TELÊMACO BORBA
Cruz do mudinho
Quando esta cidade ainda era uma criança;
Criança com vontade de crescer
E as casas de madeira começavam a aparecer...
As ruas eram de terra batida, asfalto não havia;
Iluminação era fraca, nas ruas pouca gente saía.
Não havia violência como hoje em dia.
Um vivente aqui apareceu.
Ninguém soube de onde veio, nem quem era parente seu.
Esmolava nas ruas para se alimentar!
Dormia em qualquer lugar!
Era surdo-mudo, não podia falar.
Tinha dificuldade até para andar.
Onde hoje é a Concha Acústica e Rodoviária
Era terreno abandonado
Onde muito lixo até era depositado.
Naquele cruzamento
Certo dia, certo momento,
O mudinho que não escutava
Ali atravessava...
Lá de cima um caminhão sem freio, desgovernado;
Pegou o Mudinho deixando-o no meio da rua
Esmagado
Naquele local, foi fincada uma cruz e uma
minicapela.
Por muito tempo, muita gente, ali até hoje acende
vela
Coisa que aconteceu
E pode acontecer.
Coisa que quem viu
Não pode esquecer.
TIBAGI
Casa mal-assombrada
Dizem que na fazenda Cambará muita assombração aparece. Que, à noite, arrastam-se correntes, batem-se janelas e ouvem-se ruídos estarrecedores. Quando eu era criança ficava tiritando de medo ao ver os mais antigos falarem da casa mal-assombrada. Sei que na outra fazenda ali por perto, quase entrando no município de Ventania, havia histórias de fantasmas. Quando minha mãe era jovem, disse que vinha um homem loiro, alto e belo, oferecer uma panela de dinheiro. Nas fazendas Ipê, Guaricanga, e a do senhor Fernando Taques, muitas coisas estranhas acontecem.
No limiar das fronteiras de Tibagi, o mistério circunda e mete medo. A lenda das casas mal-assombradas já vêm de longe, acompanhada de anedotas de sinhozinhos e sinhazinhas que haviam por aqui.
UBIRATÃ
A lenda da curva da onça
Em 1954, a sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná Ltda. -SINOP, iniciou a colonização desta região. A equipe de engenharia e topografia passava por inúmeras dificuldades, abrindo picadas na mata para chegarem ao local preestabelecido, que denominaram Sauju, ou seja, o espigão mais alto do contraforte da serra do Piquiri, hoje Ubiratã.
Inúmeros obstáculos e dificuldades foram encontrados. Com a ajuda de mais de duzentos homens contratados, construíram acampamentos e um campo de pouso em plena mata virgem.
Foi nesse contexto que surgiu em Ubiratã uma localidade na zona rural, mais especificamente na estrada Caviúna, denominada São Cristóvão. Conhecida popularmente como Curva da Onça, ela era o elo para as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu e a Região sul do país.
O nome se deu, porque diziam existir uma onça naquele local, dado o fato de que este animal tentou apanhar um cachorro dos funcionários do acampamento da SINOP. Os trabalhadores que estavam no acampamento contam que na cabeceira de um córrego, o cachorro, aos latidos, foi arrastado pela suposta onça, mas depois de muito custo conseguiu fugir e voltar ao acampamento, onde recebeu os devidos cuidados.
Logo após o ocorrido foram conferir as pegadas, que realmente pareciam ser de onça. O acontecido foi comunicado ao escritório central da SINOP e técnicos foram até o local, pois os funcionários relutavam em continuar o trabalho de abertura da estrada, temendo novos ataques da onça misteriosa.
O fato é que a onça desapareceu, ninguém nunca mais a viu, mas a história ficou registrada na mente daquelas pessoas e foi contada de pai para filho, chegando até os nossos dias. Este local continua sendo chamado de Curva da Onça.
Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).
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