do Conselho Fiscal. Integram a nova chapa Nassib Stefano (Diretor de Patrimônio), José Ademar Rodrigues (1º Secretário), Ari José Brandão (2º Secretário), Guerrino Peretti (1º Tesoureiro), Pedro Benedito Paiva Júnior (2º Tesoureiro), Rosali Alves (Diretor Cultural) e Antonio Francisco Mascarenhas (Diretor Social). No Conselho Fiscal, além de Verlangieri, estarão Laor Rodrigues e Sidney Benedito de Oliveira.
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Conheça a história do Gabinete em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/gabinete-de-leitura-sorocabano.html
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Fontes:
Notícia publicada na edição de 13/01/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B.
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

José Rodrigues dos Santos (Estante de Livros)

A Vida num Sopro

Através da história de uma paixão que desafia os valores tradicionais do Portugal conservador, este fascinante romance transporta-nos ao fogo dos anos em que se forjou o Estado Novo.
Portugal, anos 30.

Salazar acabou de ascender ao poder e, com mão de ferro, vai impondo a ordem no país.
Portugal muda de vida. As contas públicas são equilibradas, Beatriz Costa anima o Parque Mayer, a PVDE abafa a oposição.

Luís é um estudante idealista que se cruza no liceu de Bragança com os olhos cor de mel de Amélia. O amor entre os dois vai, porém, ser duramente posto à prova por três acontecimentos que os ultrapassam: a oposição da mãe da rapariga, um assassinato inesperado e a guerra civil de Espanha.
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A Filha do Capitão

Decorrendo durante a odisseia trágica da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, A Filha do Capitão conta-nos a aventura de um punhado de soldados nas trincheiras da Flandres e traz-nos uma paixão impossível entre um oficial português, o capitão Afonso Brandão e uma bonita francesa Agnés Chevallier. Mais do que uma simples história de amor, esta é uma comovente narrativa sobre a amizade, mas também sobre a vida e sobre a morte, sobre Deus e a condição humana, a arte e a ciência, o acaso e o destino.

Até ao final de 2007, esta obra de José Rodrigues dos Santos já havia alcançado uma tiragem de 85.000 exemplares o que constitui um grande sucesso editorial no mercado português. No entanto, as obras seguintes, tais como O Codex 632, A Fórmula de Deus e O Sétimo Selo, ultrapassaram em muito aquele número.
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O Sétimo Selo

Um cientista é assassinado na Antártida e a Interpol contata Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666.

O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade.

O apocalipse.
De Portugal à Sibéria, da Antártida à Austrália, O Sétimo Selo transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade.
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A Ilha das Trevas

Paulino da Conceição é um timorense com um terrível segredo. Assistiu, juntamente com a família, à saída dos portugueses de Timor-Leste e a todos os acontecimentos que se seguiram, tornando-se um mero peão nas circunstâncias que mediaram a invasão Indonésia de 1975 e o referendo de 1999 que deu a independência ao país.

Só há uma pessoa a quem Paulino pode confessar o seu segredo - mas terá coragem para o fazer?

A vida e tragédia de uma família timorense serve de ponto de partida para aquele que é o romance de estréia de José Rodrigues dos Santos,.

Um romance pungente onde a ficção se mistura com o real para expor, num ritmo dramático, poderoso e intenso, a trágica verdade que só a criação literária, quando aliada à narrativa histórica, consegue revelar.
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A Formula de Deus

Contratado para decifrar um manuscrito de Einstein só agora descoberto, Tomás Noronha, professor universitário, envolve-se num jogo duplo entre o Ministério da Ciência Iraniano e a CIA, procurando desvendar a prova científica da existência de Deus, descoberta por Einstein, embora o Irão e os EUA julguem que o documento do cientista expõe a fórmula para fabricar facilmente uma bomba nuclear.

Com a ajuda de Ariana Pakravan, por quem se apaixona, ele tenta sair ileso de mais uma aventura. Enquanto o seu pai tem os dias contados devido a um cancro do pulmão, Tomás tem de escapar às perseguições dos iranianos, após os ter traído para ajudar a CIA. É Ariana quem o ajuda, acabando por se deixar levar pelos seus sentimentos relativamente ao português.

Após uma viagem que vai desde o Irão ao Tibete, e ainda em Portugal, eles conseguem provar, precisamente no dia do funeral do pai de Tomás, que o documento de Einstein não contém a fórmula para o fabrico para uma bomba nuclear, mas sim uma tese científica relativa à existência de Deus.

Personagens
Tomás Noronha: protagonista da trilogia, Tomás é professor de História na Universidade Nova de Lisboa e criptanalista, divorciado desde há cerca de cinco anos. É contratado por Ariana Pakravan em nome do Ministério da Ciência iraniano para decifrar o Die Gottesformel, o documento de Einstein que tematiza a existência de Deus. Mais tarde, é forçado a espiar os iranianos para a CIA, uma vez que quer esta quer o Irão, pensam que o Die Gottesformel dá a fórmula para a criação de uma bomba nuclear fácil, barata e destrutiva como nunca antes visto. Acaba por se apaixonar por Ariana.
Ariana Pakravan: física nuclear a trabalhar para o Ministério da Ciência do Iran. Ajuda Tomás a decifrar o manuscrito de Einstein e chega a trair o seu país para salvar o português. Apesar de apaixonada por ele, Ariana resiste às investidas de Tomás devido às severas leis iranianas e à diferença cultural entre ela e ele.
Frank Bellamy: dirige o Diretório de Operações da CIA. Pensando que os iranianos estão a tentar fabricar uma nova arma nuclear, obriga Tomás a fazer um jogo duplo, ajudando os iranianos, mas revelando todas as informações à agência americana.
Manuel Noronha: pai de Tomás, fica com um cancro pulmonar devido ao tabagismo. Apesar de morrer por causa da doença no final, Manuel, professor de Matemática na Universidade de Coimbra, revela-se uma ajuda importante na investigação de Tomás, com quem nunca teve uma relação tão próxima como deveria ser entre pai e filho.
Luís Rocha: assistente do professor Augusto Siza, que colaborou com Einstein na criação de Die Gottesformel e foi raptado pelos iranianos, ajuda Tomás na interpretação dos resultados na investigação acerca do manuscrito.

Temática
Este romance trata principalmente as provas para a existência de Deus. Expõe também argumentos contra o modo como a Bíblia caracteriza Deus, embora mostre cálculos que mostram a existência de certas verdades científicas no Gênesis.
Trata ainda temas como a diferença entre culturas (Irã, Tibete, Portugal), o plano nuclear iraniano, o modo como a CIA opera, as semelhanças entre a ciência ocidental e o pensamento oriental e o cancro pulmonar.

Tese principal: a existência de Deus
A tese exposta no livro é baseada em teorias verdadeiras, algumas até conhecidas, como a Teoria da Relatividade, de Einstein, o Princípio Antrópico, ou o Teorema da Incompletude. Há um grande foco sobre o Big Bang, devido à comparação entre este e a famosa frase do Gênesis: "faça-se luz!".

Neste livro, defende-se a existência de um Deus não antropomórfico, como afirma a Igreja, mas sim como uma inteligência superior e com uma determinada intenção na criação do Universo e no surgimento da Humanidade.
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O Códex 632

Baseado em documentos históricos genuínos e fundamentalmente no trabalho do historiador Augusto Mascarenhas Barreto (The Portuguese Columbus: Secret Agent of King John II, 1992, McMillan Edition), (“Cristovão Colombo – Agente Secreto de EL Rei D.João II”, em 1988, Editora Referendo), ao longo das suas 552 páginas, "O Codex 632" conta a história de uma investigação em torno da possibilidade de Cristóvão Colombo ser português, apoiando-se em lacunas do percurso do navegador cuja identidade e missão continuam a suscitar dúvidas.

Em 2005, José Rodrigues dos Santos estabeleceu um acordo com uma das principais editoras a operar nos Estados Unidos da América, a Harper Collins, com o objectivo de lançar "O Codex 632" naquele país. O livro foi apresentado na Book Fair America de 2007 como um dos principais lançamentos daquela editora, estando agendada a sua publicação para o dia 1 de Abril de 2008 sob a chancela da William Murrow, um dos principais selos do grupo. O livro estará à venda na Barnes & Noble e na Borders, as duas principais livrarias dos EUA. Entretanto, outro acordo foi obtido pelo autor e e pela Gradiva com o Gotham Group, uma empresa de Los Angeles ligada às principais produtoras de Hollywood, tal como a Paramount, Twentieth Century Fox ou a Universal Studios, com o objectivo de adaptar "O Codex 632" ao cinema. A acontecer, José Rodrigues dos Santos será o segundo autor português, a seguir a José Saramago com "Ensaio sobre a Cegueira", a ver uma obra ser transposta para o cinema pelos estúdios de Hollywood.

Até ao final de 2008, "O Codex 632" já havia alcançado a sua 32ª edição, com uma tiragem total de 175.000 exemplares. Encontra-se editado em Portugal, no Brasil, Espanha, Itália e Reino Unido.

Fontes:
http://www.portaldeliteratura.com.br
http://pt.wikipedia.org

José Rodrigues dos Santos (1964)



José António Afonso Rodrigues dos Santos (Beira, 1 de Abril de 1964) é um jornalista e escritor português nascido na antiga colônia portuguesa de Moçambique.

Anos iniciais em África

Natural da província de Sofala, Cidade da Beira, na antiga colônia de Moçambique do Império Português, mudou-se ainda bebê para a cidade de Tete onde permanece até aos nove anos, convivendo com a Guerra Colonial. Tal como a esmagadora maioria dos portugueses, alguns dos seus antepassados estiveram envolvidos na Primeira Guerra Mundial, na Flandres e na Guerra Colonial em África, sendo que o seu segundo romance, intitulado "A Filha do Capitão" é assumido como um tributo que lhes é prestado.

Percurso durante a adolescência

Após a separação dos seus pais, vai para Lisboa onde vive com a mãe. No entanto, as dificuldades econômicas da mãe levam-no a mudar-se para a residência do pai, em Penafiel, no norte de Portugal. A difícil adaptação do pai a terras lusas motivou a partida para Macau. Já no oriente, participa na elaboração de um jornal escolar, que desperta o interesse dos responsáveis da rádio local e leva o jovem estudante a ser entrevistado por uma jornalista que acabara de chegar a Macau: Judite de Sousa, hoje outra bem conhecida jornalista portuguesa e sua colega na RTP. Em 1981, aos 17 anos, o jovem José Rodrigues dos Santos inicia-se verdadeiramente no Jornalismo, ao serviço da Rádio Macau.

Carreira como jornalista

Em 1983, regressa a Portugal para frequentar o curso de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa. Terminado o curso, candidata-se a um estágio na BBC, (British Broadcasting Corporation), a bem conhecida emissora britânica de televisão. A resposta é positiva mas não lhe é concedido qualquer financiamento. Aplica então a herança do pai, entretanto falecido, em três meses de experiência profissional em Inglaterra.

Regressa a Portugal, onde obtém duas distinções: o Prêmio Ensaio do Clube Português de Imprensa, em 1986 e o Prêmio de Mérito Académico do American Club of Lisbon, em 1987. Devido a essas credenciais é convidado pela BBC World Service para trabalhar em Londres, onde fica durante três anos, até 1990.

Da BBC seguiu para a RTP, onde começou a apresentar o noticiário "24 Horas". Em 16 de Janeiro de 1991, as forças coligadas de 28 países liderados pelos Estados Unidos da América dão início ao bombardeio aéreo de Bagdad, no Iraque, dando início à Primeira Guerra do Golfo. José Rodrigues dos Santos protagoniza então uma maratona televisiva de cerca de 10 horas, sobre o ataque americano ao Iraque, acabando posteriormente por se tornar o rosto mais conhecido da televisão pública.

Em 1991 passou para a apresentação do diário "Telejornal", o principal jornal diário da televisão portuguesa, no ar já por quarenta anos, e tornou-se colaborador permanente da CNN (Cable News Network), a cadeia norte americana de informação em contínuo, de 1993 a 2002. Hoje continua a apresentar o telejornal, em conjunto com Judite de Sousa e José Alberto Carvalho.

Doutorado em Ciências da Comunicação, com uma tese sobre reportagem de guerra, é professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista da RTP, ocupando por duas vezes o cargo de Diretor de Informação da televisão pública portuguesa. É um dos mais premiados jornalistas portugueses, tendo sido galardoado, além dos prêmios já referidos, com o Grande Prêmio de Jornalismo, em 1994, atribuído pelo Clube Português de Imprensa. Internacionalmente, venceu três prêmios da CNN: o Best News Breaking Story of the Year, em 1994, pela história "Huambo Battle" relacionada com a Guerra de Angola; o Best News Story of the Year for the Sunday, em 1998, pela reportagem "Albania Bunkers"; e o Contributor Achievement Award, em 2000, pelo conjunto do seu trabalho, aquele que é considerado o Pullitzer do jornalismo televisivo.

Romancista

José Rodrigues dos Santos é hoje um dos jornalistas mais influentes para as novas gerações e no panorama informativo nacional. No entanto, além da sua mais conhecida faceta como jornalista, José Rodrigues dos Santos é também um ensaísta e romancista. Especialmente nesta última vertente, tornou-se dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada. Até ao final de 2007 publicou quatro ensaios e cinco romances. O romance de estréia, intitulado "A Ilha das Trevas" foi reeditado pela Gradiva, em 2007, atual editora do autor.

Em 2005, José Rodrigues dos Santos estabeleceu um acordo com uma das principais editoras a operar nos Estados Unidos da América, a Harper Collins, com o objetivo de lançar naquele país a obra "O Codex 632". O livro foi apresentado na Book Fair America de 2007 como um dos principais lançamentos daquela editora, estando agendada a sua publicação para o dia 1 de Abril de 2008 sob a chancela da William Murrow, um dos principais selos do grupo. O livro estará à venda na Barnes & Noble e na Borders, as duas principais livrarias dos EUA. Entretanto, outro acordo foi obtido pelo autor e e pela Gradiva com o Gotham Group, uma empresa de Los Angeles ligada às principais produtoras de Hollywood, tal como a Paramount, Twentieth Century Fox ou a Universal Studios, com o objetivo de adaptar "O Codex 632" ao cinema. A acontecer, José Rodrigues dos Santos será o segundo autor português, a seguir a José Saramago com "Ensaio sobre a Cegueira", a ver uma obra ser transposta para o cinema pelos estúdios de Hollywood.

Conforme é descrito no site da RTP, José Rodrigues dos Santos é um homem que perante os sérios problemas de um mundo em constantes convulsões não perde o sentido de humor, sendo-lhe atribuída a frase irônica: "Ainda não percebo porque é que o meu boneco do Contra Informação tem as orelhas tão grandes..."

Obras publicadas

Ensaio
• Comunicação, Difusão Cultural, 1992; Prefácio, 2001
• Gradiva, 2001; Círculo de Leitores, 2002
• Crónicas de Guerra II - De Saigon a Bagdad, Gradiva, 2002; Círculo de Leitores, 2002
• A Verdade da Guerra, Gradiva, 2002; Círculo de Leitores, 2003

Ficção
• A Ilha das Trevas, Temas & Debates, 2002; Prefácio e Círculo de Leitores, 2003; Gradiva, 2007
• A Filha do Capitão, Gradiva, 2004
• O Codex 632, Gradiva, 2005
• A Fórmula de Deus, Gradiva, 2006
• O Sétimo Selo, Gradiva, 2007
• A Vida Num Sopro, Gradiva, 2008

Fonte:
http://pt.wikipedia.org

Katherine Martins de Oliveira (Pela Estrada da Vida)



Andar pela estrada da vida;
Seguir sem ter medo do que vem à frente;
Acreditar na sorte seguida;
Espero que tente:

Juntar os amigos,
Rir a noite inteira,
Nunca ficar sozinho,
Ser aquilo que queira.

A viagem contínua
Feita por todos nós
É você que tem que escolher.

Onde for
Sempre estará alguém
Que te guie, que te cuide,
Que te ame, que te ajude,

Que queira seguir
O caminho escolhido por ti,
Que queira apenas viver
Sem saber a razão e o porquê.

Se decida
Aqui e agora
Na estrada da vida
O caminho tem várias saídas.

Não olhe para trás
Se arriscar é assim
O medo vai embora
Você pode ser feliz.

Onde for
Sempre estará alguém
Que te guie, que te cuide,
Que te ame, que te ajude,

Que queira seguir
O caminho escolhido por ti,
Que queira apenas viver
Sem saber a razão e o porquê.

Sempre que estiver sozinho
Lembre-se de seus amigos
Aqueles que não se importam
De você ser como é.

Amigos Fiéis...
Que te ajudam.
Amigos Fiéis...
Que te cuidam.
Amigos Fiéis...
Que sempre irão te seguir.
Amigos Fiéis...
Que sempre estarão aqui.

Onde for...
Sempre estarão aqui!
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Sobre a autora
Katherine Martins de Oliveira (1994)
Possui 13 anos de idade e mora na cidade de Sorocaba/SP. Seu primeiro livro sem figuras que leu, foi "O Cachorrinho Samba na Fazenda", de Maria José Dupré. Seus autores favoritos são Fernando Sabino, Pedro Bandeira, Marcos Rey, Carlos Drumnmond de Andrade, Mario Quintana, Paulo Coelho, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Emily Rodda, entre outros.
Katherine escreve quando dá vontade, quando uma idéia vem na cabeça, quando necessita fazer. Não fica horas na frente de um papel. "Se a idéia vem, pronto, num pedaço já anoto e o resto é moleza".
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Fonte:
MORAES, Cintian e LARA, Douglas (organizadores). Antologia Rodamundinho 2008. Itu(SP): Ottoni Editora, 2008. p. 67-68.

O Nosso Português de Cada Dia (Senão e Se Não)



Temos aí um caso comum que causa bastantes confusões. No entanto, é bastante fácil de resolvermos esse problema.

A expressão SE NÃO é formada pela conjunção condicional SE mais a palavra NÃO, que é um advérbio de negação.

Portanto, essas palavras devem ser usadas sempre que a frase indicar a condição da segunda frase. Observe os seguintes exemplos:
1. Se não estudar, você não será aprovado.
2. Se não ganhar na loteria, será pobre pelo resto da vida.

Em TODOS os outros casos, você usará sempre SENÃO. Observe os seguintes exemplos:
1. Seu currículo possui um senão.
2. Ele não conhece senão as garotas bonitas da escola.
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Fonte:
Prof. Dr. Ozíris Borges Filho.
http://www.movimentodasartes.com.br/

Luis Kandjimbo (Breve História da Ficção Narrativa Angolana nos últimos 50 anos) Parte 2

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1. Narrativa Literária Angolana e a sua Identidade

O CONCEITO DE LITERATURA ANGOLANA

Ora, ao cuidarmos da narrativa literária angolana temos como objeto um segmento da arte verbal angolana. Donde ressalta uma idéia preliminar que reputamos fundamental, segundo a qual a narrativa angolana é anterior ao uso da língua portuguesa. O que do ponto de vista estético, ajuda a compreender o fato de estar subjacente uma realidade pré-existente que deve articular-se a novas elaborações ontológicas e epistemológicas que visem a autonomização da literatura angolana e a fundamentação substantiva do adjetivo que qualifica a narrativa e a ficção. Por outras palavras, teremos de responder à seguinte interrogativa: como e quando é que a narrativa e a ficção literária podem ser consideradas angolanas?

A resposta àquela questão sugere o que pode ser designado por identidade narrativa que, traduzindo a idéia de algo permanente, seja numa pessoa individual, seja numa comunidade histórica, permite, no dizer de M. a. M. Ngal, consagrar a expressão de uma “coesão totalizadora indispensável ao poder da distinção”. É neste sentido que aplicada à história das narrativas literárias, a referida noção “ conforma o caráter durável de uma personagem (…) construindo o tipo de identidade dinâmica própria da intriga que faz a identidade da personagem”. Mas a identidade narrativa não se circunscreve exclusivamente à personagem.

Em Literatura Angolana e Texto Literário, Jorge Macedo detecta quatro tipos de discursos narrativos apresentando as seguintes características concorrentes:

- textologia angolanizada na forma e na expressão ( Luandino Vieira, Jofre Rocha, Boaventura Cardoso);

- angolanidade no quadro do uso vernáculo da língua portuguesa ( Arnaldo Santos, António Cardoso);

- prosa de veridicção ( Uanhenga Xitu, Raúl David , Pepetela);

- texto de reduplicação cultural ou texto de motivação histórica e etnográfica ( Manuel Pedro Pacavira, Henrique Abranches e Pepetela).

A perspectiva de Jorge Macedo permite sustentar que as características distintivas são múltiplas, pois à personagem juntam-se elementos como a linguagem e outros recursos correlatos do texto narrativo.

Ora, seguindo de perto a noção de identidade narrativa, concluiremos que só no quadro do conceito de literatura angolana se pode compreender o alcance da “coesão totalizadora”. Semelhante conceito há de comportar o extensional e o intensional. O que entender então por literatura angolana?

Será literatura angolana aquele conjunto que compreende os textos orais, as versões escritas dos textos orais em línguas nacionais, os textos escritos em línguas nacionais, língua portuguesa ou outras línguas européias, produzidos por autores angolanos com recurso às técnicas da ficção narrativa, de outros modos da escrita desde que se verifique neles uma determinada intenção estética, crítica ou histórico-literária, veiculando elementos culturais angolanos.

Na sua dimensão extensional, este conceito cobre o seguinte:
• textos orais;
• versões escritas de textos orais;
• textos escritos em línguas angolanas, língua portuguesa ou outras europeias.

Do ponto de vista intensional compreende:
• angolanidade literária;
• expressão de elementos culturais angolanos;
• utilização de técnicas e modos da escrita poética, narrativa ou outra;
• intencionalidade estética.

Do ponto de vista ontológico os autores são angolanos no sentido de que são objetos e sujeitos da experiência angolana.
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continua... A Geração de 1890:Pedro Féliz, José de fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Matta
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Fonte:
http://www.nexus.ao/kandjimbo/breve_historia.htm

Sandoval Ferreira (Poesia da Água)


Chuva que cai maneira
Deixando a terra molhada
O orvalho da madrugada
Sereno molhando a planta
Uma criança que dança
Sentindo o seu rosto molhado

O chão inteiro encharcado
Marcando o fim do verão
É uma nova canção na boca.
Do sertanejo é como ganhar
Um beijo de uma linda donzela...
A sensação é aquela

De ver uma criança nascer
Ver a vida florescer
Brotando frutos da terra
Água pura e cristalina
Que pura chega na fonte
Que jorra do horizonte

Como uma benção de DEUS
Que enche os olhos meus
Barragens rios e nascente
Que numa linda corrente
Faz a gente perceber
Que não dá pra viver

Sem vê-la jorrar no chão
Pois tudo vira torrão
Sem ela pra beber
E tudo pode morrer
Sem ela pingar no chão
Sou em forma de união

É que podemos conter
Juntar a água e beber
Esse líquido das colinas
Água pura e cristalina
Que faz a gente viver
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Sobre o Autor
Sandoval Ferreira (1983)
Nasceu em 27 de fevereiro de 1983, em Iati, Pernambuco. Morou no povoado da zona rural chamado Bela Vista até os 21 anos. Filho de pais pobres, morava numa casa sem energia onde a principal atração à noite era à luz do candeeiro a gás, folhetos (literaturas de cordel). O pai reunia os vizinhos e seu irmão mais velhoera quem lia os folhetos. Depois, Sandoval passou a ler e aidespertou o interesse pela poesia.

Aos 18 anos fez uma apresentação de cordel em sua escola parao Secretário de Educação de Pernambuco, sendo que todos gostaramo que lhe deu motivação para seguir em frente.
Hoje, aos 26 anos, mora em Garanhuns, PE. Possui 12 cordéis escritos em um CD que serve para divulgação do seu trabalho.

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Fonte:
Colaboração do autor por e-mail.
Imagem = http://inatitude.wordpress.com/