domingo, 31 de março de 2024

12 Concursos de Trovas com Inscrições Abertas


 
I Jogos Florais de Congonhas-MG (Prazo: 30 de abril)










Concurso de Trovas de Natal (Prazo: 30 de junho)


Veja os regulamentos nas publicações abaixo ou entre individualmente nos links acima.

I Jogos Florais de Congonhas-MG (Prazo: 30 de abril de 2024)

A trova deve ser inédita e o tema deve constar no corpo da trova.

Máximo de 2 (duas) trovas

ÂMBITO NACIONAL/INTERNACIONAL (Exceto Minas Gerais)

Veteranos

Tema - PROFETA (Lírica/Filosófica)
Tema - IMAGEM (Humorística)

Novos Trovadores

Tema - PEDRA (Lírica/Filosófica)
Tema - LADEIRA (Humorística)
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Lírica/Filosófica, enviar para: 
Jonathan Leandro Martins Reis ubt.congonhas@gmail.com

Trovas humorísticas, enviar para: 
Ramon Barros de Brito                 ramonbarrospoeta@gmail.com

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ÂMBITO ESTADUAL (Minas Gerais)

Veteranos

Tema - ESCULTURA (Lírica/Filosófica)
Tema - RISADA (Humorística)

Novos Trovadores

Tema – CANÇÃO (Lírica/Filosófica)
Tema – PEDRA Sabão (Humorística)
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Lírica/Filosófica, enviar para:
Jerson Brito             jersonbrito.pvh@gmail.com

Trovas humorísticas, enviar para: 
Ramon Barros de Brito      ramonbarrospoeta@gmail.com
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Fonte> Boletim Os Trovadores 

Concurso de Poesias e Trovas da Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores (Prazo: 15 de maio)

Inscrições gratuitas. 

3 (três) trabalhos de cada autor.

TEMAS: 

As Poesias e/ou as Trovas possuem dois tipos de temas:

Tema: VENDA NOVA DO IMIGRANTE. 

Poesia e/ou Trova sobre a Cidade de Venda Nova conhecida como a Capital Nacional do Agroturismo. 

No máximo três poesias ou três trovas, por pessoa.

Tema LIVRE. (Poesia e/ou Trova sobre qualquer assunto). 

No máximo três poesias ou três trovas, por pessoa.

ENVIO: 

concursodepoesiasaclaptctc@gmail.com

ENVIO DOS TRABALHOS PARA O CONCURSO: 

Ao enviar as Poesias e/ou as Trovas para o Concurso, colocar como título do E-mail, “Concurso de Poesia”, no caso do envio de até três Poesias ou “Concurso de Trovas”, no caso do envio de até três Trovas. 

No próprio título coloque Nacional se você é de qualquer cidade do Brasil ou do Exterior. Estadual se você reside numa das Cidades do Espírito Santo que não seja Venda Nova do Imigrante.

Coloque sua Poesia e/ou Trova no texto do E-mail na forma normal. 

Não envie em PDF ou JPG. 

No final de sua Poesia e/ou Trova coloque o seu nome completo verdadeiro. 

O texto deve ser INÉDITO e de autoria do próprio participante. 

Não precisa usar pseudônimo. 

Coloque também o endereço para correspondência com CEP, e-mail, telefone e minibiografia. 

CONTATOS 

Presidência, Escritor Poeta Trovador Capixaba Clério José Borges pelo WhatsApp: 27 99257 8253 ou ainda pelo E-mail: clerioborges2013@gmail.com; 

Contatos com a Secretaria Geral, Escritor João Roberto Vasco Gonçalves: robertovasco@hotmail.com; – WhatsApp: Tel.: 27 - 99963 0471. 

Informações sobre Venda Nova do Imigrante: Prefeitura - Telefone: 28 – 3546 1188
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Fonte: Clério Borges

XVI Jogos Florais de Cambuci/RJ (Prazo: 31 de maio)

Lírica ou Filosófica 

Máximo: 1 (uma) trova inédita e de autoria do próprio Concorrente.

ÂMBITOS NACIONAL E ESTADUAL 

Categorias Veterano e Novo Trovador

Tema: CAMBUCI (lírica/filosófica) 

– Para todos os âmbitos e categorias é obrigatório constar a palavra Tema no corpo de trova.

TROVA HUMORISTICA
Não haverá distinção de âmbito (nacional ou estadual), nem de categoria (veterano ou novo trovador) 

Tema Livre

Enviar para:
Almir Pinto de Azevedo informativoalac@yahoo.com.br
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Fonte: Boletim os Trovadores

III Concurso de Trovas de Irati - PR (Prazo: 31 de maio)

Máximo 2 (duas) trovas inéditas por modalidade. 

A palavra tema deve constar no corpo da trova. Valem cognatas.

Âmbito Nacional 
(Brasil e demais países de língua portuguesa, exceto o Paraná).

Veterano: PRIMAVERA (lírica/filosófica) 

Novo Trovador: ANIVERSÁRIO (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Lilia Souza liliasouza@uol.com.br
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Âmbito Estadual (Paraná)

Veterano: FLORES (lírica/filosófica) 

Novo Trovador: ANIVERSÁRIO (lírica/filosófica) 
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Âmbito Nacional e Estadual

Trovas Humorísticas: BOTÃO

Enviar para:
Regina Rinaldi     reginarinalditrovadora@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

XII Jogos Florais de Itaperuna/RJ (Prazo: 31 de maio)

A trova deve ser inédita e o tema deve constar no corpo da trova, valem cognatas. 

Máximo de 1 (uma) trova.

ÂMBITO NACIONAL / INTERNACIONAL 
(Exceto Estado do Rio de Janeiro)

Veterano
Tema – INCLUSÃO (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Lúcia Spadarotto luciaspadarotto.ubt@gmail.com
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Novo Trovador
Tema: CARTILHA (lírica/filosófica) 

Enviar para: 
Marina Caraline    mcacarvalhal@yahoo.com.br
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ÂMBITO ESTADUAL (Estado do Rio de Janeiro) 

Veterano
Tema: ESPERANÇA (lírica/filosófica) 

Enviar para
Regina Rinaldi     ubtpariqueracu@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

1º Concurso de Trovas Cidade de Astolfo Dutra/MG (Prazo: 31 de maio)

A trova deve ser inédita e o tema deve constar no corpo da trova, valem cognatas. 

Máximo de 2 (duas) trovas

TEMA 

Âmbito Nacional 
(Para o Brasil e demais países de língua portuguesa. Exceto Minas Gerais)

– Veterano e Novo Trovador: PLATEIA (lírica/filosófica) 

– Trovas humorísticas: CELULAR

Enviar para:
José Almir Loures jloures67@gmail.com
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Âmbito Estadual

- Veterano e Novo trovador: CORTINA (lírica/filosófica) 

– Trovas humorísticas: DEDO

Enviar para
Jerson Brito jersonbrito.pvh@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

IV Concurso de Trovas Cidade de Curitiba (Prazo: 31 de maio)

ÂMBITO NACIONAL 
(Brasil e demais países de língua portuguesa. Exceto o Paraná)

Veterano: “SAGA” (lírica/filosófica) 

Novo Trovador: “VIAGEM” (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Concursos UBT Curitiba concursosubtcuritiba@gmail.com
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ÂMBITO ESTADUAL
(Somente o Paraná)

Veterano: “SOLIDÃO” (lírica/filosófica) 

Novo Trovador: “VIAGEM” (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Jerson Brito jersonbrito.pvh@gmail.com

– É obrigatório que conste a palavra tema no corpo da trova, aceita-se a utilização de palavras cognatas, bem como flexões nominais e verbais.

Modo de Envio:

Máximo de 2 (duas) trovas por participante, inéditas e de autoria do próprio Concorrente:

Não serão aceitos anexos. 

As trovas, bem como, a categoria pela qual concorre o trovador deverão constar no corpo do e-mail.

É obrigatória a informação pelo participante, sob pena de desclassificação, do nome e endereço postal completo (inclusive CEP, Telefones e e-mail se houver).

Maiores informações pelo e-mail: ubtctba@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

Concurso Nacional de Trovas Centenário Carolina Ramos (Prazo: 30 de junho)

TEMA: Trovas líricas e/ou filosóficas: “PRINCESA”, não havendo necessidade de citação do motivo da comemoração, nem do nome da trovadora homenageada.

máximo de 2 (duas) trovas por participante, inéditas e de autoria do próprio concorrente

– CATEGORIAS: -Veterano /Novo Trovador

– ENVIAR PARA: 

ubtnacionalconcursos@gmail.com

Não serão aceitos anexos.

As trovas, bem como, a categoria pela qual concorre o trovador deverão constar no corpo do e-mail.

É obrigatória a informação pelo participante, sob pena de desclassificação, do nome e endereço postal completo (inclusive CEP, Telefones e e-mail se houver).

Para quaisquer informações complementares deve-se usar o email: ubtnacional.1966@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

Concurso de Trovas de Taubaté-SP (Prazo: 30 de junho)

NACIONAL / INTERNACIONAL
(Trovadores do Brasil e do mundo, exceto Estado de São Paulo):

Veteranos, Novos Trovadores e Mestres da Trova
Tema: ALIMENTO (lírica/filosófica) 

Enviar para 
Raul Filho ubttaubateconc@gmail.com
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ESTADUAL 
(Trovadores do Estado de São Paulo, exceto Taubaté)

Veteranos e Novos Trovadores

Tema: IMENSIDÃO (lírica/filosófica) 

Enviar para 
Raul Filho ubttaubateconc@gmail.com
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MUNICIPAL 
(Taubaté/SP)

Veteranos e Novos Trovadores

Tema: "FAZER O BEM" ou "CARIDADE" (lírica/filosófica) 

HUMORÍSTICA
(Todos trovadores independente de categoria, inclusive Mestres da Trova em Humor)

Tema: CADEIA

Enviar para 
Raul Filho ubttaubateconc@gmail.com
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- Máximo de 2 (duas) trovas por participante para todas as categorias;

- Valem palavras derivadas, cognatas e mesmo somente a ideia do tema contida na trova; a trova deve ser inédita, escrita em língua portuguesa e de autoria própria; proibido plágio; evitem ditados populares e citações;

MODO DE ENVIO:
- É obrigatório que o trovador indique se é Novo Trovador, Veterano ou Trovador Mestre (no corpo do e-mail);

No campo Assunto colocar: Concurso de Trovas de Taubaté 2024;

- No corpo do e-mail são dados obrigatórios: o tema a que concorre, a trova, se é Veterano, Novo Trovador ou Mestre da Trova) e a identificação (nome - como sairá no certificado caso classificado - endereço completo com CEP, telefone/whatsApp e e-mail);

- Os Mestres da Trova (título outorgado por Taubaté desde 2015) serão comunicados individualmente; para conhecimento acerca dos critérios para a obtenção do Título de Mestre da Trova, bem como aqueles que atualmente compõe o Quadro de Mestres da Trova (L/F ou H),
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Fonte: Boletim os Trovadores

XXIII Concurso de Trovas do Clube dos Trovadores do Seridó/RN (Prazo: 30 de junho)

 A trova deve ser inédita e de autoria do próprio Concorrente. 

A palavra tema deverá constar no corpo da trova. 

No máximo 1 (uma) trova.

ÂMBITO NACIONAL/INTERNACIONAL (exceto Rio Grande do Norte)

Veteranos e Novo Trovador
Tema: RUMO (S) (lírica/filosófica) 

Deverá haver menção à categoria (veterano ou novo trovador);

Enviar para:
Francisco Ribeiro    franciscoribeiro.natal@gmail.com
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ÂMBITO ESTADUAL (Estado do Rio Grande do Norte)

Veteranos e Novo Trovador
Tema: RUMO (S) (lírica/filosófica) 

Enviar para: 
Jerson Brito jersonbrito.pvh@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

Concurso de Trovas de Natal (Prazo: 30 de junho)

A trova deve ser inédita e de autoria do próprio Concorrente. 

A palavra tema deverá constar no corpo da trova. 

No máximo 1 (uma) trova.

NACIONAL/INTERNACIONAL E ESTADUAL 

Tema: LENÇO(S) (lírica/filosófica) 

NACIONAL/INTERNACIONAL E ESTADUAL 

(Humorística): PALPITE(S)

Neste concurso, excepcionalmente, é vetado ao novo trovador participar em humorismo.

Nacional/Internacional, enviar para: 
Magnus Kelly magnuskelly@yahoo.com.br

Estadual, enviar para:
Jerson Brito jersonbrito.pvh@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

52º Jogos Florais de Niterói / RJ (Prazo: 31 de julho)

A trova deve ser inédita e o tema deve constar no corpo da trova, valendo cognatas 

Máximo 1 (uma) trova.

TEMAS:

NACIONAL / INTERNACIONAL 
(para o Brasil e demais países de língua portuguesa, exceto o Estado do Rio de Janeiro).

Veteranos: PANORAMA (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Renato Alves rajesy@hotmail.com

Novos Trovadores: TURISTA (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Regina Rinaldi        concursoubt@gmail.com
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ESTADUAL  
(para todos os municípios de Estado do Rio de Janeiro)

Veteranos: PASSAGEM (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Andréa Motta Paredes andreamottactba@gmail.com

Novos Trovadores: TURISTA (lírica/filosófica) 

Enviar para:
Regina Rinaldi               concursoubt@gmail.com
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Fonte: Boletim os Trovadores

sábado, 30 de março de 2024

Ademar Macedo (Ramalhete de Trovas) 20

 

Humberto de Campos (Ferrabrás)

O coronel Otaviano de Meireles, comandante de um batalhão da Guarda Nacional aquartelado em Niterói, era conhecido em toda a cidade pela sua valentia, e, em especial, pela sua intransigência em questões de honra. Casado com uma das senhoras mais formosas do bairro, era tal o pavor infundido pelo seu nome, que ninguém se atrevia, sequer, a levantar os olhos para a sua cara metade. Aquele que tal fizesse, era, na opinião de toda a gente, um homem liquidado.

Foi por esse tempo, e quando mais se acentuava, em toda a praia de Icaraí, a fama da coragem do coronel, que passou a residir na vizinha capital o jovem advogado Dr. Otacílio Fernandes, que não era coronel, nem major, nem capitão, nem tenente, mas fora, sempre, um dos mais famosos namoradores de Niterói. Proprietário do prédio em que o coronel residia, não foi necessário grande esforço da parte do moço para travar amizade com o inquilino; e esta foi tão rápida, e tão sincera, que, uma semana depois, era o Dr. Otacílio convidado para um almoço, no primeiro domingo, na residência do brioso militar.

Chegado o dia, lá estava, na praia de Icaraí, o jovem capitalista. Risonho, amável, dissimulando com um sorriso gentil a austeridade da sua fisionomia marcial, correu o dono da casa ao portão, para receber o convidado e fazê-lo subir até à sala, onde madame já o esperava, obsequiosa e linda, com o rosto a emergir, como uma grande rosa, das espumas de neve do seu elegantíssimo penhoar de linho e renda.

- O Dr. Otacílio Fernandes - apresentou o coronel.

E ao recém-chegado:

- Minha esposa...

Minutos depois, sentados à mesa redonda, em que havia apenas três talheres, a palestra corria jovial, feliz, entre petiscos saborosos e sorrisos significativos, quando o telefone tilintou. Era o procurador do coronel que reclamava a sua presença, urgente, na estação das barcas, para ultimação de um negócio inadiável.

- Diabo! - exclamou o bravo militar. – Tenho de ir, não há remédio!

E virando-se para o capitalista, enquanto desamarrava o guardanapo:

- Esteja à vontade, doutor. É questão de meia hora. Fique por aí; eu não demoro!

E para a esposa:

- Orminda, faze as honras da casa; eu venho já!

Mal o coronel tomou o bonde, duas taças se chocavam no ar, por cima da mesa, festejando ruidosamente aquele encontro, há tanto desejado. E de tal forma foi a saudação, que, ao reentrar em casa, o coronel foi encontrar os dois no seu gabinete, num colóquio de excessiva intimidade. Apanhado em flagrante, o advogado pôs-se de pé, lívido. Apoiado na porta, que empurrara, o coronel encarou-o trovejando:

- Sim, senhor, Sr. Dr. Fernandes!

Pálido, trêmulo, o advogado lembrou-se da fama do coronel, e sentiu que chegara a última hora da sua vida.

- Sim, senhor! - tornou o militar.

E abrandando a voz:

- Você não tem medo de uma congestão?

Fonte> Humberto de Campos. A Serpente de Bronze. Publicado originalmente em 1925. 
Disponível em Domínio Público.

Caldeirão Poético LXXXIII


(Academia Brasileira de Sonetistas Clássicos)

Arlindo Tadeu Hagen

MINHA POESIA

A forma de expressar meus sentimentos
sempre foi através da poesia.
Muito mais do que a fala, a fantasia 
me acompanhou por todos os momentos. 

Lamentei, versejando, os sofrimentos 
e brindei as vitórias na alegria.
Através dos meus versos, sempre atentos,
testemunhei de tudo, dia a dia.

A poesia fez melhor meu mundo
 mais fraterno, bonito e colorido
e deu à minha vida mais sentido.

Entretanto, o meu verso mais profundo 
eu penso que jamais irei fazer
sobre as coisas que eu sinto sem dizer.
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Elvira Drummond

MALÍCIAS DO VERSO…

O verso vem… achega-se discreto, 
de modo tão suave, que sombreia 
as suas intenções, o seu projeto 
de armar, devagarinho, a sua teia.

Um verso tem seu próprio dialeto:  
se tece palavrinhas, em cadeia, 
enrama seu enredo tão completo, 
que alumbra com clarão de lua cheia! 

E, nesse ponto, o verso não espera: 
assume o meu desejo de quimera
e faz de mim refém do coração!  

Entregue, totalmente, ao seu capricho, 
escuto o seu sussurro, o seu cochicho…
é o verso que conduz a minha mão! 
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Fernando Antônio Belino

VINHO E PÃO

Se faço um verso novo, é bom sinal
de que resta comigo uma esperança,
de que a fúria do intenso vendaval
não dizimou meu riso de criança.

Refém do cerco atroz do imenso mal,
a minha lira insiste e não se cansa.
Mantém-se firme, em luta visceral,
contra esse breu que, sobre a luz, avança.

Quando escrevo, a poesia é um gesto forte,
que afasta, da navalha, o agudo corte,
mantendo acesa a tímida alegria.

A escrita é meu alento e minha cura;
é um vinho que me salva da loucura;
é um pão que me alimenta a cada dia!
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Gilliard Santos

RECEITA DE UM SONETO DE AMOR

Em uma folha branca e bem untada
Despeje três porções de inspiração;
Coloque seis colheres de emoção
E mexa bem, de forma graduada...

Ponha de amor três xícaras de cada,
Depois uma pitada de paixão...
A massa, enfim, requer maturação
Para depois no forno ser assada.

Versejar é processo demorado...
Segue regras, qual fosse um algoritmo.
Não é simples o ofício de escritor!

Verso sáfico, heroico, agalopado?
Essa escolha depende do seu ritmo...
E eis um soneto clássico de amor.
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Guilherme de Freitas

PLUVIAL

Malgrado um certo estio repentino,
E, sendo assim, maior que os outros medos,
Alguma gota molha o meu destino,
E um verso a mais me escorre pelos dedos.

De pingo em pingo, as sílabas combino,
E a estrofe me aparece sem segredos,
E após o fim do ciclo de refino,
Encaro o resultado de olhos ledos.

Centelha audaz que sou da luz divina,
Abraço as leis, a forma e a disciplina
Que exige o bom poeta, quando cria...

E desse modo, um vão papel em branco
Se torna o território sério e franco
No qual se faz chover a poesia.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Jérson Brito

NA MEDIDA CERTA

Na construção do verso, a melodia 
é requisito um tanto necessário,
ainda mais se o estilo literário
tiver, na forma, o arrimo que inebria.

Embora existam vozes em contrário,
enxergo plena a verve que se alia
ao regramento imposto e à simetria
usada quando grita o imaginário.

A liberdade dentro da clausura
de sílabas contadas, linha a linha,
reputo valiosíssima conquista.

Se estou também no público, à leitura
procuro dar cadência, nesta minha
audácia de encarnar um sonetista.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

José Rodrigues Filho

O POETA E O JABUTI

No intuito de compor um sonetilho 
Nas redondilhas encontrei as rimas,
Não sendo afeito ao cerne de obras-primas 
Muito hesitei até achar o trilho. 

Zelosamente, afasto o trocadilho...
Procuro não focar em pantomimas. 
Coloco nos quartetos coenzimas 
As quais darão formato ao novo filho. 

Escrevo atento aos passos de um quelônio,
Recém-nascido, um novo patrimônio 
Da natureza excelsa e criadora. 

A inspiração aflora nos tercetos...
Relembro estrofes de outros meus sonetos, 
Concluo a peça desafiadora. 
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Lucília Alzira Trindade Decarli

SONHO DE POETA

Quisera poder, num toque de mão, 
levar ao leitor a excelsa magia
que o faça encontrar, talvez, fantasia, 
mas chegue a sentir repleta emoção! 

Nos versos, proponho haver sintonia
que inspire a compor a "eterna canção".
Debalde, almejar tenaz perfeição, 
se entorna, o poema, obscura avaria...

E, pobre de mim, rabisco e rabisco, 
depois os releio e os versos confisco; 
desejo alcançar a intrínseca meta.

Caneta e papel... perscruto no prisma
a força da luz que excede o sofisma
e volto a escrever... Serei um poeta?
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Ricardo Camacho

ARTE MAIOR

Com muito prazer, estanco a agonia,
Compondo a canção, ilustre poema,
Que eleva a expressão na voz que irradia
Encanto, poder e graça suprema.

Pressinto vencer enorme dilema,
Soltando a emoção no verso, alegria,
Que anula a tensão no próprio fonema
Fazendo nascer o som - Melodia!

Lembrando um tenor, conduzo a cadência
Da composição, no firme compasso,
Que leva o leitor em bela fluência 

Num voo retrô, à prístina essência,
Por meio da mão, da pena e do traço
Com esta versão de própria fulgência!
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Fonte: Recanto das Letras. 25.03.2024

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) – Capitulo 28: Isadora de Pampa e Bahia

A chuva foi embora. O sol voltou a brilhar, e Isadora buscava a aquecer-se sentada no meio da estrada. Seu estado chamou a atenção de um viajante moreno e grisalho. 

- Está precisando de ajuda, moça? – disse ele com um sotaque diferente.

- Sim. Mas não sei bem nem o que dizer ou o que pedir. Quem és tu? 

- Me chamo João, venho de Salvador, Bahia. Sou caminhoneiro. Vim fazer uma exportação.

- Como é lá? 

- Salvador? Ôxe! É um lugar lindo.

Isadora observou o céu, o horizonte, se observou maltrapilha, sem seu amor, sem sua mãe... Olha bem para o rapaz na tentativa de perceber se ele era gente ruim. E num impulso, disse: “– Preciso ir para bem longe. Se puder me levar para tua cidade.” 

- Ôxente, menina, é sozinha no mundo?

Isadora silencia...

- Está bem. Parto de volta daqui duas horas. Se quiser eu te levo. 

- Quero, sim. Mas saiba que sou uma mulher de respeito. 

- Não se preocupe, não vou te molestar, não. Deve tá com fome. Na volta te trago um lanche. 

Depois de muitas horas de viagem, Isadora quebra o silêncio. E conta sua trágica história ao novo amigo. 

O caminhoneiro a escuta com atenção. Isadora adormece. E ele, com delicadeza e respeito, protege a moça do frio com um cobertor. 

Quando chegam em Salvador, Isadora deslumbra-se com o lugar, e a chama da esperança de viver dias melhores reacende seu ânimo. 

- Você precisa de um banho, trocar essa roupa, descansar. Vou te levar na casa de uma grande amiga minha, que vai cuidar disso tudo – disse João. 

A fachada da casa era discreta. E foram bem recebidos por uma senhora bem vestida e simpática.  João logo contou abreviadamente o que havia acontecido com sua protegida. 

- Menina, me chamo Branca. Vem, vou cuidar de você – disse a dona da casa. 

Ao adentrar a casa, Isadora observou que havia muitos cômodos, e conversas no interior das portas... “Aqui é uma pensão?”  – perguntou ela. 

Dona Branca riu...

– Vem, menina, precisa de um banho, comida e sono. Vou te mostrar onde fica o banheiro. E ver uma roupa pra você. Depois conversamos. 

Isadora ficou acomodada no quarto, onde recebeu sua refeição. O quarto era pequeno, mas organizado, limpo e com janela. Ela adormeceu no cair da tarde, até o outro dia. Então, buscou pela dona da casa, e adentrou na sala cheia de jovens mulheres conversando, cerca de umas quinze e suspeitou... Aqui é um...

- Sim. Aqui é um cabaré. Não tão famoso quanto o Bataclan, que é o cabaré mais famoso de Salvador, mas distinto e cheio de amor para oferecer. - disse dona Branca. 

As meninas riram.

- Eu não quero ser uma prostituta. 

- Calma, minha filha. Ninguém vai te obrigar a nada, não. Senta, coma, daqui a pouquinho João vem te buscar. Ele quer te mostrar a cidade. 

- E depois? 

- E depois você volta. Se quiser... 

João, com alegria mostrou a bela Salvador à gaúcha dos pampas, que entusiasmou-se com a beleza do lugar. 

Seus olhos atentos não deixaram escapar os detalhes das paisagens daquela Salvador cheia de novidades... E de pessoas agradáveis, simples e sorridentes.

Estava assustada com o fato de ter ido parar num cabaré. Seu coração ficava apertado de pensar na possibilidade de ter se livrado de um canalha para cair nas garras de vários canalhas iguais ou piores do que o Fábio. Mas as paisagens das ruas dispersaram seus temores. Ao se aproximarem da igreja do Bonfim, cânticos à Iansã lhe tomaram todos os sentidos. E ela sorriu.

 Coro de vozes:
Iansã rainha da terra
Oh, Iansã rainha do mar
Tu és a senhora dos ventos
E dona do seu jacutá...   
 
- É procissão em homenagem à Santa – disse João. 

Muitas pessoas, especialmente mulheres vestindo branco e vermelho, com o peito enfeitado de colares de conta, cercavam o cortejo que levava a imagem de Iansã até Mãe Menininha do Gantois. No terreiro, era dia de homenagem à Santa guerreira dos raios. Mas Isadora não sabia quem era Mãe Menininha e nem do que se tratava "um terreiro". Então, pacientemente, João lhe explicou tudo. 

- Vó Gorda disse que Iansã é minha protetora. 

- Vó Gorda?   - perguntou ele.

- É o anjo protetor da minha morada. 

Quando a procissão se distanciou do cenário que tem como protagonista a bela imagem da Basílica do Senhor do Bonfim, eles entraram no templo e fizeram algumas preces em silêncio. Na saída João lhe comprou uma fitinha do Bonfim, que é vendida num mural do lado de fora da igreja. Instruiu Isadora de como fazer um pedido e amarrou a fita no pulso da moça. 

 - João, estou feliz e muito agradecida com teus cuidados e com a beleza deste lugar, mas estou hospedada numa casa onde as moças ganham o pão de cada dia se prostituindo. Elas me fazem lembrar meu pai que destruiu a família torrando dinheiro com mulheres da rua.

- Não as chame assim. Elas não são mulheres da rua. São simplesmente mulheres. Não sinta raiva dessas moças. A maioria delas não faz programa por gostarem. Muitas até nojo sentem de seus clientes, homens autoritários, bêbados, e que por vezes as agridem fisicamente. Elas são meninas que vêm da extrema pobreza, sem instruções, sem oportunidades... Que para sobreviver, tiveram que escolher entre a vida no crime ou fazer a vida nos cabarés onde foram acolhidas. Parecem alegres, mas no fundo são tristes. Você não será obrigada a nada. E logo vou te arranjar um trabalho bom. Mas agora chega de prosa. Tô com o bucho vazio. Vamos comer um acarajé na barraca da baiana? – disse apontando para uma barraquinha colorida. 

 - Nunca comi, mas pelo cheiro, deve ser gostoso. 

- É uma das delícias da Bahia. 

- Sem querer abusar da tua boa vontade, posso fazer um pedido?

- Pede, moça.

- Me leva ao terreiro da Mãe Menininha? 

- Oxente! Levo, sim – disse espantado. 
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continua...
Fonte: Texto enviado pela autora